Subúrbio para morrer, vou dizer, é mole

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Subúrbio para morrer, vou dizer, é mole

Ouvi a música "O Trem", do RZO, em dezembro último. Fiquei pensando sobre como falaria dela num post.

Cheguei à conclusão de que o melhor a fazer seria disponibilizar a letra e o clipe aqui e dizer que, nos trens da CPTM da minha região (linhas 11 e 12), as coisas continuam bem parecidas, apesar de a canção ter sido composta em meados dos anos 90.

Bom ano a todos.



O trem

Realidade é muito triste
Mas é no subúrbio sujismundo
O submundo que persiste o crime
Pegar o trem é arriscado
Trabalhador não tem escolha
Então enfrenta aquele trem lotado
Não se sabe quem é quem, é assim
Pode ser ladrão, ou não,
Tudo bem se for pra mim
Se for polícia fique esperto Zé
Pois a lei da cobertura pra ele
Te socar se quiser
O cheiro é mal de ponta a ponta
Mas assim mesmo normalmente
O que predomina é a maconha
E aos milhares de todos os tipos
De manhã, na neurose, como
Pode ter um dia lindo
Portas abertas mesmo correndo
Lotado até o teto sempre está
Meu irmão vai vendo
Não dá pra agüentar, sim
É o trem que é assim, já estive, eu sei, já estive
Muita atenção, essa é a verdade
Subúrbio pra morrer, vou dizer é mole

Subúrbio pra morrer, vou dizer (é mole)
E agora se liga, você pode crer (é pra gravar, tá ?)
Todo cuidado não basta, porque (é só um toque)
Subúrbio pra morrer, vou dizer (é mole)
Confira de perto, é bom conhecer (é mole)
E agora se liga, você pode crer (é pra gravar, tá ?)
Todo cuidado não basta, porque (é só um toque)
Subúrbio pra morrer, vou dizer ...

Todos os dias mesma gente
É sempre andando, viajando,
Surfando, mais à mais não teme
Vários malucos, movimento quente
Vários moleques pra vender,
Vem comprar, é aqui que vende
Quem diz que é surfista, é
Então fica de pé, boto mó fé, assim que é
Se cair vai pro saco
Me lembro de um irmão, troço chato
Subia, descia por sobre o trem, sorria
Vinha da Barra Funda há 2 anos todo dia
Em cima do trem com os manos
Surfistas, assim chamados são popularmente
Se levantou e encostou naquele fio,
Tomou um choque
Mas tão forte que nem sentiu, foi as nuvens
Tá um Deus, mano Biro sabe
Subúrbio pra morrer, vou dizer é mole

... E eu peço a Oxalá e então,
sempre vai nos guardar
Dai-nos forças pra lutar, sei que vai precisar
No trem, meu bom, é assim, é o que é
Então centenas vão sentados e
Milhares vão em pé
E em todas as estações, ali preste
Atenção nos PF's
O trem para o povo entra e sai
Depois disso, o trem já se vai
Mas o que é isto ? Esquisito
E várias vezes assisti
Trabalhador na porta tomando borrachadas
Marmitas amassadas, fardas, isso é lei ?
Vejam são cães, só querem humilhar toda vez
Aconteceu o ano passado em Perus
Um maluco estava na paz, sem dever
Caminhava na linha sim, à uns 100 m
Dessa estação, preste atenção, repressão
Segundo testemunhas dali, ouvi
Foi na cara dura assassinado, mas não foi divulgado
E ninguém está, não está, ninguém viu
As mortes na estrada de ferro Santos - Jundiaí
E ninguém tá nem aí, Osasco - Itapevi,
do Brás a Mogi ou Tamanduatei
É o trem que é assim, já estive, eu sei, já estive
Muita atenção, essa é a verdade
Subúrbio pra morrer, vou dizer é mole
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Metalinguagem: um post relativamente mais curto para abrir o ano.