A fluidez do trânsito em segundo plano, ainda bem

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A fluidez do trânsito em segundo plano, ainda bem

Como de costume, eu estava ouvindo a rádio Jovem Pan enquanto comia alguma coisa na cozinha da minha casa, lá para umas 6 da tarde da última segunda-feira.

Acontece que, nesse mesmo dia, a prefeitura de São Paulo estava colocando em prática a implantação de um corredor especial para motos na avenida 23 de maio (em caráter experimental), das 10h às 16h. E como eram 6 da tarde, a nobre emissora já dava seus pitacos na experiência kassabiana.

Os jornalistas nem se preocupavam em ser contidos ou não explicitar opinião (o que não é ruim), metiam a boca geral. Diziam que o trânsito tinha dobrado, que para percorrer um trecho que demorava 50 minutos o motorista estava levando duas horas, que era um absurdo, etc.

Um dos jornalistas fez uma longa matéria sobre o tema. Dos motoristas de carros entrevistados, todos eram contra a medida. Não houve motoboys entrevistados (o que é um tremendo absurdo). O único que pôde falar foi um representante da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). O diálogo foi mais ou menos assim:


Repórter: Sr. Fulano, você não acha que a medida vai piorar o congestionamento em SP?

Representante da CET: Sim, nós prevíamos que iria haver um aumento na lentidão, mas há vidas de motociclistas em jogo.

Repórter: O senhor quer dizer que a fluidez do trânsito fica em segundo plano?

O que me resta dizer, olhando atônito para o rádio? VAI TOMAR NO CU!
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Metalinguagem: enquanto escrevia esta postagem, lembrei-me do documentário Motoboys: Vida Loka. Procurei o trailer para colocar aqui, mas não achei. Assista, vale a pena.