Às vezes eu trabalho aos sábados. Quando isso acontece, preciso acordar mais cedo do que em dias normais porque sempre tem um eventozinho oficial para cobrir por volta das 8 ou 9 da manhã (em dias de semana, eu entro às 11h). Ontem, no entanto, foi um pouco diferente. A pauta era à tarde.
"Dê uma passada nesse evento da praça Cidade das Flores", disse a minha editora. Era para eu aparecer por lá umas 17h.
A festividade se chamava "Roda de Todos os Santos". A ideia era fazer com que grupos de cultura popular da cidade se reunissem em uma marcha que iria do centro cultural até a praça. Lá, eles organizariam diversas rodas e o convidado especial, Antônio Nóbrega (o da foto), finalizaria a tarde com um show de frevo.
A matéria seria curtíssima, apenas uma fotolegenda. A editora queria garantir uma imagem chamativa para a capa (enganado os leitores, pois no interior do jornal, haveria poquíssimo texto). Mesmo assim, entrevistei o diretor cultural e fiquei sabendo que mais de 23 grupos culturais iriam participar: catira, congada, roda de samba, capoeira, taikô e kung fu (as duas últimas, tradições orientais) seriam algumas das atrações. A apresentação do Antônio Nóbrega começaria por volta das 20h.
Quase ao mesmo tempo, também de graça e na mesma Suzano (pasme!) ocorreria um show da banda Beatles Abbey Road (foto), que eu já tinha me programado para assistir. Abortei a ideia determinado a voltar à praça cidade das Flores.
Fui para a redação em Mogi das Cruzes (cidade vizinha) com o fotógrafo e o motorista do jornal. Escrevi uma matéria pequena e a fotolegenda. Estava liberado às 19h15. Cheguei em Suzano quase às 20h e Nóbrega já tinha começado o espetáculo.
Quando estudava em Bauru, eu tinha me acostumado a ir a shows no SESC em que eu e alguns amigos e amigas dançávamos ao som de ritmos brasileiros. Até nas festas de república (com as bandas Filha Solteira, Gnomus Verdes Fritos e Vai Brasil!) isso ocorria. Aqui em Suzano, só presenciei algo parecido uma vez. Nesta segunda oportunidade, a sensação de nostalgia foi inevitável.
Primeiramente, pela saudade que carrego de pessoas especiais. Quando uma ciranda de três camadas se formou, as lembranças de minhas queridas amigas Marjorie e Natalinha marejaram meus olhos e a dancinha que lhes é tão peculiar (por mim apelidada carinhosamente de dança do acasalamento) se fez nítida nos corpos de outras pessoas. Em segundo lugar, pelo estranho sentimento nordestino que tenho na minha própria cidade, como já tentei explicar aqui. A agitação de Nóbrega fez tudo isso se aguçar, mesmo que por poucos minutos.
A pipoca com queijo e amendoim torrado, seguida de uma boa garapa deram um ar infantil ao início da noite, que só foi terminar ao som do fab four tupiniquim (me trazendo lembranças de Vanessa e Thiago).
Ô sardade!
________________
Metalinguagem: e a saudade não é só das pessoas, mas da vida que levávamos. Como diz o título, um post descritivo.