Músicas, ruídos e determinados sons nos acompanham por toda a vida, deixando suas marcas em momentos específicos.
As vibrações sonoras são sentidas até mesmo quando ainda estamos na barriga de nossas mães. Como afirma Mônica Ferreira Nunes, em seu livro "O Mito no Rádio", mesmo não entendendo o significado dos palavras, o timbre materno já demonstra sentimentos como raiva ou alegria para os "quase nascidos".
Canções que me acompanharam durante um dos melhores períodos de minha vida (o da minha primeira faculdade) foram criadas e executadas por um quarteto hippie denominado Novos Baianos. As sensações que me vêm à mente quando ouço o característico samba dançante misturado com guitarras são sempre boas.
A apresentação musical mais emocionante da minha vida ocorreu neste ano, na Virada Cultural de São Paulo. Assistir a performances dos velhos baianos novos, comemorando 40 anos de criação da banda, fez com que eu me lembrasse do tanto de pessoas especiais que eu conheci ao longo dos quatro anos que morei em Bauru. Muitas delas não se cansavam de dançar embaladas pelo vinil "Novos Baianos F.C." (pertencente à Xenya), o disco "titular" da república Maria Bonita.
No último fim de semana, um pouquinho desse sentimento foi reavivado com o show do Moraes Moreira, que acompanhei no Sesc Pinheiros. Nada que se compare às primeiras notas de "A menina dança", cantadas por Baby do Brasil, na Virada Cultural, mas inevitáveis lágrimas saltaram dos meus olhos, principalmente com "Acabou o chorare".
Engraçado é pensar que um punhado de músicas feitas nos anos 70 esteja tão relacionado (em minha cabeça) com fatos ocorridos entre 2005 e 2008, e com pessoas que nasceram em meados ou final da década de 80.
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Metalinguagem: eu estava em dúvida sobre o que postar. Pensei em comentar a música "O trem", do RZO, que achei espetacular e também falar sobre a ocupação relâmpago na assembleia legislativa do DF contra o mensalão do DEM (ironizando o fato de que a maioria dos ocupantes era do PT, que utilizou a mesma prática em 2005). Optei pelo tema acima por se tratar de algo que se eu não comentasse agora, iria passar despercebido em minhas prioridades e cairia no esquecimento, apesar de importante em minha vida.