O sorriso bobo do Loki (2)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O sorriso bobo do Loki (2)

Recentemente, o filme "Loki" (sobre Arnaldo Baptista, foto), de Paulo Henrique Fontenelle, foi disponibilizado para download.

Quando o assisti pela primeira vez, no cinema, emocionei-me ao ver o drama de um artista que conseguiu colocar para fora toda a ânsia por criatividade estética e, posteriormente, transformar a grande tristeza/loucura acumulada que levava consigo em canções extremamente tocantes, sinceras. Não reparei em elementos técnicos do filme.

Após assisti-lo por mais três vezes nos últimos dias (sempre com amigos), tenho certeza de que se trata de um grande filme. Consegui enxergar a linha narrativa um pouco melhor, reparar em alguns recursos de estilo, mas a sensibilidade transborda, e te desconcentra, por mais que olhar já esteja viciado.

Há falhas, como a sobrevalorização do papel político que Os Mutantes teriam na época da ditadura. O pensamento crítico do grupo se baseou quase exclusivamente na estética. Com os grandes ícones da MPB exilados, a banda de rock alternativo estava livre para falar de sexualidade, drogas e fazer inovações estéticas para "meia dúzia" de jovens da classe média. No entanto, o diretor usa relatos que não explicam por que os militares deixavam o grupo "na boa".

Mesmo assim, conduzir o documentário por meio da confecção de um quadro autobiográfico feito pelo próprio Arnaldo foi uma ótima ideia, além de ser mais um entre vários elementos emotivos.

Mais do que nunca, mantenho e defendo o relato que escrevi em julho de 2009 sobre "Loki", o filme.
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Metalinguagem: inicialmente, a ideia era apenas transcrever o post de 2009. Comecei a escrever a introdução, ficou grande, mas e resolvi mantê-la, pois o relato antigo fala exclusivamente da sensibilidade presente na obra.