Eu e os animais

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Eu e os animais


Quem me conhece bem sabe que tenho um forte apreço por animais. Mas acho que só eu sei o quanto sou capaz de me sensibilizar facilmente e de sofrer de antevéspera ou no lugar dos outros.

No dia-a-dia, são várias as situações envolvendo animais que me causam baques e despertam o frio na barriga da angústia. É um cão sarnento vagando à própria sorte buscando por comida na rua, um cavalo subindo ladeira acima com uma carroça atada às costas, um passarinho numa gaiola. Ano passado fui ao zoológico e prometi a mim mesmo que seria a última vez.

Pura frescura, né?

Houve um período que, todo mês, ajudava com doações de sacos de ração pra cachorro uma ONG aqui em Rio Claro chamada GADA – Grupo de Apoio e Defesa dos Animais. Eles mantinham um lugar em que abrigavam animais abandonados, sobrevivendo basicamente de colaborações de simpatizantes e de um auxílio da prefeitura. Eu levava a ração na casa da presidente, a Roberta, e, de tantas idas, acabei ficando conhecido dela.

Certa vez, pra um trabalho da faculdade, fui conhecer o abrigo dos animais. Era extremamente modesto, pra não falar precário. Havia cachorro de tudo quanto é tipo, desde pastor alemão furioso até vira-latas brincalhões. Somavam-se dezenas, separados em grades, a maioria bem feinha, resultado das doenças que acompanham um cão abandonado. Também tinha uns cavalos, além de dois leitões, todos sem lugar pra ficar. Se me lembro bem, ainda existia um abrigo de gatos, mas situado em outro lugar que não ali.

Saí de lá extremamente admirado pelo trabalho que era feito, pelo voluntarismo e pela causa, e fazendo um pacto comigo mesmo de me engajar futuramente nisso. Com o tempo, estando baseado em Bauru, acabei perdendo o contato com o GADA e deixei de fazer as doações. Mas agora, de volta à Rio Claro, é um bom momento pra me reaproximar.

Se já sofro com animais que não são meus, me imaginem com os meus. Quando perdi minha gata, a Meg, vítima de um câncer horrível que praticamente a consumiu aos poucos durante oito ardorosos meses, passei por uma experiência extremamente dolorosa. Na verdade, sofri mais com a notícia da doença e da iminência da morte do que propriamente com sua morte. Não houve um dia sequer nesse período em que estive minimamente tranqüilo.

Ontem, quase que vi o filme se repetindo. O motivo foi a Juju, minha cachorra, que resolveu ter uma reação alérgica a uma vacina que acabara de tomar, ficando tão inchada e empipocada de uma maneira que jamais imaginaria vê-la, e nos lançando, eu e minha mãe, a uma correria apreensiva em pleno almoço. Demos-lhe o antialérgico, e rumamos para o consultório da veterinária que dera a vacina, mas cujo celular não respondia às minhas 15 chamadas que fiz incessantemente. Chegando ao consultório, nada de veterinária. A solução foi procurar outra, a antiga, que resolveu o problema com duas injeções.

Agora a Juju está lá dormindo em sua cama, tranqüilamente. Para o bem dela, mas, muito também, para o meu.

*****
acho de uma indiferença desumana, pra não dizer cruel e sádica, o ato de abandonar um animal à sua própria sorte na rua. Quem faz isso sabe que aquele Ser vai passar pelas mais severas privações: fome, frio, sede, dor. Definitivamente, é alguém sem uma polegada de coração.

uma das minhas metas, também fruto dessa minha sensibilidade e discurso, é virar vegetariano. Já tentei algumas vezes, adiei a idéia, sigo adiando-na, mas em breve eu viro, pode apostar.