Mercy Zidane: agosto 2006

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Ética, moral e aliens

Na última terça-feira tive uma aula de ética, com Padre Beto, no Senac.

Ele explicou a diferença entre ser ético, fazer ética, ser moral, imoral e amoral.

Coisas das quais realmente todos deveriam ter uma noção.

Mas o que mais me intrigou foi o momento em que ele expôs uma teoria (não me lembro de quem).

Segundo essa teoria nossa sociedade era constituída por uma linha ética e por padrões morais determinados.

Como quebrar esses padrões?

Segundo a teoria, melhor do que um revolucionário cheio de argumentos seria um “alien”.

Um cara que vivesse numa boa e que, sem perceber, fizesse propaganda do seu estilo de vida. Algo como hippies ou o povoado de Canudos.

A sociedade mudou e, com a globalização, os “aliens” têm lugar na sociedade.

Ou seja, cada vez fica mais difícil de se mobilizar a sociedade como um todo.

Os argumentos desse post não estão muito embasados.

Mas o que esse episódio me fez pensar foi o fato de não ser necessário um cara que levante trocentas bandeiras e lute por quinhentos ideais para mudar alguma coisa.

Basta ele colocar em prática o que defende.

Pena que esse “basta” não é tão simples assim.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Declaração de Voto II

Falando sério agora.

Presidente

Até outro dia eu ia de Lula. Achava melhor que o governo tivesse continuação, além da simpatia que tenho por Lula e pelo PT*. Mas depois de ver as entrevistas e a participação da Heloísa Helena em debates, e ver o Lula fugir deles** (assim como nosso amigo Serra), meu voto mudou pro PSOL. Mesmo que muitos tenham a idéia SIMPLISTA E CÔMODA de ela ser uma 'tresloucada', vi em suas exposições uma pessoa muito segura, lúcida e firme em suas propostas. Acho que o PSOL vai tomar o lugar do 'PT da oposição' no futuro. Também conta minha simpatia por partidos de esquerda (sem ser os 'extremistas', como PSTU, PCO etc...

No fim, acho que votarei nela por saber que ela não vai ganhar. No segundo turno (se houver), vou de Lula.

Governador

Provavelmente Mercadante, mas no debate da Band entre governadores de anteontem, chamou atenção ao meu companheiro de casa (aquele que passa atrás de mim neste vídeo) o Plínio Arruda Sampaio, do PSOL. Meu pai também vai votar no Plínio (e olha que ele odeia o PT e vai anular o restante). Vou prestar mais atenção nesse cara. Ah, e ainda tem o Cláudio de Mauro, do PV, ex-prefeito da Nova York do ano 3000, minha cidade, mas acho que nem vira.

Senador

Suplicy, simplesmente por ouvir de todo mundo que ele é bom e por ele ser uma figura simpática e do PT.

Deputado Federal

Soninha, conforme este post aqui.

Deputado Estadual

Não faço idéia. Dizem que devemos votar em deputados estaduais de sua região (até pra federal dizem isso), mas por qual razão? Pra trazer benefícios pra região? Deputados não são eleitos pra legislar em nome do bem público? Devo votar na legenda, provavelmente no PT.

*Apesar de muitos agora imputarem ao PT o estigma de 'corruptos, mentirosos arrogantes', idéia gerada pela maneira como crise foi tratada pela imprensa (não me entendam mal, não acho que houve golpismo da imprensa não) continuo votando neles. Eu quero que Zé Dirceu, Genoíno, Palocci, Silvio Pereira, Delubio Soares e muitos outros vão para a casa do chapéu, mas tenho convicção de que a maior parte do partido é formada por MUITA gente boa e bem intencionada como expliquei neste post aqui.

**Em um futuro post, falarei sobre a ética dos políticos, aquela que justifica certas atitudes como se ausentar de debates, fazer coligações alienígenas etc.

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Esdrúxulo

Noutro dia eu estava conversando com amigos sobre nomes esdrúxulos.

Falamos vários nomes estranhos e demos muitas risadas.

Mas quando foi determinado que João seria um nome comum e Hemingarda seria um nome esdrúxulo?

Imagine que estranho seria se um dia você dissesse que seu nome é João e todos morressem de rir.

