A questão da paz

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A questão da paz



No reveillon, 90% dos brasileiros passa os últimos minutos do ano com roupas brancas (uns até com partes íntimas dessa cor) no intuito de desejar a paz para toda a população durante os próximos 365 dias. Muitos, quando perguntados sobre o que mais desejam para o ano seguinte, respondem sem pestanejar: "quero muita paz...".

É, meu amigo, mas vamos pensar sob a seguinte perspectiva: você acorda todo o dia às 4h, tem que tomar 3 conduções para ir para o trabalho, onde é explorado mental e fisicamente, muitas vezes humilhado em público por fazer algo que o superior considera errado, depois volta para casa pregado de cansaço (com mais 3 conduções), onde só consegue ver o Jornal Nacional e dormir.

A galera que deseja paz na virada do ano, diria: "ué, o cara tem um emprego, não tomou uma bala na cabeça... tá reclamando de que?"

Não existe apenas a violência física. Tomar uma bala na cabeça e morrer é uma tremenda violência, mas levar uma vida de humilhações como a do personagem do parágrado acima também é. Se seguirmos nessa paz clichê que todos desejam, um cara como esse do exemplo não vai fazer nada para mudar sua rotina e quem explora vai continuar explorando. Tudo se mantém, cheio de violência, mas revestido pela falsa paz.

Não desejo paz para 2009. Desejo que as pessoas comecem a enxergar a violência escondida sob a falsa paz.
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Metalinguagem: eu queria colocar o vídeo normal do Gilberto Gil, mas essa foto-montagem ilustra razoavalmente bem o post.