"Você está demitido"

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Você está demitido"

Pois bem, assim como eu disse aqui que fui contratado por um jornal regional no mês de janeiro, revelo que serei demitido no fim de outubro (estou cumprindo aviso prévio em casa). Motivo: enxugamento da redação.

Na ocasião da postagem linkada acima, afirmei que eu teria a possibilidade de conhecer um pouco mais o contexto da minha formação inicial como indivíduo, mas com outros olhos, pois estes teriam sido muito mais abertos durante os anos de graduação em jornalismo, em Bauru.

Presenciei diversas situações de trabalho e cobri pautas muito distintas nesses dez meses de labuta diária. Não pretendo, nesta postagem, fazer um balanço das coisas boas e ruins da minha primeira experiência profissional. Apenas quero afirmar que a exploração foi o que mais me chamou atenção ao longo desse período.

Tal exploração teve dois canais mais evidentes, sob a minha perspectiva: a utilizada por políticos para formar currais eleitorais, passando a ideia de que eles são a única esperança de melhoria de vida a população pobre (e os jornais, utilizando recursos oriundos de editais, contribuem muito para isso); e a sofrida por mim no local de trabalho, onde horários eram extrapolados com frequência (sem compensação financeira), além da subestimação intelectual por parte de superiores hierárquicos.

A percepção sobre a exploração revela que a formação adquirida em Bauru (cuja maior parte não é oriunda das aulas, diga-se de passagem), foi preponderante, como eu havia previsto, para meus novos olhares por estas bandas. Juntando o caldo ideológico com o ano em minha cidade natal, como repórter, fiz duas escolhas para o próximo ano: estudar ciências sociais e morar em São Paulo.

Por mais complicada que possa ser a vida de quem estuda e trabalha (pretendo arranjar um emprego em São Paulo), a possibilidade de usar o cérebro com uma frequência maior, mesmo que isso não tenha nada a ver com felicidade (o estudo não é um meio de chegar a ela, e sim a maiores responsabilidades), me deixa com vontade de cantar, como os Novos Baianos, que...

"...Esse ano não vai ser igual àquele que passoooou, o que passsou".
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Metalinguagem: só escrevo sobre fatos extremamente pessoais, como o caso deste post, quando são reviravoltas importantes para quem acompanha os textos do blog - pois eles refletem o cotidiano.