sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
"Bonzinhos"
A mídia e a imprensa foram unânimes em aplaudir as iniciativas dos dois jogadores, alegando que "se os governantes não fazem nada, alguém tem que fazer", "são exemplos para a sociedade", "eles ganharam dinheiro e estão devolvendo para a comunidade".
Concordo que qualquer ato de ajuda aos mais necessitados é louvável num país de desigualdades tão grandes como o Brasil.
Mas estamos na era do futebol como negócio. Dizer que Ronaldinho e Edmílson são bonzinhos é sinônimo de ingenuidade.
Em primeiro lugar, o nome das centros educacionais levam estampados (com letras garrafais), em suas fachadas, os nomes dos "heróis". Se eles são companheiros de clube, por que não uniram forças e fizeram um único centro com sede em dois lugares? Ou melhor, por que não se aliaram a Raí e Leonardo na Fundação Gol de Letra para poderem atingir mais do que cerca de 3 mil crianças, somando as duas cidades?
Projetos de extensão da minha universidade, que contam com verbas mil vezes menores, conseguem atingir mais do que 3 mil pessoas.
Por que chamaram toda a imprensa? Porque não são bobos. A imagem deles está em jogo, ainda mais com a fama de "bonzinhos" que vão passar a ter.
A grana que esses caras gastaram para fazer centros como esses não é nem um décimo do que eles vão ganhar com os comerciais que vão fazer em decorrência desse ato de benevolência.
Sem contar que ambos jogam no Barcelona e são patrocinados pela Nike, que, como todos sabem, explora mão-de-obra barata (muitas vezes infantil) em países asiáticos.
O ex-jogador Élber (que defendia o Cruzeiro) sempre ajudou uma instituição na sua cidade Natal, Londrina. Ele desenvolveu projetos com os clubes europeus pelos quais passou para que eles ajudassem a instituição (que não se chama Centro Élber ou algo do tipo) e pediu colaboração da prefeitura local.
Élber não chorou, não chamou toda a mídia mundial, não fez comercial, não foi para a Copa.
Mas ele sim, fez sua parte.
Ronaldinho e Edmílson também estão fazendo suas partes: estão ganhando dinheiro.
Primeras impresiones
Montevideo eh puta, mas uma puta cidade linda. Predios antigos conservadissimos, mesclado com construcoes modernas. Tudo muito limpo e como ja disse, conservado. Nada de transito infernal, o negocio parece fluir muito bem - apesar de estarmos no verao, periodo em que a cidade fica mais vazia segundo o que li.
A Ciudad Vieja eh puta lugar animal, com varios barzinhos e predios super antigos. A Plaza da Independencia que marca a entrada da Ciudad Vieja tem uma puta estatua gigante de San Artigas, heroi nacional, num cavalo. Puta coisa linda.
Falando em praca, isso eh outro fator positivo. Montevideo tem varias pracas, todas muito bem conservadas e aconchegantes. Soh ontem vi umas cinco, sendo que em uma delas eu parei pra ler e jogar meu diabolo. Isso que eh planejamento urbano.
As pessoas de Montevideo tambem sao muito mais bonitas que no Brasil, pelo menos em Sao Paulo. Pode parecer uma especie de racismo de minha parte, mas acho que isso se deve pela baixa misceginazacao da populacao, nao sei.
A noite, na avenida 18 de Julio (tipo a Paulista de SP soh que menos movimentada) rolou um desfile. Perguntei pra uma mulher do que se tratava e ela disse que era um desfile de carnaval pra jovens, e que o carnaval pros adultos acontece em fevereiro. Pois bem.. nunca vi nada tao tosco e desconexo. Eram varios blocos de criancas e adolescentes pintados e fantasiados, separados por uns 50 metros um do outro. Cada bloco tinha seu proprio carro de som. Havia um bloco que tocava bateria em ritmo de samba, outro de um pessoal pintado e batendo palma e tentando animar as pessoas qeu assistiam, outro de um pessoal com lacos, sempre com uma coreografia tosca e sem graca. Sei la, a parada durou bastante, tipo umas 4 horas. Tinha uns 50 blocos. Mas muitoo, muito tosco, desconexo, sem ritmo e sem graca. Mas a galera curtia.
