Primeira parte do curta "Di-Glauber"
Acabo de assistir a um filme que há muito tinha baixado em meu computador: "Glauber - Labirinto do Brasil", um documentário sobre a vida artística explosiva de Glauber Rocha, um dos mais consagrados cineastas mundiais.
Creio que só assisti a dois filmes do dito cujo: Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe. Apesar de instigantes, os dois são muito densos, difíceis, metafóricos. É necessário pensar e discutir muito para chegar a alguma conclusão sobre as obras (coisa que não estamos acostumados a fazer com os filmes comerciais, diga-se de passagem).
Mas o que me chamou atenção na vida do cara foi uma certa magalomania que permeia todas as fases de sua história. Às vezes parece bom, porque Glauber tinha tanta certeza de estar fazendo a coisa certa em suas atitudes, em seus projetos, que acabava convencendo todos a sua volta de que determinada empreitada era realmente muito grandiosa.
Por outro lado, idéias estapafúrdias lotadas de concertezismo também tiveram ressonância na cabeça do cineasta, um artista que se dizia revolucionário, mas que chegou a acreditar que o governo do general Figueiredo, no final da ditadura militar, caminhava para o socialismo.
Mesmo com pensamentos contraditórios e megalomaníacos, Glauber me cutucou. De tanto se afirmar, ele te faz pensar se você realmente está fazendo algo que gosta e que acredita ser importante. É como se ele dissesse: fiz um filme revolucionário com 24 anos de idade, e você? O que você vai fazer para concretizar o que você acredita?

Espero relatar mais detalhes de tais planos em breve, mas para isso, é preciso pensar muito, além de estudar em dobro.
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Metalinguagem: post relâmpago, escrito em 5 minutos. O filme Di-Glauber foi feito no enterro do artista plástico Di Cavalcanti e ganhou prêmios internacionais de cinema, mas sua exibição foi proibida pela família do pintor.