Ao ler o livro de Giovanni Sartori, Homo videns: televisão e pós-pensamento, é inevitável refletir sobre uma questão levantada pelo autor.
Ele critica veementemente as inserções de opiniões do público em programas de televisão.
Ué? Como assim? Ele critica justamente o espaço que o público tem para opinar?
É, mas ele tem embasamento para isso. Por exemplo, em uma matéria televisiva sobre economia, um cidadão dá um depoimento dizendo que é favorável à baixa dos juros porque ele quer que o Brasil cresça.
Quando o cidadão diz isso vários telespectadores concordam com ele e essa opinião acaba sustentando uma verdade, ou seja, a partir do momento em que o nobre cidadão (que não sabe muita coisa de economia) fala que com a queda dos juros o Brasil vai crescer, muitos telespectadores assimilam aquilo como sendo um fato concreto.
O problema é que o nobre cidadão não sabe muita coisa sobre economia e sua opinião foi colocada na matéria porque o jornalista é ensinado a "dar espaço para o povo falar", pois o povo precisa ter uma opinião.
Mas nem sempre o povo tem opinião. Só que não é aceitável que uma pessoa não se posicione sobre um assunto importante.
O que acaba acontecendo? A pessoa formula uma opinião muitas vezes vazia, sem nenhum embasamento e que pode ser modificada facilmente com uma explicação convincente por parte de alguém que tenha relativo conhecimento sobre o assunto.
E o pior de tudo: essa opinião vazia influencia várias outras pessoas.
Portanto não se sinta culpado se você não tiver uma opinião a respeito de algum assunto importante e não tenha medo de dizer isso. Tente se inteirar muito bem sobre o caso em questão para emitir uma opinião.