Encontrei uma brasileira na lan house depois que tambem achou o desfile tosco. Era engracado ver o pessoal tocando samba sem ritmo e as menians dancando samba rebolando sem nenhuma ginga. Eh ai que voce lembra do Brasil e nota que o que parece normal pra voce eh na verdade de melhor qualidade
Uma coisa foda pra mim nesses primeiros dia eh na hora de se comunicar. Sempre preciso pedir pra pessoa repetir mais devagar, as vezes ate mais de uma vez. Isso incomoda muito, mas eu tenho nocao de que o processo eh assim mesmo. Uma situacao inusitada aconteceu durante esse desfile. As bordas das ruas eram todas contornadas de cadeiras, onde o pessoal sentava. Eu peguei e sentei tambem. Dai passou 3 homens com papeis na mao falando com as pessoas. Eu achei que eram vendedores e quando eles falaram comigo, eu apenas disse "no tengo (dinheiro)". O cara entao me mandou sair da cadeira, soh que eu nao entendi, e peguei uma cadeira qeu tava no chao e coloquei na calcada. Dai ele fez uma cara de bravo e veio falar mais de perto comigo. Eu vi que tinha algo errado e perguntei se eu nao podia sentar ali. Ele disse que era preciso pagar pra sentar. Fiz a classica cara de bunda e sai fora.
Nao vejo a hora de comecar a fazer as aulas de espanhol que vim pra fazer, pra ver se meu espanhol deslancha. Acho que as comecarei a partir soh do dia 2. Ateh la, creio que continuarei a levantar as 14h, assistir CNN espanhol, andar pela 18 de Julio e brincar com meu diabolo nas pracas de Montevideo.
Em breve, fotos e videos ein.
A fama e o dinheiro
Sempre que se fala da Globo na universidade surgem ataques tão pesados que acabam perdendo a credibilidade e se transformam em teorias conspiratórias; e, na mesma medida, estudantes que estão no jornalismo por status e não com algum interesse de informar bem a sociedade e que defendem o canal com unhas e dentes.
Se o cara escolheu jornalismo, ele tem que ter uma noção de que não é uma profissão qualquer. Influencia diretamente a vida das pessoas.
Não há problema nenhum em trabalhar na Globo se você não se sentir ferido ou humilhado pela linha editorial de alguma forma. O problema é que 50% dos ingressantes do curso e jornalismo querem ser William Bonner e Fátima Bernardes.
A fama e o dinheiro podem ser conseqüências do trabalho realizado em alguma empresa, mas não o intuito do jornalista.
Chamem-me de utópico, mas se você quer ser rico e famoso, vá ser ator (da Globo, de preferência), não jornalista.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2006
Mais do que generalizações
A primeira delas é o livro "Capão Pecado" de Ferréz. Não vou fazer considerações sobre o estilo do autor, sobre o modo como ele faz a narrativa ou sobre o jeito que ele escolheu para construir seus personagens, pois, independentemente dessas questões, o livro deixa você pensando sobre a periferia e a merda toda que acontece por lá.
Capão Pecado traz várias histórias de pessoas que moram em Capão Redondo, sempre rodeadas de assassinatos, drogas, bebidas e sexo.
A segunda obra é o filme "Edukators". Também não vou me ater a detalhes do filme. Basicamente se trata de 3 jovens que têm atitudes revolucionárias contra o sistema.
Qual é a relação entre eles? O "Capão Pecado" ataca a classe média. No livro, parece que o povo da periferia tem um ódio tão grande dos playboys que não sonha em chegar em um nível social igual ao deles, parece que a grande vontade dos pobres é vencer a disputa com os playboys, exterminá-los.
