.
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
Vamos falar de cocô
Tem gente que não gosta, acha nojento, repugnante e outros adjetivos mais, mas que atire a primeira pedra quem nunca deu uma gargalhada, mesmo que ligeira, quando alguém estava contando um "causo" sobre cocô.
Como todo mundo faz o bendito cocô, todos sofremos com os mesmo problemas (água que bate na bunda quando evacuamos, diferenças entre cocô duro e mole, as dificuldades de uma diarréia, tudo o que você já fez para evitar cagar na casa dos outros, a vez que você deixou uma freiada escapar, etc). Já que os problemas são comuns, falar sobre eles é muito engraçado.
Aposto que desde os tempos mais remotos o cocô era alvo de piada. "Hmmmmm, hoje você comeu javali podre" ou "Fui abençoado, meu cocô está parecendo Jesus", entre outros.
O texto seguinte não fala sobre histórias de cocô, e sim do uso do palavrão merda. Mas como cocô e merda são a mesma merda, o texto cabe neste post (e também acaba sendo engraçado). A poesia é de Hans Magnus Enzensberger e foi publicada na Revista Piauí, edição de novembro de 2006.
A merda
como sempre ouço falarem dela
como se a culpa de tudo fosse sua.
vejam só, quão suave e modesta
ela toma seu lugarzinho embaixo de nós!
por que sujamos então
seu bom nome
e o concedemos
ao presidente dos estados unidos,
aos tiras, à guerra
e ao capitalismo?
quão transitória ela é,
mas como dura
tudo aquilo que leva o seu nome!
Ela, tão condescendente,
está na ponta da língua,
se o assunto é exploração,
ela, que exprememos,
ainda por cima deve exprimir
a nossa raiva?
ela não nos aliviou?
da consciência mole
e particularmente não-violenta
é de toda as obras do homem
provavelmente a mais pacífica.
o que foi que ela nos fez?