Adriano e a desistência

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Adriano e a desistência

A imprensa esportiva ficou em polvorosa na última semana devido à desistência do imperador Adriano (27 anos), um dos melhores jogadores do mundo, de praticar futebol profissionalmente por tempo indeterminado.

Não faltou quem xingasse, dissesse que ele estava viciado em drogas ou o criticasse por ter ido passar três dias na favela onde foi criado. Como assim, o cara que está no auge, sempre convocado para a seleção brasileira, tem coragem de fazer isso? Quantos querem estar no lugar dele?

A explicação de Adriano foi bem simples e lógica: "Eu não estava feliz".

O ato de Adriano foi muito digno. É uma compreensão da lógica milionária do futebol internacional. Depois de conviver por um bom tempo nesse meio, o imperador sabe que será idolatrado por uma boa partida e humilhado por um jogo ruim; conhece os exageros da imprensa e os "amigos" aproveitadores e... está farto disso, não quer mais se sujeitar a todas essas coisas.

Essa atitude me lembra a de Zidane na final da Copa de 2006, quando o zagueiro Materazzi xingou sua irmã e o francês simplesmente tacou um foda-se com famosa cabeçada contra o peito do zagueiro. Segundo Juca Kfouri, foi um suicídio esportivo no estilo "estou me aposentando mesmo, não preciso ouvir isso de quem quer que seja".

Claro que esses caras têm milhões na conta bancária e podem se dar ao luxo de cometer tais atos. Existe muita gente que quer "dar um chute no patrão", mas não pode pela questão financeira.

De qualquer forma, foi uma decisão corajosa de quem entendeu os prazeres vazios proporcionados por essa vida de "Imperador" e preferiu voltar a ser o Adriano.
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Metalinguagem: essa foto era para ser apenas ilustrativa, mas combinou bem com o sentido do post.