O parente do Rossi

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O parente do Rossi


O post que você começa a ler agora está sem ilustração desenhada porque ele tem muito a ver com a foto acima. O cara do lado direito, com toda sua formosura, sou eu. O outro é o Ubirajara, conhecido como Bira. Ele trabalha no Museu de Arqueologia Industrial e Tecnologia (Maitec), que visitei um tempinho atrás e do qual falei nesta postagem aqui.

Ele é responsável pela parte audiovisual do museu. Sua função é explicar aos visitantes como funcionavam os televisores, projetores cinematográficos, rádios e outros objetos expostos numa sala específica sobre o tema.

Chama atenção do visitante a paixão com que Bira fala sobre o funcionamento da projeção antiga, ponderando os avanços técnicos, questionando se o aumento da qualidade seria tão significativo assim e se entristecendo com a extinção de projetores antigos no Brasil (que, se bem me lembro, viria por lei - o que poderia significar o fechamento de muitos cinemas, principalmente no interior). Por fim, ele executou uma rápida projeção numa máquina bem velha, movida a diesel, antes de dar cópias dos negativos para os observadores. "Guardem porque não não vai durar muito".

Como durante a exposição Bira comentou sobre filmes antigos, ao final, me aproximei e falei para ele que eu tinha um tio avô que foi um tanto importante para o estabelecimento do cinema nacional: Gilberto Rossi (que meu pai e minha vó chamam de "Nonno").

-Você é parente do Rossi?!?!

Bira deu um pulo pra trás. Fiquei até meio sem graça com a euforia dele. Começou a me falar sobre como o Rossi foi importante. "Era um visionário!", disse, depois de explicar que meu tio avô fez livros destinados a profissionais e amadores que ensinavam a filmar em diversas situações, sem contar a qualidade das produções de que fez parte, como diretor e diretor de fotografia.

Falei da V Jornada de Cinema Silencioso, de 2011, a primeira e única vez em que vi filmes de Rossi. Se não me engano, foram três. Outra descendente do "Nonno", Claudia Agazzi, executou a trilha sonora ao vivo, tocando piano. Bira não apenas estava presente, como foi a primeira vez que projetou em uma máquina bem antiga para um público grande. 

Ficamos conversando por vários minutos, curtindo essa empatia inusitada que meu tio avô (que sequer conheci) proporcionou. Quando eu estava indo embora, ele me impediu e disse pra sua colega: "Tira uma foto minha com o parente do Rossi". Meio sem jeito eu aceitei e pedi para a moça fazer a gentileza de registrar o momento também com a minha câmera.