Vivi uma época 'negra' do São Paulo na década passada. Após o super-time de Telê, não ganhamos praticamente nada de importante e emocionante, com exceção dos paulistas de 98 e de 2000, após a volta de Raí. Fazíamos grandes jogos, mas nos momentos decisivos falhávamos - em 3 ocasiões seguidas para o Corinthians, hoje nosso grande cliente. Ganhamos o irritante estigma de Amarelões.
Com a posse de Marcelo Portugal Gouvêa em 2002 e a ascensão do mito de Rogério Ceni, as coisas mudaram. O São Paulo então ganhou Planejamento e Garra. Mesmo com o fracasso do time de estrelas (com direito à Kaká, Ricardinho, Luís Fabiano e França jogando juntos) perante o Santos no brasileiro de 2002, conquistamos a classificação pra Libertadores no ano seguinte. Sou eternamente grato a Rojas, que assumiu um rojão e com um elenco limitado, jogo feio e muita raça, levou o time ao terceiro lugar do brasileirão daquele ano. Após 10 anos, voltávamos à Libertadores, o torneio de todo são-paulino. A mágica única que une o torcedor tricolor e a competição sul-americana estava de volta. Morumbi lotado, jogos emocionantes, um frenesi que contagia.
Voltamos, mas não triunfamos. A eliminação de 2004 foi muito doída, a ponto de alguns crucificarem Luis Fabiano e, absurdamente, o nosso Goleiro Rogério Ceni. Mas a grande maioria ainda apoiava. Acreditava. E voltamos à ela em 2005, o ano inesquecível para todos nós.
Na última quarta-feira, perdemos o campeonato, mas não saímos derrotados. Muito pelo contrário. Fui dormir após o jogo com o maior dos orgulhos de ser torcedor de um clube. Lutamos até o último minuto, fomos buscar o placar por 2 vezes, mas a vitória não veio. Não importa. Se em 2005 foi um ano historicamente vitorioso para nós são-paulinos, 2006 mostrou que não é só de vitórias que se faz um Grande Time. Este também é feito, sobretudo, de raça, vontade, gana, fé, espírito de luta, honra à camisa. Tudo isso foi o que eu vi ontem à noite como nunca havia visto antes. Tive Orgulho.
Obrigado, São Paulo Futebol Clube.