O grande colunista e blogueiro Juca Kfouri, na edição de domingo da Folha de SP, escreveu em sua coluna no caderno de Esporte sobre projeto de lei, defendido pela FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas -, que estende a obrigatoriedade do diploma para certas funções de jornalismo que até então não precisavam, como comentaristas esportivos, por exemplo.
Juca ainda aproveitou pra expor a sua indignação com a obrigatoriedade do diploma para qualquer exercício de jornalismo, citando figuras como Mino Carta, Alberto Dines e Clóvis Rossi para demonstrar que não fora necessário nenhum diploma para que esses viessem a ser excelentes jornalistas (apesar de Clóvis Rossi ser formado em jornalismo, como o próprio Juca Kfouri já corrigiu).
Abaixo segue na íntegra o email que enviei a ele, mostrando o meu ponto de vista com relação ao assunto. Para ler a coluna do Juca o qual faço referência, clique aqui. No entanto, voce vai precisar ser assinante da UOl ou da Folha para lê-la :(
------------------------------------------------------
Primeiramente, quero dizer que sou um grande admirador de seus textos, tanto nas colunas da Folha quanto no seu Blog, que passei a frequentar assíduamente a partir da Copa do Mundo. O seu e o da Soninha foram os melhores (dos poucos) que encontrei sobre futebol.
No entanto, gostaria de falar sobre a sua coluna no caderno de Esporte de hoje, dia 23 de julho, 'As contradições do Patropi'. A obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão já é antiga - apesar da recente liminar que derrubava essa norma -, mas vira e mexe, volta-se a discussão. Agora, com a nova proposta defendida pela FENAJ (ao meu ver, corporativista) de estender a obrigatoriedade do diploma para outras funções midíaticas, novamente o debate vem à tona.
Como graduando do curso de jornalismo, a princípio, sou defensor da obrigatoriedade do diploma, mas somente para algumas funções-chaves, como editor, repórter, pauteiro e outras que me fogem. Vejo a prática de jornalismo, não como um exercício tão-somente de liberdade de expressão - visão defendida por recente editorial da Folha de SP -, mas sim como uma função social, com o papel de trazer para a sociedade o resumo dos fatos, principalmente os de interesse publico, sob forma de informação de qualidade e isenta. E como um diploma universitário propiciaria ao jornalista essa capacidade?
Ao meu ver, o principal fator que a preparação em uma faculdade de jornalismo oferece são as matérias teóricas, como Filosofia, Sociologia de Comunicação, Teoria da Comunicação entre outras. Independentemente de serem aproveitadas adequadamente pelo aluno, elas pelo menos o faz pensar sobre o funcionamento da sociedade e os efeitos da comunicação sobre ela.
Essa reflexão com a qual o aluno se depara, ao menos, contribui para que o jornalista não vire um mero reprodutor de textos-padrões. A parte técnica, como escrever bem ou saber entrevistar, realmente, qualquer um pode aprender, independente de se ter um diploma.
Não quer dizer, claro, que um profissional sem diploma não terá uma postura crítica ou que um com diploma terá. Assim também como um médico formado pode ser um grande incompentente.
Sobre seu argumento de que grandes jornalistas como Mino Carta e Clóvis Rossis não possuem diploma para justificar a não necessidade do diploma, poderia se citar também maus jornalistas que não possuem o diploma para justificar a necessidade.
Bom, as minhas idéias sobre a questão estão expostas nestas palavras que lhes envio, aguardo alguma resposta, seja pessoal ou não, para que o debate não pare por aqui.
Abraços e continue o bom trabalho.
João Ricardo da Silva, 20, estudante do segundo ano da UNESP.