Sobre o "pensar", no trânsito paulistano

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sobre o "pensar", no trânsito paulistano

As necessariamente grandes distâncias percorridas via transporte público, na cidade de São Paulo, fazem com que eu tenha "tempo para pensar à vontade, contra a minha vontade", como diz uma letra de música do Mauricio Pereira.

Tem gente que faz de tudo para não pensar na vida. Enterra o fone nos ouvidos e só volta ao mundo real quando chega ao destino desejado. Talvez por medo, necessidade ou acomodação.

Claro, também ouço músicas nas viagens, mas há dias em que tenho preguiça de postergar as divagações. Deixo canções, livros e textos super prioritários para depois e fico só pensando, pensando.

Sim, o movimento é para dentro. Só se presta atenção em algo externo quando este realmente é bem inusitado (algo difícil de acontecer na megalópole) ou quando o "diferente" se esconde no banal, vendo a reação das pessoas à entrada de alguém que ouve música gospel em volume alto, no ônibus. Ou quando se olha para a irracionalidade do mar de carros no momento em que passo sobre a ponte Cidade Universitária, no horário de pico. Ou quando atento sobre a reação de um "iniciante em trens" ao ver a "expremeção sem fim" que faz todos sentirem calor num frio de 12 graus, às 18h30.

São Paulo tem o transporte tão complicado que eu ousaria dizer que ele praticamente força a reflexão, caso não estivéssemos numa sociedade que não a prioriza e onde as condições (viajar de pé, absurdamente apertado) não ajudam em nada.

Se tais poréns não existissem, já teriam inventado uma frase do tipo: só é possível filosofar em alemão, mas a reflexão não será completa se não ocorrer no trânsito paulistano.

Para encerrar a viagem (perdoe-me o trocadilho), o clipe genial da música citada no primeiro parágrafo:


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Metalinguagem: na verdade, eu queria falar sobre uma das coisas que pensei durante o tempo de condução (o fato de eu estar pensando muito sobre política, mas falando bem pouco sobre isso no blog).