Como todo moleque, eu queria ser jogador de futebol quando crescesse. Acho que sonhei com isso dos 7 aos 13, 14 anos.
E, obviamente, eu não queria ser lateral direito nem voltante nem zagueiro. Inspirado no meu ídolo Evair, eu gostaria de ser o centro-avante, jogar com a nove às costas e marcar muitos gols com a camisa do Palmeiras.
O meu sonho não se concretizou (como o de 99% dos moleques brasileiros - do 1 % restante, cerca de 99% se fode jogando em timecos e recebendo salários miseráveis e atrasados) por diversos motivos.... mas de tanto jogar e gostar de futebol, eu até sabia dominar bem a bola, dar um passe preciso, desarmar, chutar com as duas pernas. Depois, quando essa idéia sumiu da minha cabeça, eu esquecia de meus sonhos de artilheiro e sempre pensava:
-Porra, mas eu até que jogo bem... eu não seria um craque, mas poderia até jogar profissionalmente. Dava para ser um cara tipo o Galeano.
Galeano foi um volante do Palmeiras que era limitado tecnicamente, mas se não fosse por ele, o time não teria vencido um dos jogos de maior importância na história recente do clube: a semifinal de libertadores de 2000, contra o do Corinthians - ele fez um gol decisivo de cabeça, que levou a decisão aos pênaltis, na qual Marcos defendeu uma cobrança de Marcelinho e classificou o Palmeiras às finais (veja os gols abaixo)
O cara não era um ícone do futebol, mas jogou num time grande, foi ídolo, dava o sangue em campo e será eternamente lembrado positivamente pela torcida do Palmeiras.
Bom, mas por que estou dizendo isso?! O motivo é que eu estava assistindo ao documentário "Fabricando Tom Zé", de Décio Matos Jr (veja o trailer abaixo), quando o compositor baiano disse que era japonês (eu já falei disso num post - clique aqui e leia-o). Mas eu comecei a rachar o bico quando ele comentou que o seu trabalho era "parecido com o do jogador Galeano", que se esforçava pra caramba já que não tinha a genialidade dos craques.
Eu não tenho a pachorra de me comparar a Tom Zé (que inclusive fará um show aqui em Suzano na semana que vem), mas considero que a tal "genialidade" (se é que ela existe) pode sim ser advinda de muita labuta. Tom Zé é mais genial do que os que se dizem gênios da MPB ou do Tropicalismo, na minha opinião.
A genialidade de Tom Zé está diretamente ligada ao materialismo. Ele percebe o óbvio que todos fazem e tenta realizar algo diferente. Para isso, usa o tal "esforço de Galeano".
Talvez seja uma questão de organização de repertório cultural e percepção das possibilidades à sua volta para que a tal criatividade surja e se aplique.
Divagações à parte, fica a dica de um belo documentário.
____________________
Metalinguagem: o Raiz Social, obra criativa em que tive uma participação importante e da qual me orgulho de ter participado e ter sido um dos fundadores, foi um trabalho coletivo oriundo de muita "galeanisse", tanto na ideia inicial, quanto na execução e nas posteriores críticas.
E, obviamente, eu não queria ser lateral direito nem voltante nem zagueiro. Inspirado no meu ídolo Evair, eu gostaria de ser o centro-avante, jogar com a nove às costas e marcar muitos gols com a camisa do Palmeiras.
O meu sonho não se concretizou (como o de 99% dos moleques brasileiros - do 1 % restante, cerca de 99% se fode jogando em timecos e recebendo salários miseráveis e atrasados) por diversos motivos.... mas de tanto jogar e gostar de futebol, eu até sabia dominar bem a bola, dar um passe preciso, desarmar, chutar com as duas pernas. Depois, quando essa idéia sumiu da minha cabeça, eu esquecia de meus sonhos de artilheiro e sempre pensava:
-Porra, mas eu até que jogo bem... eu não seria um craque, mas poderia até jogar profissionalmente. Dava para ser um cara tipo o Galeano.
Galeano foi um volante do Palmeiras que era limitado tecnicamente, mas se não fosse por ele, o time não teria vencido um dos jogos de maior importância na história recente do clube: a semifinal de libertadores de 2000, contra o do Corinthians - ele fez um gol decisivo de cabeça, que levou a decisão aos pênaltis, na qual Marcos defendeu uma cobrança de Marcelinho e classificou o Palmeiras às finais (veja os gols abaixo)
O cara não era um ícone do futebol, mas jogou num time grande, foi ídolo, dava o sangue em campo e será eternamente lembrado positivamente pela torcida do Palmeiras.
Bom, mas por que estou dizendo isso?! O motivo é que eu estava assistindo ao documentário "Fabricando Tom Zé", de Décio Matos Jr (veja o trailer abaixo), quando o compositor baiano disse que era japonês (eu já falei disso num post - clique aqui e leia-o). Mas eu comecei a rachar o bico quando ele comentou que o seu trabalho era "parecido com o do jogador Galeano", que se esforçava pra caramba já que não tinha a genialidade dos craques.
Eu não tenho a pachorra de me comparar a Tom Zé (que inclusive fará um show aqui em Suzano na semana que vem), mas considero que a tal "genialidade" (se é que ela existe) pode sim ser advinda de muita labuta. Tom Zé é mais genial do que os que se dizem gênios da MPB ou do Tropicalismo, na minha opinião.
A genialidade de Tom Zé está diretamente ligada ao materialismo. Ele percebe o óbvio que todos fazem e tenta realizar algo diferente. Para isso, usa o tal "esforço de Galeano".
Talvez seja uma questão de organização de repertório cultural e percepção das possibilidades à sua volta para que a tal criatividade surja e se aplique.
Divagações à parte, fica a dica de um belo documentário.
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Metalinguagem: o Raiz Social, obra criativa em que tive uma participação importante e da qual me orgulho de ter participado e ter sido um dos fundadores, foi um trabalho coletivo oriundo de muita "galeanisse", tanto na ideia inicial, quanto na execução e nas posteriores críticas.