É engraçado, de achar graça mesmo, ver como algumas pessoas situadas à direita no espectro ideológico insistem em taxar o Lula e seus correligionários do PT com a alcunha de esquerdistas natos, daqueles que rumam de vento em popa em direção ao socialismo de Lênin. Ao meu ver, essa visão distorcida é fruto da apolitização da classe média, que tem como única fonte de informação o PIG. Em raríssimos casos, também pode ser resultado de paranóia e/ou encenação.
Seguindo essa linha, abaixo vai um texto simples, ilustrativo e esclarecedor, tirado do blog do Mino Carta, o melhor analista das relações de poder no Brasil de hoje (na minha modesta porém convicta opinião):
O Estadão e a crise
Liga Jean-Paul Lagarride. De Cingapura. Diz: “Estou muito preocupado”. Logo explica: “O Lula vai dar a grande guinada”. Não entendo, ele vai mais fundo: “Ontem li o editorial do Estadão”. Segue-se o seguinte diálogo.
Eu: Sobre?
Jean-Paul: Sobre as medidas do governo para enfrentar a crise.
Eu: E daí?
Ele: O Lula vai estatizar os bancos. A gente sabe muito bem o que isso significa.
Eu: Não, o governo toma medidas, diria eu, de inspiração européia, britânica, se você quiser.
Ele: Como assim?
Eu: É uma forma de socorro que leva em conta os interesses dos empresários, dos correntistas, da comunidade em geral, ao menos no papel, bem ao contrário do Proer inventado pelos tucanos por ocasião de crises muito, mas muito menores que a atual.
Ele: Mas você tem certeza? O Estadão tem credibilidade, autoridade, tradição. Competência.
Eu: Permito-me evitar qualquer digressão sobre a credibilidade do Estadão.
Ele: Mas os donos, os Mesquita, sempre foram campeões da democracia.
Eu: Pessoalmente, não tenho queixas da família. E entre os patrões que tive até o momento de me tornar inventor dos meus empregos, foram os melhores. Confiaram mais em mim que quaisquer outros. Mas, tenho de ser sincero, a democracia deles não prevê a presença do povo. É a democracia sem povo.
Ele: Quer dizer que o Brasil não está à beira do socialismo marxista-leninista?
Eu: Nunca esteve tão distante.
Ele: Mas o torneiro mecânico...
Eu: (interrompo) O torneiro mecânico é um conciliador nato. Marxista-leninista? Não me faça gargalhar...
Ele: O Estadão o enxerga como revolucionário incompetente.
Eu: Revolucionário sou eu. O Estadão é perfeito para representar aquela classe que não aceita um torneiro mecânico na presidência. De todo modo, não se assuste: os editoriais do Estadão são peças únicas do humorismo verde-amarelo. Como tais têm de ser tratados.
******
Seguindo essa linha, abaixo vai um texto simples, ilustrativo e esclarecedor, tirado do blog do Mino Carta, o melhor analista das relações de poder no Brasil de hoje (na minha modesta porém convicta opinião):
O Estadão e a crise
Liga Jean-Paul Lagarride. De Cingapura. Diz: “Estou muito preocupado”. Logo explica: “O Lula vai dar a grande guinada”. Não entendo, ele vai mais fundo: “Ontem li o editorial do Estadão”. Segue-se o seguinte diálogo.
Eu: Sobre?
Jean-Paul: Sobre as medidas do governo para enfrentar a crise.
Eu: E daí?
Ele: O Lula vai estatizar os bancos. A gente sabe muito bem o que isso significa.
Eu: Não, o governo toma medidas, diria eu, de inspiração européia, britânica, se você quiser.
Ele: Como assim?
Eu: É uma forma de socorro que leva em conta os interesses dos empresários, dos correntistas, da comunidade em geral, ao menos no papel, bem ao contrário do Proer inventado pelos tucanos por ocasião de crises muito, mas muito menores que a atual.
Ele: Mas você tem certeza? O Estadão tem credibilidade, autoridade, tradição. Competência.
Eu: Permito-me evitar qualquer digressão sobre a credibilidade do Estadão.
Ele: Mas os donos, os Mesquita, sempre foram campeões da democracia.
Eu: Pessoalmente, não tenho queixas da família. E entre os patrões que tive até o momento de me tornar inventor dos meus empregos, foram os melhores. Confiaram mais em mim que quaisquer outros. Mas, tenho de ser sincero, a democracia deles não prevê a presença do povo. É a democracia sem povo.
Ele: Quer dizer que o Brasil não está à beira do socialismo marxista-leninista?
Eu: Nunca esteve tão distante.
Ele: Mas o torneiro mecânico...
Eu: (interrompo) O torneiro mecânico é um conciliador nato. Marxista-leninista? Não me faça gargalhar...
Ele: O Estadão o enxerga como revolucionário incompetente.
Eu: Revolucionário sou eu. O Estadão é perfeito para representar aquela classe que não aceita um torneiro mecânico na presidência. De todo modo, não se assuste: os editoriais do Estadão são peças únicas do humorismo verde-amarelo. Como tais têm de ser tratados.
******
Ps1: Reflexo de um conservadorismo da população brasileira, mas, sobretudo, reflexo do "topeirismo" que impera entre seus dirigentes quando o assunto é Comunicação, candidatos dos partidos da dita extrema esquerda são os líderes em rejeição em 12 capitais brasileiras, de acordo com notícia da Folha. Falam tanto em alienação, mas eu fico abismado de ver como militantes destas agremiações também se alienam no mundinho interno de disputa pra ver quem tem a maior pose de revolucionário. Alguns setores do Movimento Estudantil são a maior síntese disso. Gritam muito, fazem pouco, e quando fazem, fazem achando que estão em Maio de 68. Mas isso é tema de um próximo post.