Mercy Zidane: agosto 2007

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Marketing Social


Abaixo reproduzo texto sobre Laranja Mecânica, que escrevi pra disciplina de Ética. Se você ainda não viu o filme, não leia e vá à locadora mais próxima.



Marketing Social

Quando disse que havia alugado Laranja Mecânica, sem ter a menor idéia de que teria que escrever um texto sobre o filme duas semanas mais tarde, ouvi de meu irmão um “esse filme me dá aflição” e logo em seguida um “somehow I dont like to watch it” de meu padrasto dinamarquês. Mas ao fim de duas horas em frente à TV, pensei: “quanta frescura daqueles dois”.

Toda a violência do filme de Kubrick é bastante explícita, mas um explícito de 1971, bastante chinfrin se comparado com as dores na espinha de quem assiste Paixão de Cristo e Apocalypto, ambos de Mel Gibson. Faço o devido reconhecimento, no entanto: 36 anos atrás, Laranja Mecânica deve ter estremecido até os mais durões.

Se Alex começa o filme por cima da carne seca, gozando dos mimos da mãe, da sua vida de classe média, e, principalmente, da impunidade de seus crimes, que variam entre roubo de casas, espancamento de mendigos e estupros - tudo feito sob a segurança da ação em bando -, sua sorte muda logo após cometer um homicídio. Ele então é traído pelos amigos, preso, e submetido a experimentos com drogas (sob sua vontade, é bom lembrar) realizados pelo governo, que visam eliminar a maldade do criminoso. A finalidade dos experimentos era fazer Alex sentir terríveis náuseas quando deparado com desejos que poderiam levá-lo a praticar um crime. Bingo!

Daí pra frente, poderíamos dizer que a vida de Alex passa a ser puro sofrimento. Ele sofre rejeição da sua família, é espancado, torturado, física e psicologicamente, tudo em belas doses cavalares. Depois de chegar ao fundo do poço, quando tenta dar cabo de si próprio no intuito de pôr fim a intenso sofrimento psicológico, sua vida toma outra vez novo rumo, mas com um fim menos trágico. Um ministro do governo reconhece os erros da experiência ao qual Alex fora submetido, e lhe oferece uma parceria aparentemente vantajosa.

Se a palavra moral é definida pelo conjunto de costumes de uma sociedade, poderíamos dizer então que Alex, durante sua frase negra, fora o supra-sumo do ser amoral. Fazia apenas o básico para garantir sua sobrevivência dentro da sociedade, apresentando um comportamento minimamente aceitável apenas quando estava com a família ou com sua gang. Não reprimia quase nenhum de seus instintos, mesmo que isso significasse sofrimento a terceiros.

Talvez todos nós sejamos assim, mas em menor escala. Se entre nossos valores morais estão a honestidade e o altruísmo, valor este último bastante veiculado em projetos sociais de grandes dimensões como o Criança Esperança, seríamos então seres apenas aparentemente morais. Se nos defrontamos com um problema cuja solução não nos traga benefícios de imediato, passamos reto, olhando pra cima. Nos fazemos de bonzinhos apenas para garantir a nossa sobrevivência e bem-estar. Alguém já deu até nome para isso: Marketing Social.

domingo, 26 de agosto de 2007

Cansou?


Eu sei que é meio clichê falar mal do famigerado movimento "Cansei" da OAB-SP (assim como Angeli fez na Folha de SP), mas não dá para deixar passar em branco. Tenho que meter o pau.

Vamos por partes:

1. O "Cansei" é organizado por patrões. Ué, o patrões não têm o direito de se revoltarem? Direito eles têm, mas é, no mínimo, contraditório. A OAB, que organiza a campanha é a mesma entidade que criou a campanha "Fiscal não é juiz", que luta pela derrubada do veto do presidente Lula sobre a Emenda três. Essa emenda ataca fotemente os direitos trabalhistas.

2. As manifestaçõs do cansei não levam a nada. São milhares de pessoas que ficam fazendo passeatas nas ruas contra a violência, contra a corrupção, mas isso não é direcionado, eles não sabem a quem cobrar. O que a adianta fazer uma passeata contra assaltos e voltar para casa, sem conscientizar ninguém de onde é preciso cobrar e contra quem?

3. O "Cansei" se diz apartidário. Não me venham com essa de apartidarismo. Dizem que é um movimento apartidário, mas todo mundo lá dentro pertence a partidos conservadores.

4. Estranho a elite se cansar de violência, de burocracia, de aviões que caem, sendo que ela mesma que provoca esses problemas, pois é a exploração excessiva dos trabalhadores que causa isso. Querem mais segurança quando deveriam querer mais educação.

