Mercy Zidane: maio 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

Futezinho na escola


Futebol e infância, para mim, são assuntos extremamente ligados.


Logo que nasci, já me tornei palmeirense, principalmente por imposição do meu avô. Com 6 anos, lembro de meu pai me acordando tarde da noite para me presentear com um uniforme do Palestra. (Na foto à esquerda, eu tinha uns 8 anos e já era possível observar meu fanatismo pelo time de Parque Antártica).

Mas os primeiros contatos físicos mais efetivos e marcantes com o futebol, sem dúvida, ocorreram na escola. A aula de Educação Física era, de longe, a mais esperada da semana. A gente se matava, ou melhor, se ralava em quadra e comemorava os gols como os nossos ídolos, pensando, um dia, em jogar nos times de nossos corações.

Na minha escola, as aulas de Educação Física eram escassas, o que nos obrigava a jogar "bola" durante o recreio, com latinhas de alumínio, pedaços de papel, lixo... qualquer coisa.

As vitórias, mesmo que em pequeno número, durante os campeonatos intersalas, estão guardadas na minha memória como se fossem finais de Copa do Mundo. Lembro-me até hoje de um gol antológico que fiz no campeonato na 4a série. Um tubaço do meio da rua, na gaveta.

Mas fiz toda essa introdução, para dizer que maioria dos elementos citados acima (com exceção da parte do Palmeiras) está brilhantemente expressa na música "Futezinho na Escola", do grupo Pequeno Cidadão (formado por Arnaldo Antunes, Antonio Pinto, Edgar Scandurra e Taciana Barros - só com composições para crianças). Ouça abaixo!


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Metalinguagem: tem várias outras músicas dessa banda que são muito boas. Vale a pena conferir o www.myspace.com/pequenocidadao.

sábado, 16 de maio de 2009

Politicagem - parte 2 - Audiência Pública


Nessa minha nova vida de repórter pelas bandas do Alto Tietê, pude perceber que existe muita politicagem, como eu já disse neste espaço. Em termos de política institucional, meu empirismo mostra que todas as decisões são tomadas de cima para baixo, tanto no poder Legislativo, quanto no Executivo. É a tal democracia representativa, que poderia muito bem ser chamada de "não-representativa" ou "democracia do interresse dos poderosos".


Pois bem, mas é sempre necessário que haja uma aparente igualdade, mostrando que todos têm direito a opinar. Para isso, além das eleições, inventaram o artifício da audiência pública.

Há cerca de um mês e meio, compareci a uma audiência pública ocorrida numa das 10 cidades da região. O motivo era "discutir melhor" um projeto de lei enviado à Câmara pelo Executivo (não divulgarei do que se trata o projeto para não dar muita bandeira).

Tá certo. A audiência começa. Blá blá blá político de um lado, exposição oficial de slides de outro, explicações sobre prazos, taxas... e quando já está chegando a hora de terminar a reunião, as perguntas da platéia (que lotava a sede da Câmara, diga-se de passagem) são liberadas.

Passam-se alguns segundos até que o primeiro indivíduo tome coragem e faça sua pergunta, que se focou em algo pontual... não acrescentando muito ao debate. Em seguida,uma senhora resolveu afrontar os nobres políticos, mas foi prontamente "cortada". Ela tentou argumentar três vezes, mostrando o lado ruim do projeto de lei, e recebeu respostas secas como "não podemos fazer nada".

Na sequencia, um senhor pediu indenização para quem tivesse prejuízo com a lei. Recebeu um "vamos estudar o caso" como resposta.

O horário do almoço foi chegando e os políticos encerraram a reunião.

Resumo da ópera: para que serviu a audiência pública? Apenas para endossar a ideia de que o projeto foi aprovado com participação popular.

Mas as cartas já estava marcadas.
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Metalinguagem: foto meramente ilustrativa. O post se parece com o anterior no sentido de partir de um exemplo prático.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eles não suicidarão felizes e contentes

Na última semana eu assisti a dois filmes documentários na sequencia, um em cada dia.

O primeiro foi "A Revolução não será Televisionada", de Kim Bartley e Donnacha O'Briain, sobre o golpe de Estado que deu certo apenas por uma dia, na Venezuela de Hugo Chávez.

O segundo foi "Salvador Allende", de Patricio Guzmán, sobre a vitória eleitoral e posterior queda do líder chileno.

Independentemente de serem ou não revolucionários, os governos abordados se indentificavam mais com as camadas populares e sustentavam alguns ideais de esquerda. Depois de contemplar as duas películas, a questão da tomada do poder e a necessidade das armas para tal processo me veio à cabeça.

Na Venezuela, os grandes empresários elaboraram um plano maquiavélico para derrubar Chávez. Conseguiram. Mas se esqueceram de que Hugo é milico e tinha muita influência no exército. Com as armas sob seu comando, o líder conseguiu retornar ao poder.


Já Allende, apesar de admirar lutas armadas, pensava que deveria haver uma "revolução pacífica" no Chile. Ele chegou à presidência por vias eleitorais e tentou realizar a reforma agrária, a distribuição de riqueza, etc, sem possuir uma base armada popular que o mantivesse. Resultado: suicidou após perceber que um golpe era iminente.

O embaixador dos Estados Unidos no Chile à época falou uma frase muito interessante no documentário. Foi mais ou menos assim: "Allende pensou que a burguesia suicidaria feliz e contente ao ver seu espaço diminuir na sociedade. Óbvio que não fizeram isso. Usaram suas armas para manter seus poderes".

A burguesia prega o pacifismo, mas quando a apertam, ela subverte as próprias regras que criou, sempre visando o benefício próprio. Se não usarmos as armas, ela as usará. Sem um exército que se preze, nenhuma revolução que realmente queira mudar alguma coisa vai ocorrer.

Mas penso que essa revolução não deve ser feita por meia dúzia de pessoas que lutam "em nome do povo" e não são parte ou conseguem se integrar a esse povo. E uma coisa que admirei no Allende foi o seu poder de persuasão sobre as pessoas com relação à necessidade de se mudar o sistema.
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Metalinguagem: ainda quero estudar mais sobre isso, minha base teórica é muito rala... mas documentários não deixam de ser uma forma de estudo.