Mercy Zidane: maio 2010

sábado, 29 de maio de 2010

Simples, como fazer um gol de pênalti

Meu primeiro e único ídolo se tornou meu primeiro e único ídolo por causa de um pênalti.

Final do Paulista de 93. Uma torcida esparava 16 anos para soltar o grito de campeão. Palmeiras e Corinthians, os dois maiores rivais, se enfrantavam no Morumbi. Bastava um empate na prorrogação para o sonho se concretizar.

Pênalti.

Ele pega a bola, conversa com C. Sampaio, coloca-a na cal.

Toma distância ultrapassando o meio círculo. Passa a mão no rosto. Corre para a bola "trotando", de seu jeito característico. Bate, de chapa, rasteiro, entre a trave e o meio do gol, sereno, tranquilo, como se já soubesse que, independentemente do canto que escolhesse, o goleiro (Wilson, que substituía o expulso Ronaldo) pularia para o outro lado. Gol. Obviamente gol.

E aí foi um dia inesquecível. Meu pai comprou uma bandeira do Palmeiras, desfilamos orgulhosos pela cidade, gritando o tão esperado (não para mim, porque eu tinha apenas sete anos) "é campeão". Tudo aquilo graças a Evair, o matador, camisa 9.

Hoje em dia, o Palmeiras provavelmente tem o pior desempenho em cobranças de pênalti de um time de futebol profissional. Os jornais esportivos da semana alardeavam as sete cobranças desperdiçadas em nove possíveis.

Perguntado pela reportagem do Lance! sobre isso, o matador deu a letra:

"Pênalti é confiança. O cobrador tem que ter bastante confiança".

Simples. Às vezes é difícil ser simples.
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Metalinguagem: a charge genial é de Fernando Henrique da Silva Sanches.