Portanto, se a elite se cansou, imaginem os pobres, a imensa maioria da população brasileira. Enquanto um reclama dos maus tratos nos vôos, os outros reclamam de não ter o que comer, enquanto um reclama da violência e dos criminosos, os outros são obrigados a roubar, pois não têm emprego e precisam colocar comida dentro de casa.

No dia em que os pobres se cansarem, não vai ter movimentozinho que segure.
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www.tocansadinho.blogspot.com

sábado, 18 de agosto de 2007

Por que o Galvão não dançou a Dança do Siri?


No domingo último, os reportéres Vesgo e Sílvio, do Pânico na TV, realizaram mais uma inesquecível matéria. Os dois se lançaram na épica missão de convencer Galvão Bueno a fazer a Dança do Siri, depois que o locutor narrou a seleção masculina de basquete fazendo a dança, fato que deu início à campanha Dança Galvão. Ora, se até Faustão, Gugu Liberato e Sílvio Santos dançaram, porque nosso ilustre narrador não dançaria também?

Mas dessa vez a tramóia foi maior do que o normal. A dupla de repórteres foi até Londrina, onde vive Galvão, disposta a pegá-lo de calças curtas. Para tal, invadiram um evento pelos bastidores, onde descobriram outra profissão do locutor: jurado de concurso de modelos. Vejam só o vídeo:





Diferentemente de sua mulher, Desirée, que no dia anterior recebeu a dupla do Pânico com muito bom humor e muita simpatia, Galvão ficou visivelmente irritado com a proposta de fazer a Dança do Siri. Depois de se negar a pagar o mico, o locutor saiu de cena à la estrela de Hollywood, fugindo, sob a escolta de um segurança bruta-monte, em um carro preto em alta velocidade, para a tristeza de Vesgo e Sílvio.

Se o Galvão já ficou bravo com este primeiro assédio da dupla do Pânico, é bom ele aumentar seu estoque de calmantes. A Campanha Dança Galvão promete crescer cada vez mais, invadindo os campos de futebol, sua área de trabalho.

No meio da semana, a campanha foi parar no Campeonato Brasileiro. Vesgo e Sílvio estiveram no Maracanã para divulgá-la, distribuindo cartazes e pôsteres para torcedores, e incitando jogadores a comemorar os gols com a dança. De acordo com o Blog do Vesgo, a primeira aparição de um dos cartazes da campanha aconteceu no Fla-Flu de quinta-feira, no SPORTV.

Na vitória do Brasil sobre a Nova Zelândia na Copa do Mundo sub-17, Lulinha comemorou seu gol fazendo a dança, cuja imagem foi cortada no Globo Esporte. Como um garoto que se revolta com um apelido jocoso dado pelos colegas, a Globo parece ter mordido a chumbada, e tenta evitar com que a Dança do Siri chegue à sua programação - o que serve apenas para dar mais ânimo à campanha.

Até onde essa história vai, eu não sei. Mas o que parece mais incrível é que a tal dança, que já é uma praga nos links ao vivo de telejornais da Globo, dá sinais de estar se tornando uma espécie de manifestação anti-global. Basta ler a notícia “Fiéis fazem "dança do siri" para evitar imagens de casal da Renascer”, para perceber que aquilo que era apenas mais uma brincadeira para ridicularizar celebridades está ganhando nova conotação.

Imaginem só se no dia 5 de outubro, data que vence a concessão pública da Rede Globo e de outros canais, milhares de manifestantes estiverem cantando “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”, fazendo a Dança do Siri. Leonel Brizola remexeria na cova – ou, quem sabe, dançaria junto.




- Está sendo articulado um movimento nacional que buscará uma melhor fiscalização para as concessões públicas de radiodifusão (TV e Rádio). Manifestações populares estão sendo organizadas em várias capitais brasileiras para o dia 5 de outubro, data que vence a concessão dos principais canais de TV brasileiros. Para mais, informações leia aqui.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A bola rola no velho continente


Pra mim não tem nada melhor que passar o domingão inteiro assistindo futebol europeu. Me acampo em frente a TV desde manhãzinha, geralmente por um jogo da Bundesliga, seguido por um da Premier League, para mais à noite acompanhar o Barça do Gaúcho ou o Real do Robinho no Campeonato Espanhol. Isso sem falar na rodada do Brasileirão às 4.

Nesse fim de semana vi 3 jogos: 1 do campeonato alemão, e dois do inglês, incluindo o do Liverpool. O que foi aquele gol da vitória do Gerard, no finalzinho?



