Mercy Zidane: abril 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A insurreição das vassouras

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O segredo de Scolari: alternativas


"Alberto, você é uma otimista incorrigível".

A frase acima foi proferida por meu amigo palestrino Raul, momentos antes de entrarmos no estádio do Canindé  para vermos a vitória do Palmeiras sobre o Bragantino por 3x0, em jogo válido pela 16ª rodada do Paulistão 2011. Já faz umas duas semanas.

Quando o assunto é Palmeiras, Raul está certo. Tendo a minimizar os pontos negativos e exaltar um ou outro lampejo de bom futebol em jogadores medíocres.

Em 2006, eu acreditava que um time que tinha Washington Shrek e Edmundo (já com 34 anos) como dupla de ataque poderia ser campeão paulista e, quiçá, desbancar o São Paulo nas oitavas da Libertadores (o que quase aconteceu, convenhamos).

O então promissor técnico Caio Jr. tinha sido contratado em 2007. Valdívia, após aparições ruins despertou num 3x0 memorável contra o Corinthians. A esperança retornava e me iludia. O Mago me fazia esquecer que tínhamos Rodrigão, Makelele, Luiz Henrique e Max.

Em 2009, acreditei cegamente no título brasileiro com as chegadas de Muricy (o treinador mais retranqueiro do mundo - pobre torcedor santista) e Vagner Love. No ano seguinte, fechava meus olhos para as péssimas substituições de Muricy e apostava na base mantida. Resultado: a pior campanha dos últimos anos.

Com todas essas ressalvas, vou tentar embasar os motivos que me fazem acreditar no Palmeiras 2011. Futebol e análises sobre ele, por mais embasadas que sejam, não passam de especulações. Vamos a elas:

O Palmeiras de 2010, que perdeu a Sul-americana de forma vergonhosa, tinha um time medíocre. Vítor nunca  jogou 10% do que apresentava no Goiás. Gabriel Silva não estava confiante por ser recém promovido da base e Rivaldo (o que veio do Avaí) mostrava as limitações de um volante improvisado na lateral esquerda. Danilo e Maurício Ramos, apesar do entrosamento, falhavam (Maurício bem mais). Pierre, após a contusão no pé, nunca mais foi o mesmo e perdeu posição para o péssimo Edinho. Tinga tinha lampejos de bom futebol. Márcio Araújo era regular, mas limitado. Lincoln e Valdivia se contundiam a todo momento. Luan era puro esforço e só. Os milagres de Marcos e Deola, os gols de falta e a técnica de Marcos Assunção, e a garra aliada à habilidade de Kleber (lutando sozinho na frente) salvavam o time. Era pouco.

Felipão não montou a equipe do ano passado e sabia das suas limitações, inclusive de ordem financeira (atraso de salários). Tinha bons goleiros e volantes, além de dois jogadores que poderiam desequilibrar do meio para frente - Kleber e Valdivia. Só isso e sem peças de reposição.

Assim, o gaúcho tentou arrumar o setor defensivo e aproveitou a boa fase de Assunção para ir ganhando jogos e alguma confiança. Mas o time era truncado, não criava jogadas, havia pouquíssimas alternativas ofensiva. Avançou na Sul-americana por enfrentar adversários muito ruins (Vitória, Universitário Sucre, reservas do Atlético Mineiro) e mesmo assim tomou aquela virada inacreditável do rebaixado Goiás, em pleno Pacaembu lotado.

No fundo do poço, as perspectivas para 2011 eram nebulosas, ainda mais com os problemas políticos das eleições do início do ano. Como se explica então a liderança do Palmeiras no Paulistão faltando apenas uma rodada para o término da primeira fase, desbancando os badalados Santos, Corinthians e São Paulo?

Faço um resgate histórico para explicar. No meio de 1997, Felipão chegou ao Palmeiras pela primeira vez. A situação não era igual ao início do segundo período do treinador pelo clube, mas era análoga: ele não tinha o elenco que queria. Não gostava de Viola nem de Chris nem de Pimentel. Considerava que o lateral Júnior era limitado. Mesmo assim, foi vice-campeão brasileiro (foto - em 2010, o Palmeiras foi o terceiro colocado na Sul-americana).

Em 1998, a Parmalat ajudou Scolari a trazer reforços importantes, como Arce, Paulo Nunes e Oséas, que se firmaram rapidamente como titulares. No entanto, o que ninguém lembra é das opções alternativas de jogo - das peças de reposição com menos destaque, mas que podiam mudar características do time ao longo das partidas e dos campeonatos.

Os rodados Almir e Darci, além do promissor Arílson foram contratados sem tanta pompa, mas se tornaram fundamentais na conquista da Copa do Brasil e da Mercosul daquele ano. Enquanto Paulo Nunes era mais um segundo atacante, Almir tinha características de ponta driblador. Quando Zinho não estava bem ou se cansava, Darci mantinha a qualidade no passe, acrescentando bons chutes de fora da área. Arílson, como um meia-atacante, cadenciava menos a bola do que Alex, porém, era incisivo rumo à área adversária.

Foi isso que Felipão fez no começo deste ano: deu ao Palmeiras mais opções, com a possibilidade de mudar as peças de acordo com o adversário, sem mexer na estrutura do esquema tático e sem gastar quantias absurdas.

No setor defensivo do meio de campo, temos várias opções. Os titulares são Márcio Araújo e Marcos Assunção, mas se o jogo for mais pegado ou o adversário tiver bons cabeceadores, o técnico coloca Chico, mais viril (como contra Uberaba e Bragantino). Se é necessária uma saída de bola mais rápida, João Vitor tem essa característica e chuta bem de fora da área. No ataque, Kleber é intocável, mas Luan (para um jogo físico mais forte), Max Santos (para abrir caminhos com dribles na linha de fundo) e Adriano Michael Jackson (segundo atacante mais veloz) são opções.

E como esses jogadores que dão novas opções de jogo não são badalados, entram com uma vontade muito grande.

(Max Santos e João Vitor)

Aliado a esse fator, Scolari resolveu o problema da zaga com as contratações de Thiago Heleno e Cicinho, e com insistências nos treinamentos com Gabriel Silva e Rivaldo (assim como fez com Júnior em 97/98).

Eis os trunfos de Felipão: um time consistente defensivamente (seis gols sofridos em 18 jogos no Paulistão), com opções variadas no meio campo, alternando jogadas e jogadores, e com atletas motivados.

No entanto, o trunfo maior são os jogadores-alternativas, que abrem um leque de possibilidades de jogo e tendem a melhorar tecnicamente, ainda mais com as chegadas de Wellington Paulistelroy e Maikon Leite (em junho).

Como disse Felipão em sua volta ao Palestras, finalmente parece que vamos ser felizes novamente.

Eis o meu time base para o restante da temporada (opções entre aspas - mudando para o 4-3-3):

Marcos (Deola), Cicinho, Danilo (Maurício Ramos) Thiago Heleno e Gabriel Silva (Rivaldo); Márcio Araújo (Pierre),  Marcos Assunção, Patrick (Maikon Leite) e Valdivia; Kleber e Wellington Paulista.

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Metalinguagem: minha ideia era escrever este post no início do ano, assim como fiz em 2010. Fui deixando para depois e tirei-o da gaveta apenas agora, mas ainda a tempo.