Nas eleições de 2006, declarei neste mesmo blog a minha intenção em votar na Soninha pra deputada federal (clique aqui para ler o texto). Então recém-eleita vereadora de São Paulo pelo PT, a ex-colunista de esportes da Folha pleiteava galgar mais degraus em sua carreira política, trocando a Câmara paulistana pelo Congresso.
Dois anos e pouquinho depois, muita água passou pela vida política de Soninha. Ela não conseguiu se eleger deputada federal, trocou de partido no início de 2008, e saiu candidata à prefeita pelo PPS, em outubro último. Derrotada, obviamente, e com o mandato de vereadora encerrado, ainda assim, a apresentadora da ESPN conseguiu se manter na esfera pública. Para isso, teve que se enquadrar nos termos da realpolitik.
Qual foi minha surpresa ao ser confrontado com a notícia de que Sônia Francine assumia a sub-prefeitura da Lapa, responsável por uma das áreas mais extensas de São Paulo, sob a gestão do mais novo ícone do ex-PFL, atual DEM, o prefeito Gilberto Kassab.
Bom, trata-se no mínimo de um translado atípico dentro do tabuleiro político. Pra não dizer suspeito. Alguém que outro dia estava no PT, pouco mais de 20 meses depois se acomodando sob uma coligação chefiada por um partidário do DEM, ex-PFL?
Desnecessário lembrar que o DEM é umas das principais bases das forças mais reacionárias do país, que já abrigou/abriga figuras como ACM e Bornhausen, além de ser hoje a continuação do ARENA da época da ditadura.
E o que eu penso sobre essa estranha escolha? Acompanhando a Soninha há muito tempo, por meio de suas colunas de esporte, de seus programas na ESPN, de seu blog e até de uma palestra sua em que estive presente, duvido bastante que ela faça parte daquela classe política carreirista que busca tão-somente os meios mais fáceis de se alcançar o poder. Creio que, neste caso, ela resolveu optar pela via pragmática, deixando a ideologia um pouco mais de lado. “Vou aproveitar agora que terei certo poder pra fazer alguma coisa do meu jeito”, deve ter pensado.
Entretanto, a notícia me fez lembrar de certa ocasião em que Soninha reivindicava justamente algo semelhante à ideologia pra justificar uma abstenção à votação que definiria o presidente da Câmara paulistana, enquanto seu partido, à época o PT, votaria em bloco. Segundo a então vereadora, se não me trai a memória, o motivo era o de que o candidato em questão era do PP, mesmo partido do Maluf, o que, conseqüentemente, “era um absurdo”. Infelizmente, não encontrei na internet o texto que trata do episódio (o que me faz pensar que ela tenha dito em sua palestra que estive).
De certa forma, ela faz a mesma coisa agora. A não ser que ela ache que o DEM não tenha culpa alguma em cartório nenhum.
*****
Ps1: Não deixe de ver clicando aqui a entrevista que a Soninha concedeu ao Futebol, Política e Cachaça sobre a sua mais nova função de sub-prefeita.
Dois anos e pouquinho depois, muita água passou pela vida política de Soninha. Ela não conseguiu se eleger deputada federal, trocou de partido no início de 2008, e saiu candidata à prefeita pelo PPS, em outubro último. Derrotada, obviamente, e com o mandato de vereadora encerrado, ainda assim, a apresentadora da ESPN conseguiu se manter na esfera pública. Para isso, teve que se enquadrar nos termos da realpolitik.
Qual foi minha surpresa ao ser confrontado com a notícia de que Sônia Francine assumia a sub-prefeitura da Lapa, responsável por uma das áreas mais extensas de São Paulo, sob a gestão do mais novo ícone do ex-PFL, atual DEM, o prefeito Gilberto Kassab.
Bom, trata-se no mínimo de um translado atípico dentro do tabuleiro político. Pra não dizer suspeito. Alguém que outro dia estava no PT, pouco mais de 20 meses depois se acomodando sob uma coligação chefiada por um partidário do DEM, ex-PFL?
Desnecessário lembrar que o DEM é umas das principais bases das forças mais reacionárias do país, que já abrigou/abriga figuras como ACM e Bornhausen, além de ser hoje a continuação do ARENA da época da ditadura.
E o que eu penso sobre essa estranha escolha? Acompanhando a Soninha há muito tempo, por meio de suas colunas de esporte, de seus programas na ESPN, de seu blog e até de uma palestra sua em que estive presente, duvido bastante que ela faça parte daquela classe política carreirista que busca tão-somente os meios mais fáceis de se alcançar o poder. Creio que, neste caso, ela resolveu optar pela via pragmática, deixando a ideologia um pouco mais de lado. “Vou aproveitar agora que terei certo poder pra fazer alguma coisa do meu jeito”, deve ter pensado.
Entretanto, a notícia me fez lembrar de certa ocasião em que Soninha reivindicava justamente algo semelhante à ideologia pra justificar uma abstenção à votação que definiria o presidente da Câmara paulistana, enquanto seu partido, à época o PT, votaria em bloco. Segundo a então vereadora, se não me trai a memória, o motivo era o de que o candidato em questão era do PP, mesmo partido do Maluf, o que, conseqüentemente, “era um absurdo”. Infelizmente, não encontrei na internet o texto que trata do episódio (o que me faz pensar que ela tenha dito em sua palestra que estive).
De certa forma, ela faz a mesma coisa agora. A não ser que ela ache que o DEM não tenha culpa alguma em cartório nenhum.
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Ps1: Não deixe de ver clicando aqui a entrevista que a Soninha concedeu ao Futebol, Política e Cachaça sobre a sua mais nova função de sub-prefeita.