Pato Fu

quarta-feira, 14 de março de 2007

Pato Fu

Se você só conhece Pato Fu por ter ouvido alguma música da banda no rádio, provavelmente você acha que se trata de mais uma bandinha pop que faz músicas comerciais.

Eu pensava assim até entrar no “Chamem um médico urgente” e ler um post sobre o último CD da banda mineira. A resenha me instigou e baixei o “Toda Cura Para Todo Mal”.

O som é muito misturado: rock, eletrônico, baladas e até uma música caipira. Mas o que realmente me surpreendeu foram as letras. Elas são muito inteligentes e falam bastante sobre mass customization, consumismo e era da informação. Tudo isso recheado de muita ironia e bom humor.

Vou escrever, a seguir, trechos de algumas letras (minhas interpretações entre parênteses):

1 - Anormal: “Rádio ligado, troco estações porque não sei o som que você pode odiar. No supermercado eu tento escolher o mesmo sabor que você deve gostar”. (Até as relações se baseiam no que as pessoas consomem – seu eu gostar dessa música eu não posso andar com fulano, se eu comer carne não posso andar com ciclano).

2 - Uh Uh Uh, La La La, Iê Iê: “Tá certo que milagre pode até existir, mas você não vai querer usar. Toda cura para todo mal está no Hipogloss, no Mertiolate, Sonrisal”. (A cura para todo o mal está nos remédios que adquirem esse status por meio da propaganda. Podemos até acreditar em milagre, mas nossa fé não é tão grande a ponto de resistir às promessas de curas instantâneas).

5 - Simplicidade: “Quanto mais simplicidade melhor o nascer do dia”. (A música é caipira e cantada por uma voz metalizada que lembra a de um robô. Os robôs já têm inteligência suficiente para perceber o que nos é cada vez mais difícil enxergar).

8 - Estudar pra quê?: “Quem mexe na internet fica bom em quase tudo. Quem tem computador não precisa de estudo. Estudar pra que?”. (Ironia latente. Hoje é possível ficar rico usando a internet. Se no mundo capitalista o que interessa é o dinheiro, estudar pra quê?)

9 - Vida Diet: “Me habituei ao pão light, à vida sem gás, meu café tomo sem açúcar. E até ficar sem comer, sem te ver, a gente custa mas se habitua”. (A busca por uma vida mais saudável acaba nos privando da essência das coisas. A procura do corpo perfeito faz com que tenhamos uma vida diet).

E para completar fui ao show do Pato Fu no SESC de Bauru. O show foi muito bom (um dos melhores que eu já fui).