"Abolição" da escravidão

segunda-feira, 23 de junho de 2008

"Abolição" da escravidão

Tive vontade de postar sobre isso depois da última terça-feira, em que toquei no Cupim Grill, em Bauru, com os Mutretas, numa festa junina fechada. O preço da portaria era de 2 reais.

Ao final da apresentação, uma senhora negra que trabalhava no local, trajada com vestido preto e touca branca na cabeça, apanhou uma grande bacia com pipoca e começou a servir a galera que estava dentro do bar.

Uns agradeciam a mulher, outros só pensavam na pipoca, mas as roupas meio antiquadas que a senhora vestia, misturado com o ato de servir os universitários fez com que eu sentisse um baque.

Na hora, lembrei-me do filme "Quanto Vale ou é por Quilo?", de Sérgio Bianchi, em que crianças negras vão gravar um comercial televisivo para uma ONG e são guiadas por uma mulher branca. De repente, há um flash e os meninos e meninas são mostrados com máscaras e correntes na cabeça, lembrando a época da escravidão.

Foi assim que me senti ao ver aquela mulher, como na época da escravidão. A negra servindo os brancos.

Esse flash bateu em mim por um instante e, mais nitidamente, vi como as coisas mudaram pouco nos últimos 120 anos. Mesmo estando em um momento de confraternização, confesso que me senti um pouco mal.

É por isso que o movimento negro rechaça o 13 de maio (dia da assinatura da Lei Áurea). O dia mais simbólico é o 20 de novembro (dia da Consciência Negra), com origem na luta de Zumbi dos Palmares.
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Metalinguagem: postagem curta, pois foi feita na madrugada.