O título deste post foi a pergunta que ouvi de um dos entrevistadores tucanos do programa Canal Livre (que vai ao ar sempre nos domingos à noite) durante uma retrospectiva das melhores entrevistas de 2008.
O entrevistado era Fernando Henrique Cardoso.
FHC pode ser um grande tucano reacionário, mas não é nada bobo. Sociólogo formado pela USP, ele conhece Lula (dos tempos da ditadura) e tem embasamento teórico e de convivência para responder tal questionamento.
O que ele disse foi mais ou menos assim:
"O Lula é senso-comum. Digo isso sem ser pejorativo. Ele tem uma formação católica, acredita que faz o bem. Ele não enxerga o mundo pelo viés da luta de classes. Simplesmente pensa que é possível resolver qualquer problema por meio da conciliação. Para Lula, colocar todo mundo para conversar ao redor de uma mesa e chegar a um consenso é a grande estratégia política".
O pior é que é assim mesmo que ele pensa. Dá para ver isso claramente em alguns filmes, como em "ABC da Greve (sobre as greves do fim da década de 70, no ABC)" e "Entreatos (sobre os últimos dias de Lula antes de tomar o poder como presidente, em 2002)". Até quando opinou sobre o massacre de Israel na Faixa de Gaza, Lula disse que seria bom que todos "sentassem à mesa para conversar e chegar a um acordo".
Não vou me alongar no assunto porque não quero revelar partes importantes dos filmes citados. Mas mesmo não sendo um expert em sociologia e política, sei que existem interesses irreconciliáveis. Tentar conciliar os interesses da classe trabalhadora com os da classe dominante nunca trará os mesmos benefícios para ambas.
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Metalinguagem: já faz um tempo que eu queria escrever sobre isso - o assunto estava quase escapando da minha cabeça, mas consegui trazê-lo e pari-lo