Relendo alguns posts desse blog, fiquei pensando o quanto ele é mentiroso.
Não que as coisas que eu escrevo aqui não reflitam o que penso, mas, quase sempre, não expressam o que eu tenho sentido.
O caráter do MZ não é de diário pessoal. É uma boa desculpa, eu sei.
Mas é engraçado quando as divagações aqui escritas são tão secundárias que não chegam a tomar cinco minutos das minhas elucubrações diárias.
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Metalinguagem: altamente influenciado pela leitura de "Diário de um fescenino", de Rubem Fonseca.
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quarta-feira, 23 de junho de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Resolver o jogo e ser expulso
De cara, já me lembro do Palmeiras 2x0 Corinthians, válido pela final do extinto torneio Rio São Paulo. O ano era 1993.
Edmundo, vestindo a 7 do Palmeiras, fez dois gols de cabeça (algo pouco comum em sua carreira) no primeiro tempo. Na volta do intervalo, chutou o meio da canela de um adversário.
Edmundo, vestindo a 7 do Palmeiras, fez dois gols de cabeça (algo pouco comum em sua carreira) no primeiro tempo. Na volta do intervalo, chutou o meio da canela de um adversário.
A recordação subsequente é de Evair, na final da Libertadores de 1999. Segundo jogo entre Palmeiras e Deportivo Cali, no Palestra. Ele estava muito nervoso. Creio que era o capitão. Gesticulava, esbravejada, gritava com todos. Marcou o importantíssimo gol de empate, de pênalti, ainda no primeiro tempo, com toda a tranquilidade que lhe era peculiar nesse tipo de cobrança. Foi expulso no segundo.
Inevitável pensar em Ronaldinho Gaúcho, na Copa de 2002, contra a Inglaterra. Uma finta em velocidade que matou toda a defesa inglesa e a assistência para Rivaldo. Depois, um gol antológico (sem querer ou não) quase do meio do campo. Disputa de bola e ele entra com a sola. Foi para o chuveiro.
Inevitável pensar em Ronaldinho Gaúcho, na Copa de 2002, contra a Inglaterra. Uma finta em velocidade que matou toda a defesa inglesa e a assistência para Rivaldo. Depois, um gol antológico (sem querer ou não) quase do meio do campo. Disputa de bola e ele entra com a sola. Foi para o chuveiro.
Hoje Kaká fez isso contra a Costa do Marfim, pela segunda rodada da Copa do Mundo. Ele pode não ter sido o homem do jogo (prêmio concedido merecidamente a Luís Fabiano), mas foi fundamental ao dar um ótimo passe para o primeiro gol e fazer a jogada do segundo.
Os marfineses começaram a chegar pesado e Kaká foi se irritando. Quando Galvão Bueno alertou o que era evidente (a necessidade de substituir o camisa 10), tive uma reação impulsiva: "Não, não tira! Deixa ele ser expulso!"
Pensei na consagração, no ato "zidânico" de tacar um foda-se. Dois passes para gol, finalmente uma atuação convincente após tantas incertezas geradas pela eterna pubalgia. Tensão. O juiz sequer apitando falta para lances que mereciam cartão vermelho. Quer saber? 3x0, Foda-se.
Depois de decidir a partida, o melhor jeito de sair de campo é tomando o vermelho.
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Metalinguagem: Kaká pode ter sido expulso injustamente, mas ele procurou confusão e conseguiu sair por cima, e ainda como o coitado.
Os marfineses começaram a chegar pesado e Kaká foi se irritando. Quando Galvão Bueno alertou o que era evidente (a necessidade de substituir o camisa 10), tive uma reação impulsiva: "Não, não tira! Deixa ele ser expulso!"
Pensei na consagração, no ato "zidânico" de tacar um foda-se. Dois passes para gol, finalmente uma atuação convincente após tantas incertezas geradas pela eterna pubalgia. Tensão. O juiz sequer apitando falta para lances que mereciam cartão vermelho. Quer saber? 3x0, Foda-se.
Depois de decidir a partida, o melhor jeito de sair de campo é tomando o vermelho.
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Metalinguagem: Kaká pode ter sido expulso injustamente, mas ele procurou confusão e conseguiu sair por cima, e ainda como o coitado.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Sobre o "pensar", no trânsito paulistano
As necessariamente grandes distâncias percorridas via transporte público, na cidade de São Paulo, fazem com que eu tenha "tempo para pensar à vontade, contra a minha vontade", como diz uma letra de música do Mauricio Pereira.
Tem gente que faz de tudo para não pensar na vida. Enterra o fone nos ouvidos e só volta ao mundo real quando chega ao destino desejado. Talvez por medo, necessidade ou acomodação.
Claro, também ouço músicas nas viagens, mas há dias em que tenho preguiça de postergar as divagações. Deixo canções, livros e textos super prioritários para depois e fico só pensando, pensando.
Sim, o movimento é para dentro. Só se presta atenção em algo externo quando este realmente é bem inusitado (algo difícil de acontecer na megalópole) ou quando o "diferente" se esconde no banal, vendo a reação das pessoas à entrada de alguém que ouve música gospel em volume alto, no ônibus. Ou quando se olha para a irracionalidade do mar de carros no momento em que passo sobre a ponte Cidade Universitária, no horário de pico. Ou quando atento sobre a reação de um "iniciante em trens" ao ver a "expremeção sem fim" que faz todos sentirem calor num frio de 12 graus, às 18h30.
São Paulo tem o transporte tão complicado que eu ousaria dizer que ele praticamente força a reflexão, caso não estivéssemos numa sociedade que não a prioriza e onde as condições (viajar de pé, absurdamente apertado) não ajudam em nada.
