Rubel e o "colocar a alma na música"

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Rubel e o "colocar a alma na música"

Num dia qualquer deste ano, depois de ouvir algum disco no YouTube, os algoritmos da plataforma me deram a sugestão da audição posterior: o álbum Pearl, do músico Rubel.

Alguns meses depois, enquanto eu saía do show do mesmo Rubel no Sesc Pompeia, numa terça-feira pós-feriado com muita chuva em São Paulo, fiquei pensando no que aquele disco que encarei de maneira tão desconfiada (pelo nome em inglês e pela indicação mais impessoal possível, pois foi feita por um algoritmo) tinha de diferente do que existe por aí.

Quem ouve as sete músicas de Pearl percebe a voz marcante do compositor; as melodias "aconchegantes" executadas por violões, banjo e acordeom; os coros que fazem lembrar músicas de Chico Buarque; os arranjos simples que exaltam a beleza das canções; a influência do folk; a preocupação com as letras (todas em português, diga-se) e a poesia cotidiana que elas contêm, versando sobre momentos "agridoces" da vida (a tristeza por trás da beleza, a melancolia do amor).

Apesar de muito bem executado pelo músico carioca e por seus parceiros, nada disso é realmente novo. Onde estaria então o tal diferencial que fez com que eu e outras tantas pessoas soubéssemos de cor as letras do show do Sesc Pompeia?

O pulo do gato de Rubel é um clichê tão grande quanto difícil de alcançar: é o tal "colocar a alma na música".

Desafio você, caro(a) leitor(a), a ouvir "Quando bate aquela saudade" e ficar indiferente, sem lembrar de um amor arrebatador que trazia saudades e prazeres; ou a ouvir "Ben" e não pensar nos conselhos que um pai dá para um filho enquanto a "vida corre demais"; ou a ouvir "Quadro verde" e não refletir sobre como queremos esquecer de nós mesmos quando finalmente encontramos um amor.

Rubel, com todas as qualidades citadas três parágrafos atrás, cria o clima perfeito para narrar, com uma devastadora sinceridade, a profundidade de momentos pequenos e bonitos que estão na vida de muita gente. E isso é extremamente difícil de ser feito - basta pensarmos na grande quantidade de músicas de amor que ouvimos a cada dia e que soam como mera encheção de linguiça para emplacar um novo hit radiofônico.

Para aceitar meu desafio, basta clicar aqui e ouvir online ou baixar gratuitamente o disco Pearl.