Noutro dia eu estava jantando e liguei a TV para assistir ao Jornal Nacional.
Como os leitores deste blog já devem ter percebido, caso tenham assistido ao programa da Rede Globo nas últimas semanas, a emissora está veiculando reportagens especiais sobre a visita do Papa.
Ora, nada mais justo, afinal, estamos em um dos países de maior população católica do mundo. Ok, mas cobertura não significa subserviência.
Após uma notícia sobre os preparativos da visita de Bento XVI, Bonner e Fátima dão uma nota sobre um comunicado da Igreja ou de algum padre importante (não me lembro ao certo) condenando veementemente a homossexualidade. Os âncoras não expressam nenhuma opinião e seguem o jornal com mais uma reportagem relacionada com a visita do Papa.
A Globo se gaba tanto de fazer novelas que tratam de temas como homossexualidade, mas é incapaz de emitir uma opinião contrária à parte retrógrada da Igreja; e ainda por cima veicula mais uma matéria de "eba, o Papa está chegando".
Essa matéria que veio na seqüência e deixou ensanduichada a nota sobre a homossexualidade foi ridícula. É como se os apresentadores dissessem: "não importa que a Igreja acha que os gays são doentes, o Papa está chegando! Esqueçam! Não discutam! Deixem o preconceito dentro de vocês para sempre!"
Arrisco dizer que o preconceito contra homossexuais está mais arraigado em nossa sociedade do que o preconceito contra negros. Ainda ouvimos (e muitas vezes fazemos) piadinhas sobre os gays, sendo que qualquer tipo de preconceito é condenável da mesma maneira.
A Globo mais uma vez mostrou rabo presto e deixou de prestar um grande serviço à bandeira da igualdade, quando poderia ter criticado a fala do tal padre.