Tá, pode ser que não tenha sido o pior dia da minha vida, mas, sem a menor sombra de dúvida, foi o mais zicado da história. Vamos à narrativa:
Quinta-feira, dia 05 de abril, véspera de feriado. Mesmo sabendo que a chance de algum ser vivo da minha sala ir à aula era ínfima, resolvi acordar cedo e tentar a sorte. Levantei um pouco mais tarde do que o normal e peguei um busão para ir para a facul. Cheguei até lá e o óbvio ululava: havia meia dúzia de gatos pingados na universidade inteira. A professora chegou, conversou comigo durantes uns 30 ou 40 minutos e foi embora. Gastei 1,70 do busão à toa e perdi uma manhã de sono.
Tudo bem, afinal de contas, eu teria que ficar na faculdade para resolver algumas coisas da Web Rádio Unesp Virtual, além de gravar o NJ Notícias (jornal da rádio) às 18h. Fui para a biblioteca e li a Folha por umas 2 horas. Depois encontrei o professor Dino que me entregou 250 folders (que não estavam dobrados) e 50 cartazes de divulgação da rádio. Eu acho ótimo divulgar a rádio (inclusive fui eu que fiz os folders e os cartazes), mas como não havia ninguém na faculdade e a programação estréia oficialmente na segunda-feira, dia 9, eu teria que dobrar os 250 folders e colar os 50 cartazes até o fim do dia.
Após almoçar com o Bulhões, fui à luta: comecei a dobrar os folders. Dobrei, dobrei, dobrei, dobrei...até umas 16h30, aí decidi fazer uma pausa para colar os cartazes (lotei a cantina da FEB de cartazes). Voltei para o laboratório e comecei a dobrar de novo. Estava me sentido como no filme de Chaplin, eu não sabia fazer mais nada além de dobrar. Já eram umas 17h30 quando acabei a "dobração" e o editor do NJ Notícias me mandou o roteiro do programa editado. Tive que corrigir algumas coisas técnicas rapidamente porque o programa iria ao ar às 18h 30. Terminei de corrigir às 18h10 e fui correndo imprimir as cópias. Peguei a primeira cópia e fui para a rádio (eu, os 250 folders dobrados na mochila, uns 25 cartazes e o livro do Tom Wolfe de 900 páginas que eu tive a excelente idéia de levar para a faculdade). Chegando lá, bato com a cara na porta. Apesar de a luz do estúdio estar acesa, a porta estava trancada e não dava pra ver se tinha alguém lá dentro. Grito, berro, xingo e nada. Vou até a portaria e pergunto se alguém estava com a chave da rádio. Sim, alguém estava com a chave.
Depois de passar muita raiva, desencano de gravar o jornal e vou terminar de colar os cartazes, xingando todas as gerações do técnico responsável (que era o Gabriel). Por volta das 19h15 encontro com o Gabriel na região das salas 70:
Gabriel: Pô véio, por que o NJ não rolou?
Eu: Não tinha técnico.
Gabriel: Mas eu tava lá a tarde inteira.
Resumindo: alguém trancou a porta que dá acesso a rádio e o Gabriel estava ouvindo música, portanto, ele não ouviu os meus berros. Ok, vamos gravar o programa? Não, o outro locutor (Daniel Gomes) tinha acabado de entrar na aula e só iria sair no intervalo, às 21h. Fui esperar com o Gabriel no boteco.
Depois de uma cerveja e uma porção de amendoim, começamos a gravar por volta das 21h30. Tivemos alguns problemas técnicos e, após a gravação, eu e o Gabriel gastamos um tempo arrumando os erros (como um ataque de riso frenético que tive depois que o Daniel disse Elba Barramalho em vez de Elba Ramalho, numa notícia da editoria de Cultura).
Depois de tudo arrumadinho, o Gabriel chamou um amigo dele para nos dar carona. Quando o amigo chegou, lembrei que o Palmeiras estava jogando. Olhamos na internet: o jogo estava nos pênaltis e Edmundo havia acabado de perder uma cobrança. Chegamos no carro e ligamos o rádio:
-Ehhhhhh, o time jogou mal, mas o importante é que ganhamos do Palmeiras nos pênaltis.
Puta que pariu! Palmeiras eliminado da Copa do Brasil pelo Ipatinga. Vai se fuder!
Bom, fazer o quê? Pelo menos eu não ia gastar o dinheiro do busão pra voltar pra casa. Acontece que quando estavamos na Avenida Nações Unidas, perto do Confiaça Flex, acaba a gasolina do carro do amigo do Gabriel. Detalhe: justamente numa subida.
Eu, Gabriel e outro amigo dele que estava presente empurramos o carro a subida inteira. Depois de uns 15 minutos de tentativas, xingamentos e quase atropelamentos, o carro pegou. Só que na correria para entrar no carro, fecharam a porta do carro na minha mochila e a presilha da alça quebrou: mochila quebrada.
Eu, melancolicamente, chego em casa às 23h30 com meus 250 folders dobrados na minha mochila quebrada e com a sensação de que não deveria ter levantado da cama.