Algumas amigas minhas e eu fomos até o bairro de Ferradura Mirim, hoje (sábado), na periferia de Bauru. Temos um projeto de fazer um jornal comunitário no bairro. Foi o primeiro contato que tivemos com a comunidade.
Quando chegamos, os marianistas (grupo que ajuda o bairro há vários anos) organizavam uma reunião semanal, em que é servido um almoço e alguns vídeos educativos são mostrados a crianças e adolescentes da comunidade. A reunião não era para nós. Em outras palavras: chegamos de bicões.
Para quem nunca teve contato com comunidades carentes o choque de realidades é grande. Muitas crianças estavam sujas e só devem ter ido até lá para comer.
Conversamos com grupos de adolescentes sobre a importância que o jornal pode causar na comunidade, sobre o que ele pode ajudar na comunidade e na visão que a cidade passará a ter do bairro. A maioria dos jovens estava bem envergonhada com a nossa presença, mas uns poucos se soltaram e mostraram certa empolgação com o projeto.
Marcamos outra reunião e insistimos para que o projeto fosse bastante divulgado.
Depois da reunião eu tive alguns pensamentos:
-Estávamos explicando para os adolescentes a importância do jornal. Será que nós temos a dimensão exata disso?
-Realmente não conhecemos nada de Bauru.
-Tenho medo de que o nosso grupo chegue como salvador da pátria, como diferente, como superior.
-Tenho medo do uso político que algum grupo possa querer fazer do nosso jornal
-Estou esperançoso de que o jornal mude a vida das pessoas da comunidade de alguma forma positiva.
-Espero que isso não seja uma coisa pontual.
Durante a próxima semana temos que fazer várias coisas com relação à estrutura do jornal. A reunião de pauta está marcada para o próximo sábado.
Tomara que dê certo.