Em janeiro de 2005, eu fazia planos. Iria morar em São Paulo, estudaria jornalismo na PUC, frequentaria os jogos do meu clube de coração. Estaria bem situado no mercado de trabalho, com estágios desde cedo. Nem o câncer da Meg, minha gata, que a levaria do mundo 3 meses mais tarde, me impedia de fazer planos. E foi embalado nesse ideal que encarei com razoável indiferença o resultado de aprovação no vestibular da Unesp de Bauru. Afinal, "estudar jornalismo só se fosse em São Paulo".
Com a aval da minha mãe, partimos para a metrópole. Fiz a matrícula na PUC, vimos lugar pre'u morar, e nos apalavramos com a proprietária. Voltaríamos dali a dias para assinar o contrato. Estava praticamente tudo certo. Praticamente.
Com a aval da minha mãe, partimos para a metrópole. Fiz a matrícula na PUC, vimos lugar pre'u morar, e nos apalavramos com a proprietária. Voltaríamos dali a dias para assinar o contrato. Estava praticamente tudo certo. Praticamente.
Acontece que por essas reviravoltas da vida (mas que não foi tão reviravolta assim), aquele castelo de planos e ambições para os próximos anos que havia construído na minha mente de repente desabou. A responsável pela tal tragédia foi a notícia dada por minha mãe de que eu não iria mais para a PUC por uma razão bastante simples: grana. Mensalidade de 1000 reais somada às despesas de uma cidade como São Paulo pesariam no orçamento. E, além de tudo, eu havia sido aprovado na Unesp, uma universidade pública e gratuita...
Assim sendo, considerando todos os prós, contras e neutralidades, o aval inicial deixou de existir, e havia uma nova ordem de minha progenitora: teria que rumar pra Bauru, a cidade que não era São Paulo, que não ofereceria oportunidades de estágio, nem todas as infinitas opções de entretenimento e lazer que a capital paulistana oferece.
Confesso que chorei feito criança contrariada aqueles dias.
Assim sendo, considerando todos os prós, contras e neutralidades, o aval inicial deixou de existir, e havia uma nova ordem de minha progenitora: teria que rumar pra Bauru, a cidade que não era São Paulo, que não ofereceria oportunidades de estágio, nem todas as infinitas opções de entretenimento e lazer que a capital paulistana oferece.
Confesso que chorei feito criança contrariada aqueles dias.
Mas como eu era um idiota. Posso fazer essa afirmação hoje, no primeiro dia de 2009, 4 anos após aquele divisor de águas, e com meus dias de faculdade findos. Não é preciso muita reflexão para ter a quase certeza de que jamais haveria de ter passado em São Paulo, onde o tempo é mais escasso e o pão custa mais caro, metade das experiências que gozei, desfrutei, senti e sofri em Bauru.
Imbuído da mentalidade de estágio a qualquer custo, é quase que certo que não teria me envolvido com o movimento estudantil nem com os projetos pedagógicos e de extensão na intensidade com a qual me envolvi na Unesp. Foram estes envolvimentos os responsáveis diretos pela visão de mundo que carrego comigo hoje, fundamental para um jornalista, no meu modo de ver.
É quase que certo também que em São Paulo não teria tido a mesma liberdade de lazer que tive em Bauru, pelo evidente motivo do alto custo das coisas. Teria bebido menos, saído menos, dado menos risada.
E muito provavelmente também não teria conhecido o Russo.
Imbuído da mentalidade de estágio a qualquer custo, é quase que certo que não teria me envolvido com o movimento estudantil nem com os projetos pedagógicos e de extensão na intensidade com a qual me envolvi na Unesp. Foram estes envolvimentos os responsáveis diretos pela visão de mundo que carrego comigo hoje, fundamental para um jornalista, no meu modo de ver.
É quase que certo também que em São Paulo não teria tido a mesma liberdade de lazer que tive em Bauru, pelo evidente motivo do alto custo das coisas. Teria bebido menos, saído menos, dado menos risada.
E muito provavelmente também não teria conhecido o Russo.
Foram justamente as pessoas que conheci o maior tesouro que trago comigo daquelas vastas terras do cerrado. Com algumas das quais construí laços tão sólidos que tenho certeza que ficarão por muito tempo ainda presos. Só de pensar nas conversas, discussões, viagens, músicas tocadas, trabalhos realizados e, principalmente, risadas, as quais tive o prazer de compartilhar com alguns loucos e doentes, só de pensar nisso já me fica claro que são momentos que não voltarão mais.
4 anos dessa convivência fizeram dos meus últimos dias em Bauru mágicos. Mágicos pela única razão de sentir que nos derradeiros momentos até a despedida de todos da cidade, uma espécie de espírito coletivo em comum tomou conta de nosso círculo de amigos. Procurávamos a todo momento estar juntos, fazendo coisas que nunca fizeramos antes. E no abraço de adeus (ou melhor, do "até breve"), lágrimas verdadeiras. Como já disse nesse blog outro dia, o sentimento não era de tristeza nem de felicidade, mas de algo diferente.
Me considero extremamente um cara de sorte por ter seguido pelo Caminho Bauru.
4 anos dessa convivência fizeram dos meus últimos dias em Bauru mágicos. Mágicos pela única razão de sentir que nos derradeiros momentos até a despedida de todos da cidade, uma espécie de espírito coletivo em comum tomou conta de nosso círculo de amigos. Procurávamos a todo momento estar juntos, fazendo coisas que nunca fizeramos antes. E no abraço de adeus (ou melhor, do "até breve"), lágrimas verdadeiras. Como já disse nesse blog outro dia, o sentimento não era de tristeza nem de felicidade, mas de algo diferente.
Me considero extremamente um cara de sorte por ter seguido pelo Caminho Bauru.
Agora cá estou de volta à Rio Claro. Com o plano de ficar 6 meses por aqui, pra tratar decentemente de uma labirintite crônica que me molesta há 2 anos, e que ninguém sabe direito o que é. Voltar pra casa da mãe me dá uma sensação de passo pra trás, confesso, mas, como diria minha vó, "às vezes precisamos dar um passo pra trás pra dar dois à frente".
E segue a vida.
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PS: Postagem dedica aos amigos que fiz em Bauru, aos quais só tenho a agradecer.