Há uma incômoda voz na cabeça, que suplica:
“Deixe-me passar pelos vasos sanguíneos do cérebro, ressoar
nas sinapses e controlar os dedos que batem no teclado”.
Eu respondo para ela que não é fácil, pois não é cômodo.
Ela diz coisas que não quero ouvir: as mais importantes. Não
tenho tempo pra isso.
Mas a voz não se abala. Serena, ela sabe que não posso
esquecê-la enquanto houver algo que queira me dizer.
Ela sussurra baixinho, todo o dia. Dificilmente a ouço.
Eis que chega um momento como esse, quando ela me pega no
silêncio e na solidão de um fim de noite, em que tudo o que posso ouvir é o seu
grito tranquilo, que carrega a confiança da inevitabilidade da vitória.
E ela vence.