Análise de uma propaganda partidária - parte 2

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Análise de uma propaganda partidária - parte 2


Zé Maria (PSTU) e Heloísa Helena (PSOL)

Não tenho muita base para fazer uma análise política sobre a propaganda de televisão do PSTU, veiculada em julho e "destrinchada" (ou quase isso) tecnicamente neste blog há algum tempo (leia aqui). Não li o programa do partido e meus conceitos sobre tal grupo se devem a impressões da época de movimento estudantil . Assim, apenas citarei os posicionamentos presentes em algumas matérias para depois me ater ao ponto principal de divergência (também superficialmente), explícito ao final do programa de televisão.

A propaganda mencionou rapidamente a intervenção assassina das tropas da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti e denunciou que os soldados brasileiros não se portam de maneira diferente. Apesar de se tratar apenas de uma nota, a denúncia, pouco comum na mídia tradicional, tem sua importância e mostra uma posição crítica e à esquerda do PT de Lula.

Metade da programa contou com uma matéria elucidativa a respeito da crise econômica. Contrariando as posições da mídia tradicional, a peça mostrou (com embasamento) que a crise não está perto de acabar e que o governo federal optou por ficar ao lado das empresas em vez de prestar apoio aos trabalhadores. A matéria citou as greves organizadas em todo o Brasil e chamou a população à manifestação para a redução da jornada de trabalho. Novamente, uma posição crítica ao governo Lula.

Na parte final da propaganda, o ponto mais polêmico vem à tona: a submissão do PSTU ao PSOL.

Um dos membros da direção nacional convoca o PSOL para a criação de uma frente de esquerda, conciliando os dois partidos (mais o PCB) e apontando os medalhões de tais agremiações (Zé Maria e Heloísa Helena) para concorrerem aos cargos executivos nacionais em 2010.

Recentemente, com a ida de Marina Silva para o PV (partido que se alia frequentemente a DEM e PSDB), cogitou-se uma aproximação do PSOL com o PV para a disputa presidencial, hipótese ainda não descartada.

É estranha a postura do PSTU com relação ao partido de Heloísa Helena, como se o PSOL condensasse a grande massa dos trabalhadores brasileiros ou contasse com dirigentes com pensamentos políticos idênticos aos do PSTU, de modo que a tal aliança fosse inquestionável. Pela experiência de amigos que já militaram ou flertaram com a agremiação, e pela atuação política de alguns de seus membros, penso que o PSOL não passa de um novo PT, com o discurso da mudança, mas que tende a se adequar ao status quo o mais rápido possível. E também é um partido pequeno (maior que o PSTU, é verdade) com mais abrangência na classe média politizada.

De modo geral, considerei interessante as denúncias (mesmo que superificiais), mas critico a postura do partido por não entender onde o PSTU quer chegar com essa aliança, já que o PSOL parece tomar outra direção.
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Metalinguagem: acho que alguns amigos podem contribuir de maneira rica para esse debate. Créditos das fotos: Zé Maria (Folha) e Heloísa Helena (Uol).