Já que o Rogério Ceni não fez nada (ainda) de extraordinário nas últimas horas, vou seguir escrevendo sobre política. Gostaria de fazer algumas observações a respeito do palmeirense José Serra, candidato a governador do estado de São Paulo.
Como já manifestei em post anterior, não tenho simpatia alguma por quem é do PSDB – e reitero que é pura questão de simpatia e não de discordância de ideologia, como a boa conduta manda.
E Serra é do PSDB, por isso sou suspeito em falar sobre ele. Mas vejam bem.
Entre outras coisas, sei que ele já foi deputado federal, senador, ministro do Planejamento e da Saúde na gestão FHC, além de exercer o cargo de prefeito da cidade-sede do tricampeão do mundo por 2 anos. Não saberia avaliar nenhuma de suas atuações nos cargos citados, e nem citar seus principais feitos, com exceção de quando foi titular da pasta de Saúde, sua grande vedete, e com razão.
Quando de uma conversa com o meu camarada Andrei Formiga, que trabalha no verão pra sobreviver no inverno, o palavrório convergiu, não sei por qual razão, para Serra.
Disse Andrei: “minha tia tem uma empregada cujo filho tem AIDS. E sabe quanto ela paga pra comprar os remédios pra ele? Nada, porque o José Serra quando ministro da Saúde quebrou a patente que envolvia a fabricação deles. Como o custo de produção dos remédios é barato, o governo pode bancar sem maiores prejuízos”.
O ato de quebrar a patente que envolve a fabricação de um produto pode ser chamado de tudo menos de uma atitude neoliberal. Pra quem prega que o PSDB é um partido neoliberal, Serra foi justamente na contramão dessa linha, quando julgou que a atitude era benéfica para o interesse público. O cara peitou as poderosas fabricantes de remédios, levou o caso pra Organização Mundial do Comércio, e conquistou essa preciosa vitória
Às vezes isso pode parecer pouca coisa, mas vejam a desgraça que é a AIDS na África, que dizima populações inteiras. Pra constar, se não me engano, o Brasil é o país em que um portador do vírus da AIDS possui a melhor assistência médica, graças a Serra. Totalmente excelente, mesmo.
Pois aí que chegamos ao clímax desse texto.
Por mais louvável que foi a atitude de José Serra em quebrar as patentes dos remédios pra combater a AIDS, por mais competente que ele tenha sido nos outros cargos que eu não soube falar a respeito, NADA, e repito, NADA justifica sua atitude de lançar candidatura agora, já que o mesmo José Serra assinou um documento, registrado em cartório, em 2004, se comprometendo a não deixar o cargo de prefeito no meio do mandato para concorrer nas eleições deste ano.
Isso é o cúmulo da falta de palavra de um homem público. Serra enganou seus eleitores ao dizer que não deixaria a prefeitura de São Paulo no meio. Só esse motivo já é o suficiente para não votar nele. Isso é totalmente inaceitável, principalmente por conta do momento que o país vive, muito graças a outros mentirosos do PT e dos outros partidos.
A não ser que você siga a linha do “Mente mas faz”, que lembra muito o “Rouba mas faz” de outros tempos, você não vota nele, assim como eu não vou votar.
PERÓBA NELES
Algumas considerações
- será que os blogs vão influenciar nas eleições brazucas? Nos EUA, de acordo com Alex Castro, eles influenciaram.
- eu não sou de fazer isso, mas neste endereço aqui, tem uma suposta cópia do documento que o Serra assinou. Pesquisei no site da Folha, mas não encontrei nada que confirmasse que se tratasse de uma cópia original. Portanto, ela pode ser falsa.
- nesta entrevista aqui, Serra afirma que não assinou nenhum documento, mas que apenas assumiu o compromisso numa entrevista. Mas em quase todas as notícias que li na internet, sempre é citado que Serra assinou sim um documento registrado no cartório. Será que é criação de fato consumado da mídia ou o Serra que tenta desconversar? Pra mim, é desconversa.
- pesquisando na net, encontrei que essa prática é muito popular (o que não quer dizer que seja aceitável). Maluf parece que já fez isso. Tarso Genro também, só que sem o lance de registrar no cartório. Mentira do mesmo jeito.