Se tais poréns não existissem, já teriam inventado uma frase do tipo: só é possível filosofar em alemão, mas a reflexão não será completa se não ocorrer no trânsito paulistano.
Para encerrar a viagem (perdoe-me o trocadilho), o clipe genial da música citada no primeiro parágrafo:
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Metalinguagem: na verdade, eu queria falar sobre uma das coisas que pensei durante o tempo de condução (o fato de eu estar pensando muito sobre política, mas falando bem pouco sobre isso no blog).
Tem gente que faz de tudo para não pensar na vida. Enterra o fone nos ouvidos e só volta ao mundo real quando chega ao destino desejado. Talvez por medo, necessidade ou acomodação.
Claro, também ouço músicas nas viagens, mas há dias em que tenho preguiça de postergar as divagações. Deixo canções, livros e textos super prioritários para depois e fico só pensando, pensando.
Sim, o movimento é para dentro. Só se presta atenção em algo externo quando este realmente é bem inusitado (algo difícil de acontecer na megalópole) ou quando o "diferente" se esconde no banal, vendo a reação das pessoas à entrada de alguém que ouve música gospel em volume alto, no ônibus. Ou quando se olha para a irracionalidade do mar de carros no momento em que passo sobre a ponte Cidade Universitária, no horário de pico. Ou quando atento sobre a reação de um "iniciante em trens" ao ver a "expremeção sem fim" que faz todos sentirem calor num frio de 12 graus, às 18h30.
São Paulo tem o transporte tão complicado que eu ousaria dizer que ele praticamente força a reflexão, caso não estivéssemos numa sociedade que não a prioriza e onde as condições (viajar de pé, absurdamente apertado) não ajudam em nada.
Se tais poréns não existissem, já teriam inventado uma frase do tipo: só é possível filosofar em alemão, mas a reflexão não será completa se não ocorrer no trânsito paulistano.
Para encerrar a viagem (perdoe-me o trocadilho), o clipe genial da música citada no primeiro parágrafo:
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terça-feira, 1 de junho de 2010
O ronco
O ronco geralmente é algo cômico.
Em mesas de bar, quando as pessoas se enganam achando que encontraram um jeito de se divertir, é comum as amigas contarem que os caras terminam o sexo e já começam a roncar em seus ouvidos. Na sequência da competição por atenção da roda, os amigos lembram de colegas que roncaram em apresentações de seminários ou em uma sala de aula silenciosa.
A minha história de ronco é mais normal, nada cômica.
Passei o sábado em casa. A televisão ligada desde às 9 da manhã, influenciando os assuntos sobre os quais meu pai e minha avó conversavam, enquanto eu permanecia quieto, quase sempre. Falta de privacidade. Eles sempre me chamando para ver a novidade quente e vazia da televisão. Não me mexia. Hora do almoço. Meu pai compra um litro de cachaça, bebe em casa. Assassina não apenas alguns neurônios que resistiram ao vômito dos raios catódicos, mas boa parte do longo sábado, pois após o almoço, puxa o sono, jogando uma pá de tempo em cima de umas três ou quatro horas, essas do fim da tarde. Sem beber, minha vó segue o mesmo rumo. A fome, brevemente, acordaria os estômagos de todos, fazendo com que o império televisivo voltasse a reinar.
Então, após mais algumas horas, o vagoroso dia se aproximava do final. Minha vó foi dormir no quarto e meu pai, na sala. Abaixei o volume da televisão, aproveitei o silêncio. Fiz coisas tão úteis que não me lembro de nenhuma delas agora.
Meu pai acordou e, quase sonâmbulo, foi para o nosso quarto dormir. Depois de alguns minutos também fui. Deitei a cabeça no travesseiro. Quando eu quase pegava no sono... o ronco.
O ronco da cachaça, do sábado inútil, do domingo igual, da segunda massante.
O ronco da falta de perspectiva
Que mata meus parentes
E não me deixa dormir.
Em mesas de bar, quando as pessoas se enganam achando que encontraram um jeito de se divertir, é comum as amigas contarem que os caras terminam o sexo e já começam a roncar em seus ouvidos. Na sequência da competição por atenção da roda, os amigos lembram de colegas que roncaram em apresentações de seminários ou em uma sala de aula silenciosa.
A minha história de ronco é mais normal, nada cômica.
Passei o sábado em casa. A televisão ligada desde às 9 da manhã, influenciando os assuntos sobre os quais meu pai e minha avó conversavam, enquanto eu permanecia quieto, quase sempre. Falta de privacidade. Eles sempre me chamando para ver a novidade quente e vazia da televisão. Não me mexia. Hora do almoço. Meu pai compra um litro de cachaça, bebe em casa. Assassina não apenas alguns neurônios que resistiram ao vômito dos raios catódicos, mas boa parte do longo sábado, pois após o almoço, puxa o sono, jogando uma pá de tempo em cima de umas três ou quatro horas, essas do fim da tarde. Sem beber, minha vó segue o mesmo rumo. A fome, brevemente, acordaria os estômagos de todos, fazendo com que o império televisivo voltasse a reinar.
Então, após mais algumas horas, o vagoroso dia se aproximava do final. Minha vó foi dormir no quarto e meu pai, na sala. Abaixei o volume da televisão, aproveitei o silêncio. Fiz coisas tão úteis que não me lembro de nenhuma delas agora.
Meu pai acordou e, quase sonâmbulo, foi para o nosso quarto dormir. Depois de alguns minutos também fui. Deitei a cabeça no travesseiro. Quando eu quase pegava no sono... o ronco.
O ronco da cachaça, do sábado inútil, do domingo igual, da segunda massante.
O ronco da falta de perspectiva
Que mata meus parentes
E não me deixa dormir.