Sobre se sentir vivo

domingo, 3 de julho de 2011

Sobre se sentir vivo

A sensação era a de ter muita vontade de correr, ter possibilidades para isso (já que o destino final se mostrava menos difuso), mas correntes com bolas de aço que prendiam os tornozelos não permitiam uma caminhada natural. Era como se o peso de gerações e gerações de velhos que só se preocupam com refrigeradores que não funcionam não te deixassem se movimentar. Eles embaçavam a visão, apelavam para um sentimentalismo mesquinho, faziam-se de coitados para que a dó girasse a roda da vida inútil.
-Bom dia. Hoje eu fui no mercado pra comprar verdura. Tava o olho da cara! Comprei tomate, cebola, alface. Também comprei pão. Tava horrível pra variar. Esse mercado tá ficando cada dia mais caro, mas o pão é sempre uma porcaria. Pão bom é só na padaria da avenida. É caro, mas vale a pena. Qualquer dia eu vou passar lá de novo, comprar um apresuntado e um pão de verdade, não esses pãezinhos do mercado... que foi, tá pensando na vida?!
-...
-Não tem o que pensar não. A vida é essa mesmo.

Não, não é. Não é questão de felicidade, é mais do que isso. A vida pode ser muito mais do que isso.