Estudam a sociedade, suas relações antropológicas, políticas, filosóficas, linguísticas, históricas, geográficas, sociológicas.
Mas a imensa maioria se esquece da cidade, do país e do mundo em que vive. Os iluminados fecham-se na torre de marfim, apesar de abusarem de tal expressão sempre que podem.
Exemplo concreto são as três frases saídas das bocas de docentes em sala de aula, que reproduzo abaixo, com a tentativa de contextualização entre parênteses:
-"Isso qualquer verdureiro sabe"
(Professora de Política II, ao se referir à popularidade da obra de "O Príncipe", de Maquiavel, dizendo que os estudantes têm que ir além do senso comum - lembrou-me a citação de Boris Casoy, no fim do ano passado - escrevi sobre);
-"Para entrar na USP é só prestar qualquer curso com aquelas habilitações bizarras da Letras"
(Professora de Sociologia I, esquecendo-se que a relação candidato/vaga do curso de Ciências Sociais é baixa e avaliando a importância do curso pelo fator vestibular);
-"Aí eu fiz o doutorado e virei gente"
(Professora de Antropologia I, expressando-se de modo infeliz para dizer que teve relevância acadêmica a partir de tal momento. Ela, inclusive, não fez essa contextualização. Talvez ela seja um dos poucos milhares de seres humanos de verdade no Brasil).
Assim como o dinheiro, a intelectualidade sobe à cabeça. Segundo o professor Daniel (Letras), crítico em relação à posição política (de imobilidade) da maioria dos docentes da USP, 1/3 deles têm dívidas em cartões de crédito apesar do alto salário recebido. "Eles se acham os novos FHC. A USP traz o prestígio, o dinheiro. Eles adotam padrões de consumo absurdos para terem status e fazerem turismo em congressos".
Apesar de todo o "conhecimento", de nada adianta se não houver discussão. As aulas são como palestras em que muitos alunos são ridicularizados pela "falta de conhecimento" quando tentam realizar uma intervenção. Discutir o papel da universidade em uma aula do curso de Ciências Sociais com a reitoria ocupada a poucos metros? Nem pensar.
Em três palavras: punhetagem de conhecimento.
_______________________
Metalinguagem: guardei no pensamento duas das frases e com o surgimento de mais uma na primeira semana de aula, tive a ideia de escreve este texto. Não desconsidero a importância das aulas, mas a leitura organizada de textos está sendo bem mais proveitosa, além de discussões com alunos em corredores.
(Professora de Política II, ao se referir à popularidade da obra de "O Príncipe", de Maquiavel, dizendo que os estudantes têm que ir além do senso comum - lembrou-me a citação de Boris Casoy, no fim do ano passado - escrevi sobre);
-"Para entrar na USP é só prestar qualquer curso com aquelas habilitações bizarras da Letras"
(Professora de Sociologia I, esquecendo-se que a relação candidato/vaga do curso de Ciências Sociais é baixa e avaliando a importância do curso pelo fator vestibular);
-"Aí eu fiz o doutorado e virei gente"
(Professora de Antropologia I, expressando-se de modo infeliz para dizer que teve relevância acadêmica a partir de tal momento. Ela, inclusive, não fez essa contextualização. Talvez ela seja um dos poucos milhares de seres humanos de verdade no Brasil).
Assim como o dinheiro, a intelectualidade sobe à cabeça. Segundo o professor Daniel (Letras), crítico em relação à posição política (de imobilidade) da maioria dos docentes da USP, 1/3 deles têm dívidas em cartões de crédito apesar do alto salário recebido. "Eles se acham os novos FHC. A USP traz o prestígio, o dinheiro. Eles adotam padrões de consumo absurdos para terem status e fazerem turismo em congressos".
Apesar de todo o "conhecimento", de nada adianta se não houver discussão. As aulas são como palestras em que muitos alunos são ridicularizados pela "falta de conhecimento" quando tentam realizar uma intervenção. Discutir o papel da universidade em uma aula do curso de Ciências Sociais com a reitoria ocupada a poucos metros? Nem pensar.
Em três palavras: punhetagem de conhecimento.
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Metalinguagem: guardei no pensamento duas das frases e com o surgimento de mais uma na primeira semana de aula, tive a ideia de escreve este texto. Não desconsidero a importância das aulas, mas a leitura organizada de textos está sendo bem mais proveitosa, além de discussões com alunos em corredores.