Esperança do que?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Esperança do que?


Obama assume amanhã, mas admito que ainda possuo um certo desconhecimento sobre o que de fato significa a idéia da esperança do slogan de sua campanha. Afinal, é uma esperança do que e pra quem?

Quando Lula recebeu a faixa presidencial em 2003 também às voltas com a palavra esperança, era evidente ali a idéia que se passava: depois de décadas de desigualdade social, finalmente aparecia o esperado messias para salvar e livrar os milhões de brasileiros da miséria e da vida indigna. Surgia, enfim, uma esperança de dias melhores ao povo pobre do país, para o desgosto de Regina Duarte.

Seis anos depois da posse, os índices econômicos e sociais mostram que de fato a vida dos brasileiros melhorou. Para alguns, não passaram de migalhas; para outros foram conquistas substanciais. Entretanto, ao passo que 20 milhões de brasileiros saíam da faixa da pobreza, Lula lá estava a se alinhar fielmente aos ditames do establishment. Várias de suas práticas e políticas de sua cúpula ministerial e base governista no Congresso arremessaram seu governo na vala-comum de todos os governos anteriores. (Basta a ver a orquestração que estão fazendo para imunizar Daniel Dantas nesse caso da Operação Satiagraha; em países civilizados, metade das manobras espúrias realizadas já seria motivo para a eclosão de uma revolta popular).

Para mim, se havia mesmo esperança, ela morreu recém-nascida.

Voltando ao Obama, particularmente, tenho três esperanças em relação ao seu governo: 1) que feche a base de Guantánamo o mais cedo possível; 2) que retire as tropas estadunidenses do Iraque o mais cedo possível; 3) que não invada mais nenhum país. Todas medidas relacionadas à política externa. (Nem cogito a hipótese de um afrouxamento nas relações com Israel, porque desde cedo assessores de sua alta cúpula já se apressaram em garantir o incondicional apoio estadunidense à causa sionista, sem contar as falas do próprio Obama que sustentaram o argumento da “legitima defesa”).

Mas tenho certeza que as maiores esperanças que ele e sua equipe de assessores vende ao povo estadunidense são outras. Quais seriam?

Talvez, a esperança mais razoável a se crer seja a de que ele coloque fim à atual crise financeira. Mas lá no início de 2008, quando ainda não havia todo esse tom apocalíptico a respeito da economia na mídia, Obama já ostentava o slogan change durante a campanha das primárias do Partido Democrata.

O que me leva a crer, cada vez mais, que suas frases e discursos, enquadrados pela mídia como épicos, não passam de palavras vazias, sinalizando que nada de diferente vai acontecer na rotina de nosso querido Império.

Mudar pra onde? Esperança do que? Alguém pode me responder?