Poderia ser assim, mas (não se sabe o por quê) não é.

domingo, 27 de agosto de 2006

Em quem votarei nas próximas eleições

Presidente: Rui Costa Pimenta

Governador: Quércia

Senador: Suplicy

Deputado Federal: Enéas

Deputado Estadual: Ademir da Guia

Olha como eu sou democrático

Apesar de eu discordar de 99,9% do que os caras do Leite de Pato e do Jesus Negão publicam, eu adicionei seus endereços na seção de links.

Pelo menos eles escrevem bem.

Agora, se quiserem rir, também adicionei o Eu odeio o Galvão Bueno. Não é tão engraçado como na época da Copa, em que o Galvão narrava (e falava merda) todos os dias, mas a coisa movimenta, principalmente de domingo. Olha essa que tirei de lá:

Burti falando: "E vem o Kubica pra cima do Webber, acho que passa."
Galvão: "Acho que não passa, vamos ver."
Amigos, o que vocês acham que aconteceu? Quem será que acertou?
Galvão: "É...ele passou"
Aposenta, Galvão!!!

AHAHAHAAHAHAHAAHAHAHAAHAHAHAAHAHAHAAHAHAHAAHAHAHA

sábado, 26 de agosto de 2006

Assumiu, tem que cumprir.

Já que o Rogério Ceni não fez nada (ainda) de extraordinário nas últimas horas, vou seguir escrevendo sobre política. Gostaria de fazer algumas observações a respeito do palmeirense José Serra, candidato a governador do estado de São Paulo.

Como já manifestei em post anterior, não tenho simpatia alguma por quem é do PSDB – e reitero que é pura questão de simpatia e não de discordância de ideologia, como a boa conduta manda.

E Serra é do PSDB, por isso sou suspeito em falar sobre ele. Mas vejam bem.

Entre outras coisas, sei que ele já foi deputado federal, senador, ministro do Planejamento e da Saúde na gestão FHC, além de exercer o cargo de prefeito da cidade-sede do tricampeão do mundo por 2 anos. Não saberia avaliar nenhuma de suas atuações nos cargos citados, e nem citar seus principais feitos, com exceção de quando foi titular da pasta de Saúde, sua grande vedete, e com razão.

Quando de uma conversa com o meu camarada Andrei Formiga, que trabalha no verão pra sobreviver no inverno, o palavrório convergiu, não sei por qual razão, para Serra.

Disse Andrei: “minha tia tem uma empregada cujo filho tem AIDS. E sabe quanto ela paga pra comprar os remédios pra ele? Nada, porque o José Serra quando ministro da Saúde quebrou a patente que envolvia a fabricação deles. Como o custo de produção dos remédios é barato, o governo pode bancar sem maiores prejuízos”.

O ato de quebrar a patente que envolve a fabricação de um produto pode ser chamado de tudo menos de uma atitude neoliberal. Pra quem prega que o PSDB é um partido neoliberal, Serra foi justamente na contramão dessa linha, quando julgou que a atitude era benéfica para o interesse público. O cara peitou as poderosas fabricantes de remédios, levou o caso pra Organização Mundial do Comércio, e conquistou essa preciosa vitória

Às vezes isso pode parecer pouca coisa, mas vejam a desgraça que é a AIDS na África, que dizima populações inteiras. Pra constar, se não me engano, o Brasil é o país em que um portador do vírus da AIDS possui a melhor assistência médica, graças a Serra. Totalmente excelente, mesmo.

Pois aí que chegamos ao clímax desse texto.

Por mais louvável que foi a atitude de José Serra em quebrar as patentes dos remédios pra combater a AIDS, por mais competente que ele tenha sido nos outros cargos que eu não soube falar a respeito, NADA, e repito, NADA justifica sua atitude de lançar candidatura agora, já que o mesmo José Serra assinou um documento, registrado em cartório, em 2004, se comprometendo a não deixar o cargo de prefeito no meio do mandato para concorrer nas eleições deste ano.

Isso é o cúmulo da falta de palavra de um homem público. Serra enganou seus eleitores ao dizer que não deixaria a prefeitura de São Paulo no meio. Só esse motivo já é o suficiente para não votar nele. Isso é totalmente inaceitável, principalmente por conta do momento que o país vive, muito graças a outros mentirosos do PT e dos outros partidos.

A não ser que você siga a linha do “Mente mas faz”, que lembra muito o “Rouba mas faz” de outros tempos, você não vota nele, assim como eu não vou votar.

PERÓBA NELES

Algumas considerações

- será que os blogs vão influenciar nas eleições brazucas? Nos EUA, de acordo com Alex Castro, eles influenciaram.

- eu não sou de fazer isso, mas neste endereço aqui, tem uma suposta cópia do documento que o Serra assinou. Pesquisei no site da Folha, mas não encontrei nada que confirmasse que se tratasse de uma cópia original. Portanto, ela pode ser falsa.

- nesta entrevista aqui, Serra afirma que não assinou nenhum documento, mas que apenas assumiu o compromisso numa entrevista. Mas em quase todas as notícias que li na internet, sempre é citado que Serra assinou sim um documento registrado no cartório. Será que é criação de fato consumado da mídia ou o Serra que tenta desconversar? Pra mim, é desconversa.

- pesquisando na net, encontrei que essa prática é muito popular (o que não quer dizer que seja aceitável). Maluf parece que já fez isso. Tarso Genro também, só que sem o lance de registrar no cartório. Mentira do mesmo jeito.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Contra a opressão blogueira

O post entitulado antropobloguismo foi um manifesto que definiu minha forma de escrever.

Na minha opinião, frases curtas e ágeis devem dar a tônica em um blog.

Cabe a cada um gostar ou não.

Mas o nosso amigo J.Silva achou que eu deveria entrar em mais blogs para ver se eu absorvo um pouco da lingugem de blogs vigente.

Eu entro em blogs e vou continuar entrando.

Mas não para mudar o meu modo de escrever ou de emitir opiniões.

É mais provável que eu entre nos blogs para aprender a fazer diferente deles (na parte da linguagem).

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Quanta gente criativa e engraçada.

Bin Laden, Bulhões Laden, Los Hermanos, Homem-bomba, Terrorista, Enéas, Árabe, Fidel, Papai Noel e Darwin, fora os que eu esqueci.

Só ainda não sei porque não me chamaram de Mel Gibson.

Alguém aí tem mais sugestões?


Minha barba

terça-feira, 22 de agosto de 2006

O que você Faria?

Parece piada, mas não é.

Aconteceu em Bauru, no dia 16/08/2006.

O candidato a deputado estadual pelo PDT, Faria Neto, teve sua candidatura impugnada.

O motivo: perdeu o prazo para a entrega de quatro documentos (certidão de quitação eleitoral, comprovante de escolaridade, requerimento de registro de candidatura e declaração de bens) para que seu registro fosse deferido.

Apesar de caber um recurso, as chances de Faria reaver a candidatura são mínimas.

Ou seja, o candidato, que já havia começado a campanha, já tinha número, slogan, etc, vai ter que esperar mais quatro anos para tentar ser deputado.

Faria reclamou que não havia sido notificado da necessidade de entrega dos documentos.

Dias depois, o ex-candidato descobriu que telegramas foram enviados à sua residência.

Mas a mãe de Faria guardou os telegramas.

Ela tem Alzheimer.

O que você Faria?

(Se não acreditou, entre no site do Jornal da Cidade ou do Bom Dia Bauru).

Já sei em quem vou votar pra deputada federal

Diferentemente do grande Billy Wonder, e muito mais ainda do Adaílton Persegonha, eu tenho uma simpatia pelo PT. É coisa que vem desde criança, já que sempre vi minha mãe votando no partido, como uma boa professora do estado que se preze (ou prezava).

Claro que não sou bobo de acreditar que o partido é imune à corrupção. Tem muito filha da puta ali. Mas sinto que lá existe muita gente boa e bem intencionada também, muito mais do que nos outros partidos.

Um exemplo (não pra generalizar, mas pra ilustrar a minha sensação sobre o partido) é o documentário "Vocação do Poder" , que assisti no Festival de Cinema Latino Americano, mês passado, em Sampa. É um documentário que acompanha a vida de 6 candidatos a vereador pelo Rio de Janeiro em campanha eleitoral. O único dos 6 que me parece mais esclarecido e realmente disposto a fazer algo decente é o cara do PT. Assistam-no, não só pra constatar o que falei, mas pra rir muito (é melhor que muito filme de comédia, sem zoeira).

Pois bem, vagando pelo Gravataí Merengue, encontrei um vídeo da Soninha, colunista da Folha, apresentadora da ESPN Brasil e vereadora de São Paulo, além de blogueira (vai ter tanta função assim na casa do chapéu). Gravado no quintal da sua casa, de maneira bem amadora mesmo, o vídeo mostra uma Soninha falando sobre sua decisão de sair candidata a deputada federal e dos motivos de ter escolhido pela carreira política. Putz vida, concordei com tudo que ela disse.

Resultado: vou votar nela. Não somente por causa do vídeo, óbvio, mas muito mais por sempre ter visto nela uma pessoa correta, equilibrada na nas opiniões e, principalmente, por ser do PT. Porque dificilmente eu votaria nela se fosse do PSDB.

Uma coisa que irei fazer é questiona-la sobre a razão de ter preferido já se lançar na disputa pela Câmara em detrimento do cumprimento dos 4 anos de cargo de vereadora ao qual teve direito. Será que é fetiche ao poder ou vontade de mostrar mais serviço? Vamos ver se ela responde pra daí eu postar a justificação aqui.

E vai o vídeo a seguir:

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Faltam mais quatro..

J.Silva - Ae Suzano, c viu o São Paulo?

A.Cerri - Vi uma parte, o Rogério pegou um penalty né?

J.Silva - Sim, e depois fez mais dois gols, um de falta e outro de penalty.

A.Cerri - É?

J.Silva - Sim.

A.Cerri - Putz, agora ce vai fazer mais uns 5 posts falando do rogério, bla bla.

J.Silva - Vou mesmo.

PARABÉNS, ROGÉRIO CENI, O GOLEIRO COM MAIS GOLS DO MUNDO.

domingo, 20 de agosto de 2006

Todos tem goleiros, mas só nós temos Rogério

Esse meu segundo meu videopost (ficou meio paia, achei) é pros Zé Manés.

Ainda sobre libertadores, dêem uma lida nesse post aqui, tirado do site do Gravataí Merengue. São-paulino e admirador da Soninha, como eu.

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Guerreiros. Time de Guerreiros.

Vivi uma época 'negra' do São Paulo na década passada. Após o super-time de Telê, não ganhamos praticamente nada de importante e emocionante, com exceção dos paulistas de 98 e de 2000, após a volta de Raí. Fazíamos grandes jogos, mas nos momentos decisivos falhávamos - em 3 ocasiões seguidas para o Corinthians, hoje nosso grande cliente. Ganhamos o irritante estigma de Amarelões.

Com a posse de Marcelo Portugal Gouvêa em 2002 e a ascensão do mito de Rogério Ceni, as coisas mudaram. O São Paulo então ganhou Planejamento e Garra. Mesmo com o fracasso do time de estrelas (com direito à Kaká, Ricardinho, Luís Fabiano e França jogando juntos) perante o Santos no brasileiro de 2002, conquistamos a classificação pra Libertadores no ano seguinte. Sou eternamente grato a Rojas, que assumiu um rojão e com um elenco limitado, jogo feio e muita raça, levou o time ao terceiro lugar do brasileirão daquele ano. Após 10 anos, voltávamos à Libertadores, o torneio de todo são-paulino. A mágica única que une o torcedor tricolor e a competição sul-americana estava de volta. Morumbi lotado, jogos emocionantes, um frenesi que contagia.

Voltamos, mas não triunfamos. A eliminação de 2004 foi muito doída, a ponto de alguns crucificarem Luis Fabiano e, absurdamente, o nosso Goleiro Rogério Ceni. Mas a grande maioria ainda apoiava. Acreditava. E voltamos à ela em 2005, o ano inesquecível para todos nós.

Na última quarta-feira, perdemos o campeonato, mas não saímos derrotados. Muito pelo contrário. Fui dormir após o jogo com o maior dos orgulhos de ser torcedor de um clube. Lutamos até o último minuto, fomos buscar o placar por 2 vezes, mas a vitória não veio. Não importa. Se em 2005 foi um ano historicamente vitorioso para nós são-paulinos, 2006 mostrou que não é só de vitórias que se faz um Grande Time. Este também é feito, sobretudo, de raça, vontade, gana, fé, espírito de luta, honra à camisa. Tudo isso foi o que eu vi ontem à noite como nunca havia visto antes. Tive Orgulho.

Obrigado, São Paulo Futebol Clube.


terça-feira, 15 de agosto de 2006

O mais próximo que já cheguei da anarquia

Show dos Replicantes no SESC Bauru. Quarta-feira. Dia 09/08/2006.

Nada fez muito sentido.

No caminho para o SESC encontrei um cara de uns 35 anos que fazia mestrado em história na UNESP de Assis.

O show começa. Bateria frenética, baixo marcado, vocal gritado, grave e desafinado, guitarra que era só distorção, músicas muito parecidas, letras de revolta e amor.

Adolescentes fazendo bate cabeça. Um típico punk subindo no palco para cantar de 5 em 5 minutos. Cerca de 7 garotos fazendo Mosh (seis seguravam e um pulava).

Uma menina entra dançando no meio do palco e se esfrega no vocalista.

Quando fui beber água a menina estava perto e disse a sua amiga: “Abalei”.

Reiterando: Nada fez sentido.

Mas por isso que foi um bom show.

Um disco de punk não tem sequer 10% da atmosfera, da energia, da revolta de um show de punk.

Antes de tirar qualquer conclusão sobre punk rock, vá a um show genuinamente punk para entender alguma coisa.

Ou melhor, para não entender nada.

domingo, 13 de agosto de 2006

Não é que eles publicaram...

Editaram bastante, mas o pessoal do Observatório da Imprensa publicou meu texto sobre o Rogério Ceni e a Folha.

Isso quer dizer que basta escrever um texto sobre imprensa com começo, meio e fim, e enviar pro pessoal do OI que ele será publicado no site. Não deixem de ver a edição original do texto neste post aqui.

E fiquem ligados para saber sobre a minha viagem à Salvador. Tem muitas fotos, vídeos e histórias pra contar..

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Antropobloguismo

Meu amigo J.Silva e eu montamos esse blog com o intuito de exercitar a reflexão de alguns fatos e situações com mais profundidade.

Porém, o blog não deve simplesmente transpor artigos, redações, crônicas ou reportagens para o espaço virtual. O blog deve ter uma linguagem própria. Mas qual?

Após a criação do mercyzidane comecei a freqüentar blogs de alguns jornalistas conceituados para saber como é o modo que eles escrevem. Há vários estilos de escrita, mas poucos se preocupam em criar uma nova linguagem.

O que eu encontrei de mais inovador estava num livro escrito antes do advento da internet. Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.

João Miramar conta suas memórias em capítulos curtíssimos (cerca de 5 linhas!). Agilidade, velocidade e complexidade. Tudo o que eu gostaria que um blog tivesse.

Não sou nenhum Oswald de Andrade e não sei se meu estilo é parecido com o dele (acho que não, afinal, os textos deste blog estão bem longos). Mas como o próprio Oswald ensina, vou tentar “engolir” sua linguagem.

Fiquem com o capítulo 18 de Memórias Sentimentais (mesmo fora de contexto):

18.INFORMAÇÕES
Gustavo Dalbert numa noite de cabelo e cigarro disse-me que a arte era tudo mas a vida nada. Ele era músico e ia morar em Paris comigo, o amigo e jovem poeta João Miramar.
Havia um outro artista na vizinhança, o Bandeirinha barítono e outros poetas na cidade.

domingo, 6 de agosto de 2006

Experimentando essa coisa de videolog...

Como estudante de jornalismo, creio que levo mais jeito pra imprensa escrita mesmo. Não sou um Machado de Assis da vida, mas acho faço pelo menos o arroz-com-feijão.

Agora, uma linguagem que pra mim ainda é tabu é a audiovisual. Idealizo construir minha carreira jornalística na televisão, por esta atingir um público maior. É verdade que poderia trabalhar na produção sem problemas, mas creio que gostaria também de aparecer em frente às camêras.

E é por essa razão que vou começar a utilizar esse blog pra treinar. A partir de agora vou fazer alguns posts audiovisuais, fazendo deste blog um pouco de videolog também.

Pra quem se interessa por videologs, dêem uma olhada no Batendo Bola, videolog sobre futebol que se auto intitula o primeiro videolog do Brasil. O Cerezo é meio estranho mas fala umas coisas legais.

Mas antes, dêem uma olhada nesse meu primeiro vídeo:

Japão: o futebol é exceção

Nas férias eu resolvi pegar um livro do Eric Hobsbawn na biblioteca (isso porque uma professora da USC jogou na cara da platéia de estudantes do EPECOM que nós não havíamos lido Hobsbawn). O escolhido foi “A Era do Capital 1848-1875”.
O começo foi um pouco denso, mas um dos capítulos mais tranqüilos na questão do entendimento foi o “Vencedores”. Esse capítulo explica os motivos pelos quais Estados Unidos e Japão se deram bem no sistema capitalista.

O Japão teve um grande processo de ocidentalização, apesar de manter algumas tradições. Os japoneses perceberam que deveriam seguir os modelos existentes no Ocidente para poderem competir de igual para igual com as grandes economias capitalistas.
Ou seja, os japoneses copiaram, na cara dura, vários modelos do ocidente.
Para se ter uma idéia, o Japão copiou o modelo inglês de estradas de ferro, telégrafo, obras públicas e métodos de comércio. O modelo francês inspirou o Japão em sua reforma legal e em sua reforma militar. Os Estados Unidos inspiraram os modelos de universidade, educação primária, inovação da agricultura e serviços postais do Japão.Em 1890, cerca de 3 mil especialistas estrangeiros estavam empregados sob supervisão japonesa.

Foi inevitável pensar em futebol ao ler o capítulo citado do livro.
No início dos anos 90, o Japão fez exatamente as mesmas coisas que seus governantes realizaram no final do século XIX: copiou e contratou especialistas. Copiou a NBA ao criar uma liga com mascotes bonitinhos e times com nomes extravagantes (J-League) e chamou vários brasileiros (Zico, Leonardo, Alcindo, Evair, César Sampaio, Zinho, etc) para atuarem em solo japonês com o intuito de divulgar o esporte.
Tinha tudo para dar certo, assim como os ocorridos no fim do século XIX. Mas não deu.
A J-League não empolga o torcedor; os japoneses, apesar de terem se classificado para 3 Copas seguidas, não conseguiram sequer passar das oitavas-de-final. Os melhores jogadores do país, apesar de já atuarem na Europa, não estão em times de ponta.
Sim, o futebol japonês evoluiu, mas não como os japoneses esperavam.

E esse é um dos motivos que faz com o que futebol seja apaixonante. Não basta ter disciplina e determinação para se dar bem com a bola no pé. É preciso algo a mais. Algo de imaginação, simplicidade e criatividade. Algo que os brasileiros possuem, mesmo sem a disciplina e o poder econômico japonês. E alguns insistem em dizer que futebol não é uma questão cultural.
Na Copa de 2006, todos esperavam mais do Japão, já que o time contava com um especialista brasileiro no comando. Resultado lastimável.Parabéns, Japão, pela determinação e pela vontade de vencer, mas felizmente, o futebol não depende apenas disso. O futebol é exceção.

Eu sou suspeito pra falar, mas vejam bem...

Escrevi um texto para ser enviado ao site do Observatório da Imprensa sobre um jornal e um jogador. Suas linhas seguem logo abaixo. Não sei se ele será publicado lá, mas aqui ele já foi.

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Folha de S. Paulo x Rogério Ceni

Não havia entendido o motivo que levou Rogério Ceni a se recusar a responder pergunta de um jornalista da Folha de São Paulo na coletiva de imprensa logo após o jogo contra o Chivas, pela Libertadores, na última quarta-feira, 2 de Agosto. Dei uma breve vasculhada na internet, mas não encontrei nada flagrante que pudesse explicar o comportamento – a única coisa que me lembrava era de uma coluna publicada na própria Folha, assinada por Marcos Augusto Gonçalves, e intitulada “O presepeiro do Morumbi”, mas isso fora em 2004.

