Quando eu decidi concorrer a uma vaga no curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP), ouvi boatos de que o vestibular 2010 da Fuvest sofreria mudanças. O estilo seria parecido com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em que as perguntas mesclam conhecimentos das áreas estudadas no colegial, na tentativa de evitar contas inúteis e a tradiconal decoreba (que eu me lembre, isso nem sempre era alcançado pela prova, diga-se de passagem) (na foto, o nosso governador José Serra (PSDB)).
Nas nove primeiras questões do exame da primeira fase (que contava com um total de 90 testes) essa expectativa foi, de certa forma, preenchida. No restante, as velhas perguntinhas decorebas deram a tônica. O que era corveia na Idade Média? Onde está o erro ortográfico em um emaranhado de frases sem sentido? O manganês é produzido no Maciço do Urucum?
A prova da Fuvest valorizou o ensino fragmentado, cartesiano, descolado da realidade e que, obviamente, sustenta uma "indústria de cursinhos" congregados em três ou quatro grandes "marcas" que faturam muito pelo Brasil adentro. A relação entre tais instituições e os vestibulares públicos eu desconheço, mas é evidente que uma prova mais holística dificultaria o "método fast-food de ensino" empregado nos cursos pré-vestibulares.
A existência do afunilamento por si só já é elitista, pois as universidades públicas deveriam ser capazes de absorver todos os estudantes do ensino médio. Com uma prova que privelegia o armazenamento de conteúdos em vez de reflexão sobre eles, a Fuvest faz com que os alunos dos cursinhos, que utilizam fórmulas lúdicas, divertidas e mais "fáceis de guardar", deixem o pessoal da escola pública (caindo aos pedaços) cada vez mais para trás.
E parece que o rabo pós-moderno está mordendo o cachorro neoliberal no círculo vicioso do ensino fragmentado, já que o vestibular (principalmente o da Fuvest) pauta os conteúdos que devem ser aprendidos no ensino médio, quando o razoável deveria ser o contrário. Ao fim de 12 anos na escola, temos um pilha de conhecimento descartável que só serve para um exame, ultrapassado por pouquíssimos.
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Metalinguagem: não podemos esquecer da grande mentira que é o Prouni, que investe um dinheiro absurdo em universidades privadas em vez de abrir vagar públicas com direito à permanência estudantil para que todos tivessem acesso a um ensino razoável. Sobre a Fuvest, vamos ver se a segunda fase será um pouco diferente. Aí sim seríamos supreendidos.
Nas nove primeiras questões do exame da primeira fase (que contava com um total de 90 testes) essa expectativa foi, de certa forma, preenchida. No restante, as velhas perguntinhas decorebas deram a tônica. O que era corveia na Idade Média? Onde está o erro ortográfico em um emaranhado de frases sem sentido? O manganês é produzido no Maciço do Urucum?
A prova da Fuvest valorizou o ensino fragmentado, cartesiano, descolado da realidade e que, obviamente, sustenta uma "indústria de cursinhos" congregados em três ou quatro grandes "marcas" que faturam muito pelo Brasil adentro. A relação entre tais instituições e os vestibulares públicos eu desconheço, mas é evidente que uma prova mais holística dificultaria o "método fast-food de ensino" empregado nos cursos pré-vestibulares.
A existência do afunilamento por si só já é elitista, pois as universidades públicas deveriam ser capazes de absorver todos os estudantes do ensino médio. Com uma prova que privelegia o armazenamento de conteúdos em vez de reflexão sobre eles, a Fuvest faz com que os alunos dos cursinhos, que utilizam fórmulas lúdicas, divertidas e mais "fáceis de guardar", deixem o pessoal da escola pública (caindo aos pedaços) cada vez mais para trás.
E parece que o rabo pós-moderno está mordendo o cachorro neoliberal no círculo vicioso do ensino fragmentado, já que o vestibular (principalmente o da Fuvest) pauta os conteúdos que devem ser aprendidos no ensino médio, quando o razoável deveria ser o contrário. Ao fim de 12 anos na escola, temos um pilha de conhecimento descartável que só serve para um exame, ultrapassado por pouquíssimos.
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Metalinguagem: não podemos esquecer da grande mentira que é o Prouni, que investe um dinheiro absurdo em universidades privadas em vez de abrir vagar públicas com direito à permanência estudantil para que todos tivessem acesso a um ensino razoável. Sobre a Fuvest, vamos ver se a segunda fase será um pouco diferente. Aí sim seríamos supreendidos.