Em "Edukators", os jovens revolucionários têm o mesmo preconceito descrito no livro de Ferréz, só que com relação aos ricos. Após seqüestrarem um milionário, eles começam a conviver com ele e enxergam o ser humano que vive por baixo dos milhões de euros.
Ferréz tenta sempre mostrar que a maioria do pessoal da periferia é gente boa, mas generaliza totalmente em relação à classe média. Tem muita gente querendo ajudar os mais necessitados? Tem. Assim como tem muita gente que só quer ganhar dinheiro.
Também é comum entre os jovens de classe média que querem mudar alguma coisa ter ódio mortal dos mais ricos. Assim como Ferréz, esquecem-se de que existem seres humanos.
Óbvio que a tática do crime organizado não respeita os seres humanos. Eles querem mesmo é deixar os "cidadãos de bem" totalmente desnorteados, para que não tenham a menor segurança e o medo se espalhe.
Mas em época de ataque a inocentes é bom um alerta para evitar preconceitos contra pobres (dizem que a culpa da onda de violência é deles) e contra os ricos (a elite branca de Lembo). Sabemos que essa questão é bem mais complexa do que as generalizações.
Uruguai
O hotel onde estou é podre, mas bem podre, mas nem sofro. Depois vou postar umas fotos e uns videos aqui.
Bom, vou dar um role, depois escrevo mais daqui.
domingo, 24 de dezembro de 2006
Há alguns anos...
Neste mesmo dia 24 de dezembro, só que há alguns anos, eu passei o natal na companhia de meus parentes que moram em São Paulo. Fizemos a ceia na casa dos meus avós paternos, no bairro do Bosque da Saúde.
Como toda a criança de classe média do sexo masculino, nascida em meados dos anos 80 e "educada" pela televisão, eu era viciado em seriados japoneses.
Changemen, Flashmen.... e, obviamente, Jaspion.
Talvez por "lutar contra o mal" sozinho, ele despertasse mais admiração em mim do que os demais seriados.
Nos intervalos comerciais havia propagandas de brinquedos do Jaspion.
Máscaras, uniformes, bonecos, quebra-cabeças, etc... mas uma coisa me fascinava de maneira especial: a espada.
Na minha cartinha ao Papai Noel, portanto, constavam a espada e o boneco.
Chegou o grande dia. Minha família e eu nos deslocamos para a casa dos meus avós. Eu, minha irmã e minha prima ficamos esperando a tarde inteira pelo momento em que, de noite, o Papai Noel chegaria e entregaria os nossos presentes.
Depois da ceia, os adultos nos convenceram a esperar pelo bom velhinho no quarto, com a porta fechada. Concordamos.
De repente ouvimos barulhos externos. Fomos correndo até a porta de entrada da casa. Os presentes estavam lá! O Papai Noel realmente trouxe os presentes!
Enaquanto eu abria meu primeiro presente (um aleatório binóculos do Rambo), meu pai e meu tio chegaram da rua surpresos. Justamente na hora em que eles saíram o Papai Noel passou.
Havia um grande pacote! Só podia ser, tinha que ser... e era! A espada!!!
Não era uma espada comum, ela brilhava no escuro! Então os adultos decidiram apagar todas as luzes para que eu tivesse meu momento de glória com minha espada.
"Vai Albertinho! Liga a espada!", disse minha mãe.
Eu liguei, apertei o botão. Contemplei o brilho vermelho das bolinhas precorrendo toda a superfície plástica da espada. Era mágico!
Os adultos gritaram, fizeram festa e eu fiquei muito feliz. Por mim eu deixaria a luz apagada para sempre, mas os adultos acenderam a lâmpada.
Tirei o dedo do botão. Olhei para a espada. As luzes continuavam a piscar. Apertei, tirei o dedo de novo e as luzes continuavam a piscar.
"Albertinho, pode desligar a espada", disse minha mãe.
