Zona de Conforto

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Zona de Conforto

Quando se está na universidade, com a idade e com as idéias que eu e muito amigos temos, sempre vem um velho (com todo o respeito) e diz:

-É, é muito bonito você lutar hoje, falar todas essas coisas; mas depois quero ver! Você vai ter que ganhar dinheiro. A maioria fala essas coisas nessa época, depois vai correr atrás do dinheiro igual a todo mundo.

O gozado é que eles não torcem para você conseguir arranjar um emprego que faça bem para a sociedade, tenha a ver com os ideais de esquerda e que possa te sustentar. Parece que eles querem ver você se fudendo. É um tipo de agouro misturado com vontade de fazer igual. É um prazer sádico que tem uma única finalidade, a de dizer: “Eu avisei”.

Sem contar que muitos desses velhos nem tiveram idéias contrárias ao sistema ou foram simplesmente “revolucionários de butique”, que só se manifestavam quando todos os estudantes de sua época já estavam no embalo. Quando se formam e vão trabalhar em grandes coorporações, sem ter tentado algo alternativo, dizem: “não tem jeito, o negócio é ganhar dinheiro”.

Ou seja, preferem ficar na tal Zona de Conforto. Vão ganhando o dinheirinho sem fazer mal a ninguém, virando a cara para o mendigo, seguem sem contato nenhum com favelas, com pobres, compram um carrinho maior, etc.

Conheço muitos caras que sobrevivem do trabalho alternativo e têm liberdade de opinião (em se tratando de jornalismo).

Velhos, com todo o respeito, revolucionários do passado e reacionários do presente, deixem-me tentar fazer algo diferente.

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Metalinguagem: mais uma foto meramente ilustrativa