O meu campeonato preferido, de longe, é o Inglês. Apesar de ser semelhante a um Campeonato Paulista, em que 4 times disputam o título e os demais fazem figuração, me encanto cada vez mais com seus estádios lotados, a inexistência de alambrado separando torcida e camp e os clubes mega tradicionais. Além dos bons jogadores, é claro, dos quais a maioria é estrangeira.

Pode ser um Blackburn x Everton da vida que o estádio vai estar cheio e o jogo certamente será emocionante. Vejam se é possível em algum outro lugar uma comemoração tão "comemorada" como essa do primeiro gol do Tevez na terra da rainha:



Fazia tempo já, mais de mês, desde a final da Copa dos Campeões, que não tinha outra alternativa (fora a final da Copa América) a não ser aturar as peladas da elite do futebol nacional (apesar do Tricolor já estar confeccionando a faixa do Penta), que a cada ano fica pior, pior, pior...

Mas não é pra menos. É como falou um amigo meu certa vez: "Hoje o cara dá um elástico em um jogo e na semana seguinte ele já ta na Ucrânia".

Antes (até a década de 70), ninguém saía. Na década de 80 e 90, só os bons mesmos saíam. Hoje qualquer zé ruela toma o caminho do aeroporto rumo a Japão, Catar, Coréia do Sul, Rússia.

Se há saída pra esse problema, ela está bem longe. Só mesmo com a economia brasileira se fortalecendo o suficiente a ponto dos clubes poderem bancar milionários salários. Uma medida paliativa seria promulgar leis que dificultem a saída precoce de um jogador. Por exemplo, uma que pensei: proibir a transferência para o exterior de jogadores com menos de 20 anos. Teríamos salvo o Pato, que com 17 (17!), já foi pro Milan. Mas provavelmente uma lei dessa esbarraria em alguma outra lei trabalhista.

Com esse panomorama nada animador do futebol brasileiro, já tem gente falando que no futuro não vai ter pai fanático que fará a molecada deixar de torcer pro Barcelona, Chelsea ou Milan no dos falidos clubes brasileiros. Será?




- Vou tentar ir ao Blog Camp, que rola em Sampa, dias 25 e 26 de agosto. Mas honrando a tradição : João Ricardo da Silva", só fiquei sabendo do evento na última hora, quando as inscrições já haviam acabado. Mesmo assim, mandei email pra ver se não me encaixam na parada

sábado, 11 de agosto de 2007

Você se lembra de quando a Vale era nossa?

Faço essa pergunta porque eu me lembro muito pouco. A Vale do Rio Doce foi privatizada em 1997, logo, eu tinha apenas 12 anos. Estava mais preocupado em não perder nenhum capítulo dos Cavaleiros do Zodíaco do que me interar sobre aspectos da soberania nacional.

Eu nem sabia que tinha havido conflitos na época do leilão da Vale. Alías, eu nem sonhava em saber que a Vale era uma empresa de mineração.

Mesmo agora que estou na faculdade, sei muito pouco sobre a companhia. Fiquei interado sobre "detalhes" pouco diivulgados na mídia por meio dos vídeos da campanha "A Vale É Nossa", realizada por várias entidades. Abaixo estão os links:

-Vídeo 1
-Vídeo 2
-Vídeo 3

No total, dá uns 20 minutos. Desculpem o trocadilho, mas vale a pena assistir.

Mais detalhes sobre a campanha pelo site: www.avaleenossa.org.br

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

É por isso que eu leio a Folha


Tá rolando uma campanha na blogosfera "anti-Estadão". Tudo porque as recentes propagandas do jornal cutucam os blogs, contestando sua confiabilidade.

Veja abaixo o vídeo que eles fizeram, que beleza:



Leia mais sobre o tema Estadão x Blogs nos posts do Pensar Enlouquece e no Brainstorm9

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Apagão Online

Neste post aqui, meu companheiro de blog já denunciava a existência de uma temível opressão blogueira, que corria solta pelos corredores obscuros e tenebrosos da blogosfera. Mas era uma opressão, digamos, não tão opressora assim, vinda de um opressor nada intimidante, se comparado a dois casos recentes.

Em maio último, um misterioso problema técnico ocorrido nos servidores do Terra e no Gmail, que é administrado pelo Google, tirou do ar o Blog da Ocupação da USP e o email utilizado por seus administradores. Vale lembrar que o blog era mantido diretamente pelos ocupantes da reitoria uspiana e servia como contra-informação diante dos enormes disparates divulgados sob forma de informação pela grande mídia em relação à ocupação.