"Não dá", respondi com uma voz meloncólica, já beirando o choro. Não podia ser, o presente quebrou no momento em que eu brinquei com ele pela primeira vez! Será que eu apertei com força? Será que já estava quebrado? Será que tinha conserto? Por via das dúvidas, abri o berreiro no mesmo instante.
Do céu ao inferno no simples apagar e acender das luzes.
Foi triste, mas foi marcante. Eu tinha 5 anos.
sexta-feira, 22 de dezembro de 2006
No trem
Finalmente voltei para minha cidade natal, cujo nome é idêntico ao meu apelido em Bauru: Suzano.
Para ir de Bauru para Suzano é preciso pegar o ônibus Bauru-São Paulo, depois andar de metrô da estação Palmeiras/Barra Funda até o Brás, embarcar no trem até Guaianazes, fazer baldeação para outro trem, para, finalmente, chegar à cidade das Flores (é o apelido da minha cidade).
Como peguei o ônibus de Bauru para São Paulo às 5 da tarde, imaginei que não haveria muitas pessoas na estação, o que seria perigoso.
Porém, como viajei no dia 21 de dezembro, muitas pessoas estavam fazendo compras de Natal na capital paulista.
Entrei no segundo vagão do trem.
Já havia me esquecido como uma sardinha enlatada se sente.
Eu, com uma enorme mala pesada e com uma mochila igualmente repleta, estacionei no meio do vagão. Não havia muito espaço.
Tive que “montar” na minha mala para dar lugar às várias pessoas que entravam no vagão.
Como a viagem é longa, resolvi ler o livro que levava na mochila. O Vampiro de Curitiba, de Dalton Trevisan (o tio do Marlon).
Muitas pessoas conversavam, outras reclamavam do aperto, um grupo de meninas falava alto, gritava o nome de um tal de Dodô e gargalhava.
Eu já estava com vontade de mandar as meninas calarem a boca.
Reparei que eu cutucava as costas de duas pessoas com a capa dura do livro. Pedi perdão.
Bom, percebi que minha mala, minha mochila e a capa dura do meu livro poderiam estar incomodando mais do que os gritos de gralha das meninas.
Continuei a ler.
O trem parou na estação Corinthians/Itaquera. Mais gente entrou.
Eu me espremi mais ainda. A tendência era piorar.
Um sujeito, que entrou no vagão naquele instante, observou a difícil situação de todos e soltou a pérola que me fez dar uma gargalhada e ficar com um sorriso até chegar em Suzano:
“Mas que povo unido!”
terça-feira, 19 de dezembro de 2006
Absurdo
Mas, mesmo entre eles, existe uma unanimidade.
Todos dizem: "Vocês têm que ler!"
Isso é óbvio, mas é função deles nos incentivar.
Terminou o semestre e eu fui alugar alguns livros na biblioteca, já que pretendo escrever um projeto de iniciação científica nas férias para tentar enviá-lo à FAPESP; e também queria ler alguma literatura.
Para minha surpresa, o pessoal da biblioteca fez uma coisa, no mínimo, absurda.
Eles cancelaram a renovação pela internet!
Justamente nas férias! No período em que temos mais tempo livre para ler!
Ou seja, se você quiser alugar um livro durante as férias, você precisa ir até a biblioteca com o livro e sua carteirinha. Impossível.
Eles alegaram que alguns alunos estavam fraudando o sistema.
Tudo bem. Eles precisam arrumar o sistema.
Mas precisava ser justamente na época em que todo mundo tem tempo para ler?
Como disse o Daniel Gomes, neste artigo enviado ao Jornal da Cidade, a biblioteca travou todo o tipo de pesquisa na Universidade.
Por causa de meia dúzia de inconseqüentes (os que fraudaram o sistema) o pessoal da biblioteca ferrou a Universidade inteira.
Palhaçada.
quinta-feira, 14 de dezembro de 2006
De moralismo isso não tem nada
Depois de inúmeras acusações e evidências de compra de votos de parlamentares, depois de milhões de reais em verbas públicas desviados da Saúde, depois de vários acordos políticos pra salvar deputados suspeitíssimos, depois de tanta corrupção trazida à tona (já que antes ela ficava mais escondida), eis que:
Câmara e Senado fecham acordo para elevar salários para R$ 24.500
Nada mais, nada menos que um aumento de 91% nos salários dos deputados federais e senadores, que eram de R$12.847,00. Não foi nem correção inflacionária não, foi aumento real mesmo.
Parafraseando Heloísa Helena, senadora do PSOL, único partido que foi contra à essa manobra, "é preciso muito óleo de peróba mesmo pra esse pessoal".
Segue abaixo a lista dos caras que votaram a favor do aumento. Depois procuro a justificativa utilizada por eles e posto aqui.
Aldo Rebelo (PC do B-SP)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Jorge Alberto (PMDB-SE)
Luciano Castro (PL-RR)
José Múcio (PTB-PE)
Wilson Santiago (PMDB-PB)
Miro Teixeira (PDT-RJ)
Sandra Rosado (PSB-RN)
Coubert Martins (PPS-BA)
Bismarck Maia (PSDB-CE)
Rodrigo Maia (PFL-RJ)
José Carlos Aleluia (PFL-BA)
Sandro Mabel (PL-GO)
Givaldo Carimbão (PSB-AL)
Arlindo Chinaglia (PT-SP)
Inácio Arruda (PC do B-CE)
Carlos Willian (PTC-MG)
Mário Heringer (PDT-MG)
Inocêncio Oliveira (PL-PE)
Demóstenes Torres (PFL-GO)
Efraim Moraes (PFL-PB)
Tião Viana (PT-AC)
Ney Suassuna (PMDB-PB)
Benedito de Lira (PL-AL)
Ideli Salvatti (PT-SC)
quarta-feira, 13 de dezembro de 2006
A Saga do Google
Pois bem, como eu disse num coment, o professor não aceitou o abaixo assinado e nós fizemos os trabalho.
Para conferir o resultado final do trabalho do meu grupo, basta clicar aqui.
domingo, 10 de dezembro de 2006
Domingão, ler jornal.
Agora com as férias de volta, voltei com um dos meus hábitos preferidos: ler jornal. Domingão, eu, como sempre, lendo o caderno de Esportes em primeiro, topo com a coluna semanal de Juca Kfouri. O cara sempre manda bem nos seus textos, sou leitor assíduo de seu blog, mas desta vez o cara foi além. Em pouco mais que 3000 caracteres, teve a a maior sacada crítica que vi nos últimos tempos. Juca mandou tão bem, mas tão bem mesmo, que seu texto mereceu até uma cópia na íntegra neste blog.
É pra ler, reler, e depois passar pros amigos.
Cidadãos de segunda classe
DESCULPE, AMIGO , mas você não passa de um cidadão de segunda classe.
Se não for de terceira. De segunda, certamente, se votou para reeleger o presidente da República, a prefeita de São Paulo, que não levou, e o partido do governador do Estado.
Governador que já escolheu o famoso ninguém para o Esporte, como é tradicional, alguém sem nenhuma ligação com a área, apenas um político, de um partideco. Cidadão de terceira se, além do mais, você for torcedor do Corinthians ou do Palmeiras.
Porque nem os mais elementares de seus direitos como um simples habitante de uma grande cidade são respeitados e você não tem feito rigorosamente nada para mudar tal estado de coisas.
O que permite que se diga que você merece o apagão aéreo, as inundações, a falta de segurança, a falta de gols (no caso de torcer para um dos dois times citados) e a miséria que nos cerca.
Você merece ficar duas horas dentro de um carro, blindado, é claro, para ir do centro ao bairro na hora do pico, ou da chuva. Você colabora, com sua passividade bovina, para as filas intermináveis, o amontoamento de gente (gado?) e a nenhuma informação confiável nos aeroportos, apesar do preço salgado das passagens.
Você que nasceu em berço de ouro, sempre fez todas as refeições, comeu de garfo e faca, foi à escola, particular até o colegial e, quase certamente, à universidade pública, merece, ô se merece. Porque ninguém se indigna, ninguém nem sequer levanta a voz diante de uma "otoridade". Não precisa quebrar nada, mas, ao menos, protestar.
Fazer como, por exemplo, fizeram cerca de 50 mil torcedores do Bahia que tomaram a praça Castro Alves para exigir a renúncia de toda a diretoria do clube. Ou vaiar o cara que você encontra no restaurante.
Lembra do que fizeram os argentinos, não faz muito tempo, quando resolveram dar um basta? Não houve quem esquentasse a cadeira na Casa Rosada. Mas você, você não. No máximo você diz que o Brasil é uma merda, como se isso fosse novidade.
E o presidente da República diz que a saúde pública é nota quase 10; o governador fala que o Estado nunca esteve tão seguro, e o prefeito diz que jamais alguém fez tanto pela cidade, que só de piscinões... Para não falar, é claro, do ministro que garante que o controle aéreo brasileiro é modelar, homem desses que desmoralizam completamente a honestidade.
Ou do presidente do clube que se alia a mafiosos, rompe com eles não pelos melhores, mas pelos piores, motivos e ainda esconde da torcida que a parceria está morta e sepultada, por envenenamento. Ou do ex-presidente que derrubou seu time para a segunda divisão e quer voltar na eleição de janeiro. Desculpe, amigo, mas você de cidadão não tem nada.
De que adianta comprar esta Folha, se informar e, depois, babar? É babar aquela baba bovina a que Nelson Rodrigues se referiu. OK, você pode dizer que o mesmo acontece com este que vos escreve, reação boba, mas natural.
Só que, ao menos, o escrevinhador berra, sangra as mãos na ponta da faca, defende-se na Justiça dos bandidos que ataca. E você faz o quê? Conhece o Estatuto do Torcedor, o Código de Proteção ao Consumidor, o Civil, o Penal? Conhece não. Já leu a Constituição? Seja franco: já leu? Sabe de seus direitos e obrigações? Sabe nada.
Amigo, desculpe, mas você é um cidadão de segunda. Ou de terceira.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2006
A história de como me tornei Bulhões
Na verdade, a idéia não é falar só sobre 'Bulhões', mas também de todos os outros nomes e apelidos pelos quais sou e fui chamado nos últimos 20 anos. O legal é que cada nome remete a uma etapa da minha vida ou a um círculo de convívio diferente.
Começaram me chamando de João Ricardo, logo quando nasci. Era o nome do baterista do Secos e Molhados, segundo o meu pai (ainda bem que não me chamo Ney). Meu pai também logo desde cedo acostumou-se a me chamar de Johnny, mas só quando não era pra dar bronca.
No Bom de Bola, escolinha de futebol onde marcava cada golaço, me chamavam de Joãozinho. Outro dia me chamaram por esse nome de novo, na Unesp mesmo, um camarada de Rio Claro.
Na Inglaterra, 1998, era foda. Som nasal não existe lá. E era um tal de 'joáo', 'joe', jou', zôao'. Mas João que é bom, assim certinho, só o professor de música conseguia mandar.
No Brasil de novo, conheci o Mirc. Meu nick: AirJohnny. E a febre desse programinha de bate-papo se espalhou por Rio Claro. Virei AirJohnny, Air, e Johnny de uma vez só. Mas daí venho o MSN, faliu o Mirc, e agora, de verdade, só o Johnny se consolidou, aquele que começou com meu pai lá na minha infância. Mas o engraçado é que anteontem uma amiga de Mirc em uma festa me chamou de Air, e hoje, um amigo também de Mirc me chamou de AirJohnny. Foi nostálgico.
