No trem

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

No trem

Finalmente voltei para minha cidade natal, cujo nome é idêntico ao meu apelido em Bauru: Suzano.

Para ir de Bauru para Suzano é preciso pegar o ônibus Bauru-São Paulo, depois andar de metrô da estação Palmeiras/Barra Funda até o Brás, embarcar no trem até Guaianazes, fazer baldeação para outro trem, para, finalmente, chegar à cidade das Flores (é o apelido da minha cidade).

Como peguei o ônibus de Bauru para São Paulo às 5 da tarde, imaginei que não haveria muitas pessoas na estação, o que seria perigoso.

Porém, como viajei no dia 21 de dezembro, muitas pessoas estavam fazendo compras de Natal na capital paulista.

Entrei no segundo vagão do trem.

Já havia me esquecido como uma sardinha enlatada se sente.

Eu, com uma enorme mala pesada e com uma mochila igualmente repleta, estacionei no meio do vagão. Não havia muito espaço.

Tive que “montar” na minha mala para dar lugar às várias pessoas que entravam no vagão.

Como a viagem é longa, resolvi ler o livro que levava na mochila. O Vampiro de Curitiba, de Dalton Trevisan (o tio do Marlon).

Muitas pessoas conversavam, outras reclamavam do aperto, um grupo de meninas falava alto, gritava o nome de um tal de Dodô e gargalhava.

Eu já estava com vontade de mandar as meninas calarem a boca.

Reparei que eu cutucava as costas de duas pessoas com a capa dura do livro. Pedi perdão.

Bom, percebi que minha mala, minha mochila e a capa dura do meu livro poderiam estar incomodando mais do que os gritos de gralha das meninas.

Continuei a ler.

O trem parou na estação Corinthians/Itaquera. Mais gente entrou.

Eu me espremi mais ainda. A tendência era piorar.

Um sujeito, que entrou no vagão naquele instante, observou a difícil situação de todos e soltou a pérola que me fez dar uma gargalhada e ficar com um sorriso até chegar em Suzano:

“Mas que povo unido!”