O bom filho à casa torna... mas com outros olhos e ideias

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O bom filho à casa torna... mas com outros olhos e ideias

Foto de uma rua de Suzano, na época da eleição - tirei-a para um ensaio na faculdade

Se você pegar o mapa do Estado de São Paulo e localizar a capital, vai verificar que colado à Zona Leste da metrópole, existe um punhado de cidades (dez, para ser mais exato) que forma a região do Alto Tietê.

Eu nasci numa dessas cidades, Suzano, onde vivi os 19 primeiros anos da minha vida.

E foi justamente levando o nome dessa terra (meu apelido na época de faculdade foi "Suzano") que passei quatro anos estudando jornalismo na Unesp de Bauru. Quatro anos bem mais intensos,em todos os sentidos, do que os 19 que havia vivido na cidade homônima a minha alcunha.

Terminado o curso, voltei para casa pensando em não ficar. Mas algo importante para um desempregado (um emprego) me ligou novamente a Suzano e à toda Região. Tornei-me repóter da editoria de cidades do jornal Diário do Alto Tietê há pouco mais de um mês.

Sempre reneguei minha cidade e o Alto Tietê. Certamente por ter aprendido muita coisa em Bauru que me fez romper com padrões que eu tive como inquestionáveis durante minha formação inicial.

Mas agora, com o (ralo, mas precioso) caldo cultural adquirido na academia, consigo lançar outros olhares sobre essa região cheia de conurbações, cidades dormitório, fios de telefone que cortam as ruas (quase sempre estreitas), muitas favelas, muitas fábricas, muito cheiro ruim exalado das fábricas, muitos migrantes do Nordeste, muita miscigenação cultural, muita politicagem - todo esse "monte de muitos" a apenas 40 minutos de São Paulo.

Com o trabalho de repórter passo a conhecer um pouco mais de tudo isso... o que pode gerar vivência para fazer coisas pelas quais me interesso (jornais populares, documentários, reportagens) e que não existem por aqui, principalmente em se tratando de algo que sirva de base para as camadas populares pensarem de outra forma, algo com conteúdo crítico.

Em resumo, revisito com outros olhos a base da minha formação identitária , e com instrumentos para tentar mostrar o quão anormal são as coisas normais que acontecem por aqui. Espero que consiga fazê-los funcionar a médio prazo.
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Metalinguagem: acho que é bom para os raros leitores deste blog saberem que estou trabalhando, pois como disse o Max, grande professor que tive na faculdade, a profissão é a espinha dorsal da vida.