"Matamos o tempo, o tempo nos enterra"

domingo, 9 de março de 2008

"Matamos o tempo, o tempo nos enterra"

Na época do meu colegial, quando as pessoas ainda usavam o ICQ para se comunicar, havia uma garota com a frase título deste post do "About" de seu programa de mensagens. Nunca troquei muita idéia com essa menina, mas a frase sempre ficou na minha cabeça. Provavelmente pelo impacto e pela difícil compreensão que eu tive no primeiro contato.

Mas não tem coisa mais certa. Enquanto vivemos soberanos, o tempo vai nos comendo pela beiradas.

Natural, afinal, aprendemos na escola que os homens nascem, crescem, reproduzem-se e morrem (apesar de não nos explicarem o sentido da vida).

É, mas e depois que se morre? As pessoas ficam com saudades, guardam suas fotos, seus ensinamentos. Só que o tempo vai passando sorrateiro até que os indivíduos que te estimam também vão morrendo, assim como os filhos deles, sucessivamente.

Eu, hoje conhecido como o Alberto, vulgo Suzano, filho da diretora do Batista Renzi, estudante de jornalismo da Unesp, diretor da web-rádio, etc, serei absolutamente nada. Talvez sobre alguma coisa, assim como o retrato do meu bisavô (também chamado Alberto) que está em cima da estante, na casa da minha avó. Uma mera foto (que será devorada pelas traças) e algumas histórias que vão se perder.

O tempo vai te enterrando até que não sobrem lembranças. As herenças que você deixou, não serão reconhecidas como suas.

Mas pensando pelo lado bom, elas estarão presentes de alguma forma nos seus descendentes, como reflete Arnaldo Antunes, na música Cabimento. Se tiver um tempinho, escute, afinal, são só 3 minutos.


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Metalinguagem: a inspiração deste post partiu do livro Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo.