Inspiro-me em dois textos publicados ontem na Folha de S. Paulo para escrever sobre Romário. O primeiro, sob título de “Ajuste de contas”, estava no caderno Mais!, de autoria de Marcos Augusto Gonçalves (o mesmo que certa vez tabulou Rogério Ceni de ‘O Presepeiro do Morumbi’, em um de seus artigos). O segundo texto é de Juca Kfouri, talvez o melhor jornalista esportivo deste vasto país, publicado no caderno Esportes, intitulado “O país do hímen complacente”.
Enquanto que o primeiro fala sobre o milésimo que não saiu contra o Flamengo e glorifica a carreira do jogador, Juca Kfouri adota um ar mais sóbrio e critica. Lamenta o fato de todos aceitaram as contas de Romário, já que este contabiliza gols marcados de quando era amador, e relembra que o Brasil é o país onde tudo pode.
Concordo com os dois textos (brilhantes por sinal), mas prefiro dar mais atenção apenas ao primeiro. Mesmo achando Romário um tanto que folgado enquanto pessoa, não deixo de apreciá-lo quando nas quatro linhas. O Baixinho tornou o ofício de marcar gols tão brilhante e apreciável como ninguém. Seu estilo leve, com passo de sandália arrastada, como muito bem descreve Marcos Augusto Gonçalves, encanta a todos, ainda mais porque quase sempre o arrastar das sandálias termina em gol.
Quando vi o 999º , o terceiro da vitória do Vasco contra o Flamengo, a ficha voltou a cair: “Que golaço. Romário é o cara”. E lamentei tanto quanto o repórter atrás do gol do Flamengo, quando Romário, livre, acertou o milésimo nos pés do goleiro.
Assim como muito bem assinalou Juca Kfouri, a contagem de Romário abre prerrogativas para que jogadores cheguem no profissional já com 200 gols no currículo. Mas abramos uma exceção a Romário. Esqueçamos os gols do amador. Tomemos por fato consumado os 999 gols, assim como a grande mídia já o fez (e costuma fazer com muitos outros casos). Não custa muita coisa.
Dentre os emocionantes gols de Romário que povoam a minha memória, está um marcado contra o Corinthians, quando jogava pelo Fluminense, na primeira partida da semifinal do Brasileiro de 2002. Depois de receber um lindo passe de calcanhar, Romário fuzilou, dentro da grande área. E depois comemorou numa de suas danças, para delírio dos milhares que testemunhavam aquele momento.
Também me recordo de sua estréia pelo Fluminense. Não dos gols, mas do resultado: um 5 a 2 no Cruzeiro, em pleno Maracanã, onde o Baixinho fez 3. Estrear com três gols, bem típico de Romário.
Mas gol que não vou esquecer mesmo foi num jogo Brasil 5, Bolívia, 1, se não me equivoco. Eram eliminatórias para a Copa de 2002. Assim como em 94, o Brasil passava por apuros. Assim como em 94, Romário não andava às tantas com o técnico da seleção (Luxemburgo). E assim como em 94, Romário foi convocado para salvar a pátria.
Era uma tarde de Domingo, num Maracanã lotado. Como não podia deixar de ser, Romário brilhou. Fez três. E um deles só de lembrar já me arrepia. A goleada já estava armada, o placar apontava três, quatro a zero, quando Romário, livre, partiu da intermediária, em direção ao gol. Estabanado, o goleiro boliviano saiu ao encontro do camisa 11, já ciente da fatalidade.
A chuva caía fina. Romário, com a calma dos deuses, conduziu a bola até o momento certo. E deu um leve toque, com a precisão que só o artilheiro tem. A bola subiu apenas o suficiente pra encobrir e parar no fundo das redes. Delírio no Maracanã.
Romário, como de praxe, saiu para a comemoração em corrida discreta, marota, depois de ter feito mais um golaço.
Enquanto que o primeiro fala sobre o milésimo que não saiu contra o Flamengo e glorifica a carreira do jogador, Juca Kfouri adota um ar mais sóbrio e critica. Lamenta o fato de todos aceitaram as contas de Romário, já que este contabiliza gols marcados de quando era amador, e relembra que o Brasil é o país onde tudo pode.
Concordo com os dois textos (brilhantes por sinal), mas prefiro dar mais atenção apenas ao primeiro. Mesmo achando Romário um tanto que folgado enquanto pessoa, não deixo de apreciá-lo quando nas quatro linhas. O Baixinho tornou o ofício de marcar gols tão brilhante e apreciável como ninguém. Seu estilo leve, com passo de sandália arrastada, como muito bem descreve Marcos Augusto Gonçalves, encanta a todos, ainda mais porque quase sempre o arrastar das sandálias termina em gol.
Quando vi o 999º , o terceiro da vitória do Vasco contra o Flamengo, a ficha voltou a cair: “Que golaço. Romário é o cara”. E lamentei tanto quanto o repórter atrás do gol do Flamengo, quando Romário, livre, acertou o milésimo nos pés do goleiro.
Assim como muito bem assinalou Juca Kfouri, a contagem de Romário abre prerrogativas para que jogadores cheguem no profissional já com 200 gols no currículo. Mas abramos uma exceção a Romário. Esqueçamos os gols do amador. Tomemos por fato consumado os 999 gols, assim como a grande mídia já o fez (e costuma fazer com muitos outros casos). Não custa muita coisa.
Dentre os emocionantes gols de Romário que povoam a minha memória, está um marcado contra o Corinthians, quando jogava pelo Fluminense, na primeira partida da semifinal do Brasileiro de 2002. Depois de receber um lindo passe de calcanhar, Romário fuzilou, dentro da grande área. E depois comemorou numa de suas danças, para delírio dos milhares que testemunhavam aquele momento.
Também me recordo de sua estréia pelo Fluminense. Não dos gols, mas do resultado: um 5 a 2 no Cruzeiro, em pleno Maracanã, onde o Baixinho fez 3. Estrear com três gols, bem típico de Romário.
Mas gol que não vou esquecer mesmo foi num jogo Brasil 5, Bolívia, 1, se não me equivoco. Eram eliminatórias para a Copa de 2002. Assim como em 94, o Brasil passava por apuros. Assim como em 94, Romário não andava às tantas com o técnico da seleção (Luxemburgo). E assim como em 94, Romário foi convocado para salvar a pátria.
Era uma tarde de Domingo, num Maracanã lotado. Como não podia deixar de ser, Romário brilhou. Fez três. E um deles só de lembrar já me arrepia. A goleada já estava armada, o placar apontava três, quatro a zero, quando Romário, livre, partiu da intermediária, em direção ao gol. Estabanado, o goleiro boliviano saiu ao encontro do camisa 11, já ciente da fatalidade.
A chuva caía fina. Romário, com a calma dos deuses, conduziu a bola até o momento certo. E deu um leve toque, com a precisão que só o artilheiro tem. A bola subiu apenas o suficiente pra encobrir e parar no fundo das redes. Delírio no Maracanã.
Romário, como de praxe, saiu para a comemoração em corrida discreta, marota, depois de ter feito mais um golaço.