Hoje, o Blog da União dos Torcedores Brasileiros publica texto denunciando outro apagão online:

"Desde terça-feira, dia 07/08/07, não é mais possível acessar o blog “A Verdade do Pan 2007” nem “A Verdade da Copa 2014” coordenados por uma pessoa com o pseudônimo Diana. Sabemos que existe uma queixa de calúnia, injúria e difamação impetrada pelo presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, contra a “Diana”. Este processo está sendo investigado pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática – Cidade Nova – Rio de Janeiro" , leia mais sobre este post aqui.

A Verdade do Pan 2007, como próprio nome diz, fala (ou falava?) do Panamericano que não vimos na televisão (mas que lemos no jornal e na internet, justiça seja feita), com seus vultosos gastos e desgastos, o velho tráfico de influência por trás, e todas essas belezas que um dia levaram Charles de Gaulle a dizer "o Brasil não é um país sério". A Verdade da Copa 2014 eu não conhecia, mas deve seguir a mesma linha. Ambos os blogs estavam hospedados no Blogger (assim como este), que é administrado pelo Google.

Não nos esqueçamos também dos sumiços repentinos do vídeo em que o diretor global Boninho aparece jogando ovos em pedestres da sacada de um prédio. O You Tube é administrado pelo Google.

Agora, só me resta fazer a seguinte pergunta: seriam algumas empresas de internet coniventes a interesses excusos de grandes corporações e governos, a ponto de lançar mão da histórica censura autoritária por debaixo dos panos?

"Ah, João, larga a mão dessas teorias da conspiração, só devem ser problemas técnicos mesmo."




- Fazia tempo que não ficava até tarde me divertindo no You Tube. Ontem este e este vídeo sobre o Cleber Machado me fizeram rir pra dedéu. Apesar de tudo, eu te amo Google.

- Pra estudantes de jornalismo como eu, não deixem de adicionar em seus favoritos ou leitor de rss o blog Novo em Folha, produzido como parte do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha de S. Paulo.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Livraria? Prefiro a loja de jeans

Antes eu até que gostava, no começo de minha vida literária, lá pros 17 anos, mas hoje não gosto de jeito nenhum.


Ir à livraria significava pra mim todo um mundo a se descobrir, com livros de capas legais, sobre os mais variados temas. Tinha uma baita sede de conhecimento e vislumbrava uma fase nova de meus percalços (universidade), em que leria de tudo e saberia horrores. Sentia-me com o mesmo apetite de um esfomeado que acaba de chegar num restaurante por quilo ao meio-dia.

Hoje, a sensação é de enjôo de quem comeu maionese estragada. Às vezes até entro, dou uma caminhada, folheio alguma coisa, mas só. Raramente compro algo, salvo as ocasiões de presentear alguém. Afinal, pra que gastar grana com um livro se nas bibliotecas tem tantos e tantos que ainda quero ler e não li? Essa é a minha lógica.

Calejado pelos 21 anos, e, enfim, desiludido, vejo que a chance de eu ler 1% dos livros que me causam interesse nas livrarias é de algo em torno de 1%. Primeiro, por que a visão romântica de uma vida com tempo de sobra para fazer as mais diversas atividades se evaporou tão cedo entrei na faculdade e passei a morar sozinho. Segundo, que travo uma batalha cotidiana contra meu jeito enrolado de ser. Sou um ser naturalmente indisciplinado, e, pra encaixar algum tempo de leitura no seu dia, disciplina é tudo.

É por isso que acho livraria um dos lugares mais angustiantes de se visitar. Pra mim ela é o reflexo em espaço físico de um dos grandes dilemas pós-modernos daquelas pessoas inseridas na sociedade da informação: a escolha.

Tem algo mais angustiante que escolher entre ESPN, Discovery ou CNN, entre ouvir rádio, TV ou ler jornal, entre a biografia do Stalin, a do Mao, o livro da Cremilda Medina, o Rota 66 do Caco Barcelos, A Sangue Frio, 1984, O Poder do Mito, Como Ficar Milionário em 3 Dias... Argh!

Por isso, prefiro uma loja de jeans caríssimos. Pelo menos na loja de jeans caros, você tem a possibilidade, mesmo que remota, de juntar o caminhão de dinheiro necessário pra comprar as peças que você quer. Já em uma livraria, o capital de acesso aos seus desejos é outro e humanamente inalcançável: tempo.





Depois de mermão ter me mostrado este vídeo, de dois trouxas tirando racha, me lembrei deste aqui, que vi num post do Pensar Enlouquece

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O que não mata vira churrasco

Você é daqueles que jogam fora uma bolachinha que caiu no azulejo da cozinha?

Então pra esse churrasco voce não tá convidado.