Meu primeiro sapo

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Meu primeiro sapo

Era umas oito horas, comecinho da noite, nuvens negras no céu, chuva fina caindo, que ora apertava, ora diminuía, e eu na estrada, sozinho, rumo a Bauru. Era minha primeira viagem mais longa sem nenhuma companhia. Que, aliás, foi muito mais legal do que imaginei. Afinal, o cenário era bem do jeito que gosto: chuvinha, paisagem de fim da tarde linda, noite, vários carros pra ultrapassar, pista dupla, programa de esporte na rádio. Fiquei até pensando em outras viagens que quero fazer num futuro próximo.

Até que, em algum lugar entre Brotas e Jaú, surge diante das luzes do farol um pequeno sapo. A 180 km/h, com o raio de visão limitado por conta da noite, a única coisa que tive tempo pra pensar foi “Nossa, um sapo”.

Era um sapo. Agora virou asfalto. Acho que tive cerca de 0,8s entre o momento que confirmei a natureza daquela coisa que pulou no meio da estrada, e a minha roda passar impiedosamente sobre o bichinho. Eu, que não mato nem mosca, jamais teria a intenção de cometer a crueldade que cometi. Mas, infelizmente, aqueles 0,8s não foram suficientes pra eu completar o raciocínio “Nossa, um sapo”“Pobre animalzinho” – “Vou desviar”, pra depois virar o volante. Só houve tempo pra primeira parte.

A ficha só foi cair mesmo quando deu aquele tranco na roda, como se tivesse passado em um buraco. “Caraca, matei o sapo”. Era minha primeira vítima que fazia com meu carro.

Eu podia ter muito bem desviado, desacelarado, enfim, evitado aquela fatídica morte, se tivesse pensado rápido o suficiente para tal. Mas não deu. Agi (ou deixei de agir) por impulso. O resultado foi um sapo a menos no mundo. Paciência.

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PS1: Atropelei um sapo, beleza, mas esse cara aqui diz que atropelou uma capivara. Aí já é demais.