Brandão sendo detido por policiais durante manifestação (foto tirada do site da LER-QI)
Mais uma vez a truculência policial foi a solução encontrada por quem comanda a maior universidade do Brasil para conter as manifestações dos servidores (funcionários mais precarizados da USP e de todas as estaduais paulistas), estudantes e professores (todos em greve) que organizavam piquetes e passeatas pela reabertura das negociações no Conselho de Reitores das Universidades Paulistas (Cruesp) reivindicando aumento de salários; retirada da PM da universidade; paralisação nos investimentos na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp, dos cursos à distância); e a readmissão do funcionário demitido por motivos políticos, Claudionor Brandão.
Por força de lei, a Polícia Militar não pode entrar no campus da USP, pois tal instituição tem autonomia garantida. Mas você sabe, quando a coisa começa a apertar, os detentores do poder dão um jeitinho de "legalizar o ilegal". A PM estava de cão de guarda da reitoria há algum tempo. Hoje, ela usou balas de borracha, bombas de efeito moral, gás de pimenta e prendeu três pessoas (segundo informações do G1). Muitos feridos, muita injustiça e, obviamente, inversão de papéis na mídia tradicional (exemplos: programa Brasil Urgente, do Datena, na TV Bandeirantes, e Jornal da Gazeta, da TV Gazeta).
Mas a violência policial foi tão escancarada que alguns orgãos a serviço de grandes empresários não tiveram como não enfocá-la. Veja o trecho de matéria do site G1:
Uma funcionária que tentou dialogar com os policiais sobre a razão dos ataques recebeu gás de pimenta no rosto. "A gente só pediu para conversar, mas eles não querem", disse Solange Francisco, de 45 anos.O estudante de pós-graduação em ciências ambientais Alexandre Souza disse que a fumaça tomou conta do campus. “Eu estava no laboratório de pesquisa do qual faço parte. Quando saí, a Praça do Relógio estava tomada por uma bomba de gás lacrimogênio e gás de pimenta. Como não dava para sair por lá, saí por trás. Para meu espanto, vi que tudo estava tomado pela polícia, que agia com uma postura extremamente violenta”, contou o estudante.
Uma assembléia está sendo organizada neste momento. É possível acompanhar os acontecimentos pelo twitter da greve. Acompanhe também o blog da greve dos trabalhadores da USP.
2007 não acabou. É necessário, mesmo com a influência negativa da grande mídia, mostrar aos trabalhadores e à população em geral, que essas medidas dos grevistas são tomadas em consonância com os interesses da população pobre, por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e para todos (e, obviamente, não é no capitalismo que conseguiremos isso).
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Metalinguagem: vejam o último post do Outros Comentários, blog da Andressa, que coloca em contraposição duas fotos, uma de 2007 e outra de 2009.