Mercy Zidane: dezembro 2016

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Balanço mercyzidânico


Esses 40 quadradinhos aí de cima representam os 40 posts do caótico 2016, no comparativamente menos caótico Mercy Zidane, que completou dez "temporadas" este ano.

Montando esse mosaico pensei que, por 40 vezes, em 40 dias distintos de 40 semanas diferentes, consegui parar, no meio da correria trabalho-faculdade-vida de 2016 para organizar ideias, batê-las nas teclas, selecionar tudo e apertar delete, reescrevê-las, desenhá-las, desenhá-las de novo, desenhá-las outra vez, ficar satisfeito algumas vezes, noutras nem tanto (mas postar assim mesmo porque não dava tempo), ter feito algumas pessoas pensarem, outras ignorarem, ter aumentado um pouco a baixa mas leal audiência vinda de grandes amigos e poucos desconhecidos (e que me ajuda a pensar num monte de coisas - e talvez, no fim das contas, o blog seja sobre isso de "pensar um pouco").

Comigo as coisas são meio vagarosas, mas, permita-me a modéstia, tenho o vício da persistência. Aprendo há dez anos as dificuldades e as delícias de escrever e, há dois e meio, me aventuro na muito mais penosa tarefa de desenhar. Acho que os processos estão me abrindo novas possibilidades de pensar e de materializar (ou virtualizar) coisas que brotam da cachola.

Obrigado a quem abriu qualquer página deste blog ao longo do ano (desde que você não seja um bot). Mais posts desconexos o aguardam em 2017.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

As capivaras da marginal



 Plataforma da linha férrea da marginal Pinheiros. Na estação Vila Olímpia, às vezes o trem chegava capenga, sem metade dos vagões. Densidade que fazia o frio mais rigoroso virar calor insuportável por debaixo das camadas de blusas e cachecóis. Por alguns quilômetros de linha quase reta, o inferno no inverno só acabava se a massa toda decidisse debandar, ou se ela te deixasse ser expelido (um pedido de licença costumava não bastar).

Subir as escadas com mochila nas costas para atravessar a ponte. Dava até para esquecer do fedor do esgoto desaguado no leito, com garrafas, pneus e um tanto de espuma boiando, e caminhar olhando o pôr do sol no horário de verão com um sorrisinho no rosto enquanto os carros engarrafados buzinavam e o fone de ouvido concentrava a mente em John Lennon cantando "Oh Yoko".

Esse cenário deslumbrante, típico da Zona Oeste de São Paulo por volta de 2010, só ficaria completo com as capivaras, que saíam do "mar de merda", que na verdade é um rio, e descansavam nas bordas, chocando as crianças nos bancos de trás dos automóveis - elas provavelmente nunca tinham visto animais maiores que cachorros. Muita gente nas cumbucas de metal nem notava os bichos, nem pensava em como esses ratões podiam sobreviver a tanto, a tanto... São Paulo.

Se nós não pensávamos nelas, elas certamente não estavam preocupadas conosco. Eu seguia meu caminho, sem sofrer pela falta de afeto das peludas, pegando ônibus, aulas-ônibus (cheias de pessoas com fisionomias de passageiros cansados, como disse um camarada), voltando tarde, e não me lembrava de procurar na Wikipedia sobre esses animais tão simpaticamente chocantes: nadando na merda com fofura, respirando poluição com tranquilidade. Tão parecidos conosco.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O que Game of Thrones tem a ver com a política brasileira dos últimos meses?

Imagem: Adriano Kitani / divulgação

 Mesmo que você nunca tenha assistido a um episódio sequer da famosa série gringa (que é adaptada de livros de George R. R. Martin), já deve ter ouvido falar de sua trama recheada de disputas pelo poder, violência, conchavos entre lordes e por aí vai. No Brasil, coisas do tipo têm ocorrido com mais frequência desde a segunda eleição de Dilma, que acabou "impichada", não é verdade?

"Sim, só que isso eu já sabia". Ok, mas duvido que você faça relações tão sagazes quanto as que estarão presentes na história em quadrinhos Jogo do Trono de Pau-Brasil, de Adriano Kitani e Enio Lourenço.

Os dois estão fazendo um financiamento coletivo no Catarse para materializarem a ideia em HQs de 24 páginas, coloridas, em formato A4. Por apenas 20 mangos você recebe a revista completa na sua casa. Também é possível doar valores diferentes, com bonificações variáveis de acordo com o montante.
 
A dupla já fez outro trabalho do tipo recentemente, com uma HQ muito reveladora sobre refugiados haitianos no Brasil, publicada no site da Agência Pública.

Eu editei com os caras um booktrailer (justamente um trailer sobre o que você vai encontrar no livro) para ajudar na divulgação. Dê uma olhada e adquira o seu exemplar clicando aqui.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Precarization #03 - Reforma da previdência

 Não tá fácil ser trabalhador no Brasil, ainda mais com o absurdo projeto de reforma da previdência proposto pelo governo de Temer, que, caso aprovado, obrigará o contribuinte a trabalhar 49 anos para ter aposentadoria integral.

Para ver os números um e dois do Precarization, clique nos links. Para o ver a charge acima em alta resolução, clique nela.