Dois dias depois da coletiva de imprensa, na sexta-feira, a Folha estampava manchete principal em seu caderno de Esporte: ‘Após nova noite de herói, Rogério liberta sua cólera’. A matéria falava sobre o fato de Rogério Ceni ter entrado em atrito com o apresentador Milton Neves, em entrevista à Rádio Bandeirantes, logo após o jogo, e também com a comentarista Milly Lacombe, no programa Arena Sportv, no dia seguinte. O texto ainda cita a recusa de Rogério em responder à pergunta de jornalista da Folha na coletiva. Segundo o jornal, o motivo seria o fato da Folha ter publicado que o goleiro vendia camisas no São Paulo.

Fui novamente à internet, e encontrei ‘Comerciante, Rogério lucra sem pagar aluguel’, datada de 2 de maio deste ano.

No sábado, 5 de agosto, a Folha voltou a fazer referência a Rogério Ceni na manchete “Nem ´fominha’ tricolor foge de repouso forçado”, na qual ‘fominha’ se refere ao goleiro, por este querer participar de todos os jogos do São Paulo, mesmo nos que são escalados apenas os jogadores reservas.

Pode ser coincidência, mas o que me parece é que a Folha resolveu fazer revanche no goleiro são-paulino. O que mais evidencia essa constatação é o texto da matéria sobre a 'cólera de Rogério', que, na minha opinião, distorce um pouco o episódio da Arena Sportv.

Como já citado acima, no dia após o jogo contra o Chivas, Rogério entrou, por telefone, ao vivo no programa Arena Sportv para interpelar a comentarista Milly Lacombe sobre o fato de ela ter dito que o são-paulino havia falsificado assinatura, em 2001, de um suposto documento que continha proposta do clube inglês Arsenal por seu passe. Rogério fez questão de dizer mais de uma vez que se manifestava apenas por ter sido acusado de falsificação. E de fato, Milly Lacombe afirmou, notoriamente, no mesmo programa, que Rogério havia falsificado a assinatura. E isso a Folha não deixou claro.

No texto da matéria da Folha:

(....) Na tarde de ontem, o alvo da ira de Rogério foi Milly Lacombe, comentarista da emissora Sportv. No programa “Arena Sportv”, ela lembrou que, em 2001, o goleiro apresentou ao São Paulo uma suposta proposta do Arsenal, da Inglaterra.
Lacombe lembrou que houve uma acusação de que existiu dúvida sobre o documento. “Aceito críticas pelo que faço. Mas eu tenho família, minha filha, e não aceito essa acusação de forjar assinatura. Você vai ter que provar”, afirmou ele, que fez contato telefônico. A jornalista negou ter feito a acusação, mas o goleiro mal a deixava se expressar. Constrangido, o apresentador Cléber Machado pedia calma a Rogério, que desligou o telefone no ar.
A lembrança da proposta do Arsenal irritou Rogério porque quase provocou sua saída do São Paulo (...)

Segundo a Folha, o que irritou Rogério foi a lembrança da proposta do Arsenal. Rogério disse que foi a acusação de forjar assinatura. Conclui-se que a Folha deduziu a explicação para a irritação do goleiro, o que nem sempre é adequado.

Essa sensação de ‘retaliação’ por parte da Folha de S. Paulo que ficou para mim não me parece muito saudável. Na minha concepção, o bom jornalismo deveria buscar prezar pela isenção, independentemente da situação. Em hipótese alguma poderia servir como instrumento para acertar desavenças entre duas partes.

Considero a Folha de São Paulo o melhor e o mais isento jornal deste país, sou um leitor assíduo, mas tal episódio me deixou um pouco decepcionado. Principalmente por eu ser são-paulino e fã inveterado de Rogério Ceni.

João Ricardo da Silva, 20, estudante do segundo ano de Jornalismo da UNESP.

- Link para a entrevista de Rogério Ceni a Milton Neves:

1a parte
2ª parte

- Link para o vídeo em que Rogério entra ao vivo no programa Arena Sportv

- Links para as matérias da Folha (é preciso ser assinante da Folha ou da UOL para ter acesso)

‘São Paulino Rogério demonstra irritação durantes entrevistas (versão online de Após nova noite de herói, Rogério liberta sua cólera’)

‘Nem fominha tricolor foge de repouso forçado’


‘Comerciante, Rogério lucra sem pagar aluguel’

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Grande


Maior que o feito, só o orgulho de partilhar desse momento.