Quando eu era moleque, desenhava o estádio Palestra Itália, casa do Palmeiras, mais ou menos do jeito que tá aí em cima. As bolinhas representavam as cabeças dos trinta e poucos mil torcedores que lotavam as arquibancadas do velho estádio, palco de tantos jogos importantes do time que ganhava tudo nos anos 90.
Depois de sonhar tanto em conhecê-lo, só fui subir os degraus de suas arquibancadas em 1998, no jogo da primeira fase da Copa do Brasil (da qual seríamos campeões), contra o CSA de Alagoas. Foi 3x0, com dois gols de Arce (ambos de falta) e Cléber. Fazia um mês que o palestrino mais "verde" que eu conhecia havia falecido: meu avô Gilberto José Cerri. Foi a forma que eu e meu pai encontramos para homenageá-lo.
Só fui retornar ao Palestra em 2006, num despretensioso jogo do Paulistão, contra a Portuguesa Santista. Eu já contava 20 anos e me emocionei com cada um dos gols do 4x0, ainda mais com a presença de Edmundo no comando do ataque, que marcou seu tento no goleiro Ronaldo (aquele ex-Corinthians).
A partir de então, mesmo morando longe de São Paulo, eu sempre dava um jeito de fazer algumas visitas ao "jardim suspenso" ao longo do ano - elas se intensificaram quando voltei a morar na região.
No total, fui a 23 jogos no antigo Palestra. Vi poucos craques de seleção e muitos perebas, de 2006 a 2010. Nada muito diferente dos quatro anos e meio em que passamos por Pacaembu, Canindé e Arena Barueri.
Mesmo assim, a emoção de entrar pelo portão da Turiassu, passar pelo fosso e subir correndo os degraus para ver o símbolo do Palmeiras sobre o jardim suspenso, com os olhos já marejados... Eu nunca senti em outro lugar.
Hoje voltaremos para casa. Se vamos vencer, não sei. Mas eu e meu pai estaremos lá, lembrando dos bons tempos, do meu avô (que nos fez palmeirenses), também esperançosos com o futuro e sentindo a emoção que só ali, naquele canto da Barra Funda, um palestrino pode sentir.