Passei no vestiba, e na faculdade virei Bulhões, graças a uma imitação minha em uma apresentação de trabalho. Pois em Bauru sou Bulhões, em Rio Claro sou Johnny ou Jão.
E ainda tem o Giovanni da minha vó.
Enfim, a questão é que essa história toda é só mais um dos indícios de que a fase adulta está cada vez mais presente, e a infância, cada vez mais pra trás...
segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
A história de como me tornei uma trave
A camiseta é nova e bonita, por isso tomo bastante cuidado com ela.
Só lavo na mão.
Bom, mas como eu tenho uma enorme preguiça de lavar roupa, eu deixei a camiseta no cesto de roupa suja por cerca de 1 mês e meio.
No último domingo resolvi lavá-la. Como o sol estava forte, ela secou em pouco tempo.
Eu ia ao circo com minha atual namorada. Resolvi usar a camiseta do Palmeiras.
Chegamos ao circo, esperamos na fila e nos acomodamos.
O espetáculo estava muito engraçado. Os palhaços eram muito bons.
Após uma apresentação de trapezistas, os palhaços entraram no picadeiro com roupas de jogadores de futebol.
Pegaram uma bola e jogaram na cabeça de integrantes da platéia.
Foi então que um dos palhaços olhou para o Zé Lele (meu bixo que estava sentado ao meu lado) e mandou ele subir no picadeiro.
Eu murmurei no ouvido da Tati (minha namorada): "Sorte que você trocou de lugar com ele". A Tati não gosta de muita interação com os palhaços.
Quando eu ainda falava no ouvido da minha namorada, ouvi o apito do palhaço.
Olhei para frente. O dedo do palhaço apontava para mim.
Fazer o quê? Fui.
Subi. O palhaço mandou que eu ficasse parado. Ele zuou o Palmeiras (isso era óbvio), pegou uma fita crepe e enrolou meu cabelo inteiro (eu estava com rabo de cavalo).
Então ele levou a fita para o outro lado (onde o Zé Lelé se encontrava) e amarrou o bixo.
Fizemos o papel de trave para as criancinhas chutarem a bola.
Sorte que nenhuma bola bateu na trave.
Fiquei parado, suando, amarrado, zuaram meu cabelo, meu time... mas eu gostei!
Segundo a Tati, eles só me chamaram porque eu estava com uma camisa de time de futebol.
Pode ser.
Pelo menos recebi uma salva de palmas e até um reconhecimento público (um tiozão me cumprimentou após o espetáculo "E ae artista!!")
OBS: O circo é o Roda Brasil.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
...mas como tenho cabelo comprido...
As mulheres passam lápis, blush, chapinha, rímel, brilho e outras mil coisas.
Tenho uma enorme preguiça de fazer a barba mais do que uma vez por semana.
Quando eu vejo que ela já está crescidinha, costumo pensar: "até que ficou bom assim."
Mas, como tenho cabelo comprido, minha namorada disse que eu fico com cara de "hippie".
Se deixo a barba crescer mais ainda, meus amigos dizem que fico com cara de "mendigo".
Então resolvo cortar a barba.
Aí começam a dizer que, como tenho cabelo comprido, fico com cara de "mulher".
Decidi deixar a barba crescer, mas cortar só o bigode.
Mas, como tenho cabelo comprido, fiquei com cara de "metaleiro".
Bom, se eu deixasse só o bigode iriam dizer que tenho cara de "mexicano"; se deixasse as costeletas iriam dizer que tenho cara de "Elvis", se deixasse só o cavanhaque iriam dizer que pareço "gay" e se deixasse só o bode (barba só no queixo) iriam dizer que pareço o Lalas.
Agora, se o meu cabelo não fosse comprido eu não iria parecer com nada disso.
Mesmo assim vocês não me vencerão.
Já disse e repito: não vou cortar o meu cabelo (pelo menos não em 2006).